RETRATOS DO LICEU
“A máquina fotográfica é um
espelho dotado de memória, porém incapaz de pensar”(Arnold Newman).
A tecnologia muitas vezes desvia
a atenção dos nossos alunos, tornando-se um obstáculo ao processo de
ensino-aprendizagem. O projeto “Retratos do Liceu: uma vivência da arte da
fotografia no cotidiano escolar”, coordenado pelas professoras de Arte Elma
Ferreira e Ellen Viana, do Liceu Maranhense, vem em bom tempo colocar a
tecnologia a serviço da educação.
Aquilo que antes era um problema
– o uso de celulares e smartphones pelos alunos em sala de aula – agora passa a
ser uma importante ferramenta a serviço do desenvolvimento de competências e
habilidades dos estudantes. E o melhor: fomentando a criatividade dos jovens,
que é algo de suma importância na educação e no mercado de trabalho que eles
irão enfrentar ao concluírem seus estudos no Ensino Médio.
O projeto, que envolve alunos do
2º e do 3º anos do Ensino Médio, está estruturado com base nas experiências
dessas mesmas pessoas em fotografar a si mesmas – as chamadas selfies. Elas
exprimem a identidade dos educandos somada aos conhecimentos adquiridos em sala
de aula. O projeto faz um passeio desde a origem da fotografia até as
contribuições de diversos estudiosos e a análise de fotos que marcaram a
história.
Um aspecto importante do projeto
é que ele propicia compreender a fotografia como uma expressão artística de
leitura das sociedades sob vários ângulos, figurando como uma ferramenta
indispensável para o resgate histórico e a preservação da identidade coletiva e
de cada estudante. Outra característica interessante nesse projeto, tanto para
os alunos quanto para o público que irá visitá-lo, é que ele tenta superar a
banalização da foto, possibilitando que se selecione e se reflita sobre fotos e
vídeos antes de postá-los nas redes sociais, evitando o gesto automatizado de
compartilhar coisas acriticamente.
O gostoso de se aprender dessa
forma é que a fotografia é algo lúdico, de forma que, como se diz popularmente,
estamos “unindo o útil ao agradável”. O ensino tradicional é às vezes tão
maçante, e a tecnologia, ao ser banida das salas de aula, torna-se uma
concorrente desleal com os educadores. Não adianta mais proibir aos estudantes
o uso desses aparelhos, embora isso seja algo relativo. Mas o fato é que,
quando o educador consegue perceber que a fotografia está inserida nos
conteúdos e desperta essa curiosidade no aluno, a prática pedagógica se torna
muito mais agradável.
Entre os objetivos específicos do
projeto, podemos destacar o de propiciar ao aluno o conhecimento das técnicas
fotográficas em voga em diversas épocas e contextualizar as fotos históricas
selecionadas com a realidade dos alunos envolvidos. Trata-se, portanto, de um
projeto que não se restringe somente ao caráter artístico da fotografia: ele é
interdisciplinar, pois constitui uma mescla da técnica fotográfica com
conhecimentos históricos, éticos e estéticos que essa arte comporta.
Como bem mencionamos, o
smartphone, assim como qualquer outra tecnologia moderna, é apenas reflexo de
toda essa gama de conhecimentos e de interação já mencionados, possibilitando
aos jovens, entre outras coisas, se autoconhecerem.
A culminância do projeto
acontecerá no dia 14 de novembro corrente, a 15:30h no Campus da UFMA, no
laboratório de fotografia do Curso de Comunicação Social, com o qual a escola
estabeleceu uma parceria.
Que outras escolas possam se
espelhar em projetos como esse! Que as universidades se mantenham sempre
abertas e se aproximem dos professores e estudantes de Ensino Médio! E que a
comunidade possa apreciar e prestigiar esse evento. Parabéns a todos os
envolvidos! Parabéns, Liceu Maranhense!
Adriano Pinheiro
Professor de História
Publicado no Jornal Pequeno no
dia 14 – 11 - 17
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