FORMAÇÃO INICIAL DE
PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
AS POSSIBILIDADES FORA DA SALA DE AULA
Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde (Professora UFMA
-Parfor )
Jossilene Louzeiro Alves (Professora UFMA -Parfor )
jossilenel@bol.com.br
Formação Inicial e Continuada de
Professores
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos do séc. XX e no
início deste século a formação do professor (a), vem sendo amplamente discutida
nas instituições
escolares e acadêmicas, visto ser um fenômeno essencial para a qualidade do ensino.
A
legislação atual aponta princípios norteadores e diretrizes para as políticas
de formação de professores, sua organização em tempo e espaço distintos, que
irão se confrontar a com a estruturação dos cursos, no entanto, o que não
sabemos claramente é como atuam esses professores/formadores mediante a prática
de formação dos alunos/professores.
A
partir da disciplina Patrimônio e História, surgiu-se a necessidade de inserir
os alunos buscar novos conhecimentos no museu de Arqueologia e Paleontologia,
sobre a questão Indígena dentro de ensino de História.
Os
museus têm por objetivo conservar, restaurar e expor objetos e espaços sociais
que foram organizados dentro de uma determinada sociedade. No Brasil, os Museus
Históricos e Artísticos se inspiraram no modelo europeu, consequentemente, suas
ideias envolvem uma determinada reiteração de interpretações pré-estabelecidas
e que arbitram um entendimento de legitimação do poder.
Por fim, cabe
lembrar que o museu é espaço democrático e de construção de conhecimento. No
entanto, o seu surgimento é atrelado, segundo Canclini (1997), ao
patrimônio, sede cerimonial, o lugar onde é guardada uma história, onde se
reproduz uma sociedade em que os grupos hegemônicos se organizaram, e
vivenciaram uma determinada época, sobretudo passível de reinterpretações.
Para o ensino de História nos dias atuais, é uma ferramenta importantíssima,
que proporciona visibilidade ao saber histórico, e a possibilidade de
valorização da diversidade cultural no contexto escolar, com um pluralismo que
dialogue com as novas linguagens contemporâneas.
Assim, entendemos que
essa experiência pedagógica se insere nas práticas docentes relacionadas à
diversidade cultural e, nesse sentido, constitui um aspecto importante no
processo de ensino-aprendizagem no âmbito da História. Segundo os PCNs o ensino
de História na escola tem a possibilidade de trabalhar a questão da diversidade
cultural e das novas linguagens. Uma pesquisa de campo dessa natureza
concretiza essa possibilidade de forma que os alunos compreendam que o tema
tratado está entrelaçado também com o contexto histórico. (BRASIL, 1999, p.
14).
Segundo o Estatuto do
Comitê, Conselho Internacional de Museus (ICOM), artigo 6º,
o museu é definido como “uma instituição permanente, sem finalidade lucrativa,
a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, é uma instituição aberta ao
público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe evidências materiais
do homem e de seu ambiente, para fins de pesquisa, educação e lazer.” (CONSELHO
INTERNACIONAL DE MUSEUS, 1995, p. 31).
2-DESEVOLVIMENTO/METODOLOGIA
Problematizar as relações
entre História e Patrimônio cultural, estimulando a reflexão acerca dos
processos de constituição de “lugares de memórias”, de modo a criar condições
para a elaboração de projetos vinculada à preservação do patrimônio cultural. Criar
condições para que os futuros profissionais de História possam desenvolver, em
instituições voltadas para a preservação do patrimônio cultural, ações
envolvendo identificação, levantamento, estudo, organização e/ou a preservação
difusão de bens materiais e/ou imateriais. O Museu de Arqueologia e
Paleontologia, localizada no Centro Histórico de São Luís, no estado do
Maranhão, tem como objetivo o estudo , a valorização e preservação do acervo
patrimonial maranhense, especificamente os recursos e bens arqueológicos,
paleontológicos e a cultura material e tradições dos povos indígenas no
maranhão.
Para melhor resultado do
referido projeto, planejamos uma aula de campo, e visitas as instituições de
preservação de patrimônio cultural na cidade de São Luís, onde os alunos
visitaram o museu de Arqueologia e Paleontologia, os alunos organizara algumas
perguntas orientadas por nos como: Qual a relação entre a história das culturas
indígenas e europeias no referido Museu? E qual a concepção sobre as culturas
indígenas? Como estão dispostas as peças do referido museu? Como trabalhar o
ensino de História e o museu de paleontologia e Arqueologia? Como poderia
utilizar as referências estruturais e organização material para a construção do
Museu itinerante de Grajaú e indígena?
Esses questionamentos
serviram como pontapé inicial para tentarmos a responder durante a pesquisa do
referido museu com todo o apoio do guia.
Nessa perspectiva, a relação entre museu, escola e História parte da
concepção de que se faz necessário que a investigação, a restauração e a
reconstrução da História e da cultura “guardada” no mesmo, não tenham por
finalidade central, de acordo com Canclini (1997), almejar a autencidade ou
restabelecê-la, mas reconstruir a verossimilhança histórica e estabelecer bases
comuns para uma reelaboração, de acordo com as necessidades do presente.
Pimenta (1999), ao tratar
da formação de professores para a constituição da prática pedagógica enfatiza
que se faz necessário pensar a formação dos professores, a partir da
reelaboração constante dos saberes que realizam em sua prática, confrontando
suas experiências nos contextos escolares, como espaço de trabalho e formação
constante que analisa a prática educativa como um triplo movimento sugerido por
Schön (1992), a saber: da reflexão na ação, da reflexão sobre a ação e da
reflexão sobre a reflexão na ação, à medida que o professor se compreende como
profissional autônomo.
3-RESULTADOS
A História local pode, assim, ocupar
lugar privilegiado em propostas curriculares que associem o cotidiano, a
diversidade cultural e as novas linguagens no ensino de História, despertando
nos alunos reflexões sobre a diversidade em perspectiva histórica. Essa
perspectiva potencializa a contribuição docente na formação de cidadãos críticos
de sua realidade social e política, como mediadores da construção de uma
consciência histórica. Percebemos
nas respostas dos aluno(a)s e na prática pedagógica aqui apresentada questões
relevantes sobre os elementos que organizam a base da subjetividade e da
experiência do aluno, forma de construir a identidade social na dimensão
histórica a partir do conhecimento do papel do indivíduo como sujeito
histórico, produtor do conhecimento e protagonista. Reconhece-se, assim, a
importância do patrimônio cultural como aspecto fundamental para a análise e
reflexão sobre a pluralidade cultural brasileira e maranhense, nas matrizes
nacional, regional e local.
Dessa forma, mediar o
senso crítico, o pensamento de observação e de pesquisa, a imaginação, a
capacidade de relacionar e classificar, a leitura e a análise de textos e de
imagens (novas linguagens) são procedimentos que contribuem para a aprendizagem
extracurricular e, sobretudo, para a construção da consciência histórica.
Segundo o aluno indígena
Guajajara Antonio Bento “através dessa visita tivemos o privilégio de perceber
a importância da Arqueologia e da Paleontologia para entendermos esse processo
de desenvolvimento da história dos povos indígenas e através dessa aprendizagem
podemos repassar aos nossos alunos, um novo olhar sobre o ensino de História
nos dias atuais e uma nova dinâmica de aprendizagem através das vias
tecnológicas oferecidas”.
REFERÊNCIAS
BESSET,
Maurice. Obras, espacios, miradas. El museo en la historia del arte
contemporáneo, in A&V-Monografías de Arquitectura y Vivienda, Madrid,
1993
BITTENCOURT,Circe..
História representanda: o dilema dos museus. Rio de Janeiro : Museu
Histórico Nacional,2003.
CANCLINI, N. G. Culturas Híbridas - estratégias para entrar e sair da modernidade.
São Paulo: EDUSP, 1997
NETO, João Paulo Vieira, e
PEREIRA, Eliete: povos indígenas no Brasil, Museus e Memórias: Questões
emergentes. São Paulo, 2017.
Parâmetros
curriculares nacionais: introdução
aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.
PIMENTA, Selma Garrido. Saberes
pedagógicos e atividades docentes. São Paulo: Cortez Editora, 1999.
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