sábado, 27 de abril de 2019

FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL AS POSSIBILIDADES FORA DA SALA DE AULA


FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES PARA A EDUCAÇÃO PATRIMONIAL
AS POSSIBILIDADES FORA DA SALA DE AULA

Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde (Professora UFMA -Parfor )
Jossilene Louzeiro Alves (Professora UFMA -Parfor )
jossilenel@bol.com.br
Formação Inicial e Continuada de Professores


1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos do séc. XX e no início deste século a formação do professor (a), vem sendo amplamente discutida nas instituições escolares e acadêmicas, visto ser um fenômeno essencial para a qualidade do ensino.
A legislação atual aponta princípios norteadores e diretrizes para as políticas de formação de professores, sua organização em tempo e espaço distintos, que irão se confrontar a com a estruturação dos cursos, no entanto, o que não sabemos claramente é como atuam esses professores/formadores mediante a prática de formação dos alunos/professores.
A partir da disciplina Patrimônio e História, surgiu-se a necessidade de inserir os alunos buscar novos conhecimentos no museu de Arqueologia e Paleontologia, sobre a questão Indígena dentro de ensino de História.
Os museus têm por objetivo conservar, restaurar e expor objetos e espaços sociais que foram organizados dentro de uma determinada sociedade. No Brasil, os Museus Históricos e Artísticos se inspiraram no modelo europeu, consequentemente, suas ideias envolvem uma determinada reiteração de interpretações pré-estabelecidas e que arbitram um entendimento de legitimação do poder.
Por fim, cabe lembrar que o museu é espaço democrático e de construção de conhecimento. No entanto, o seu surgimento é atrelado, segundo Canclini (1997), ao patrimônio, sede cerimonial, o lugar onde é guardada uma história, onde se reproduz uma sociedade em que os grupos hegemônicos se organizaram, e vivenciaram uma determinada época, sobretudo passível de reinterpretações. Para o ensino de História nos dias atuais, é uma ferramenta importantíssima, que proporciona visibilidade ao saber histórico, e a possibilidade de valorização da diversidade cultural no contexto escolar, com um pluralismo que dialogue com as novas linguagens contemporâneas.
Assim, entendemos que essa experiência pedagógica se insere nas práticas docentes relacionadas à diversidade cultural e, nesse sentido, constitui um aspecto importante no processo de ensino-aprendizagem no âmbito da História. Segundo os PCNs o ensino de História na escola tem a possibilidade de trabalhar a questão da diversidade cultural e das novas linguagens. Uma pesquisa de campo dessa natureza concretiza essa possibilidade de forma que os alunos compreendam que o tema tratado está entrelaçado também com o contexto histórico. (BRASIL, 1999, p. 14).
Segundo o Estatuto do Comitê, Conselho Internacional de Museus (ICOM), artigo 6º, o museu é definido como “uma instituição permanente, sem finalidade lucrativa, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, é uma instituição aberta ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe evidências materiais do homem e de seu ambiente, para fins de pesquisa, educação e lazer.” (CONSELHO INTERNACIONAL DE MUSEUS, 1995, p. 31).
2-DESEVOLVIMENTO/METODOLOGIA
Problematizar as relações entre História e Patrimônio cultural, estimulando a reflexão acerca dos processos de constituição de “lugares de memórias”, de modo a criar condições para a elaboração de projetos vinculada à preservação do patrimônio cultural. Criar condições para que os futuros profissionais de História possam desenvolver, em instituições voltadas para a preservação do patrimônio cultural, ações envolvendo identificação, levantamento, estudo, organização e/ou a preservação difusão de bens materiais e/ou imateriais. O Museu de Arqueologia e Paleontologia, localizada no Centro Histórico de São Luís, no estado do Maranhão, tem como objetivo o estudo , a valorização e preservação do acervo patrimonial maranhense, especificamente os recursos e bens arqueológicos, paleontológicos e a cultura material e tradições dos povos indígenas no maranhão.
Para melhor resultado do referido projeto, planejamos uma aula de campo, e visitas as instituições de preservação de patrimônio cultural na cidade de São Luís, onde os alunos visitaram o museu de Arqueologia e Paleontologia, os alunos organizara algumas perguntas orientadas por nos como: Qual a relação entre a história das culturas indígenas e europeias no referido Museu? E qual a concepção sobre as culturas indígenas? Como estão dispostas as peças do referido museu? Como trabalhar o ensino de História e o museu de paleontologia e Arqueologia? Como poderia utilizar as referências estruturais e organização material para a construção do Museu itinerante de Grajaú e indígena?
Esses questionamentos serviram como pontapé inicial para tentarmos a responder durante a pesquisa do referido museu com todo o apoio do guia.  Nessa perspectiva, a relação entre museu, escola e História parte da concepção de que se faz necessário que a investigação, a restauração e a reconstrução da História e da cultura “guardada” no mesmo, não tenham por finalidade central, de acordo com Canclini (1997), almejar a autencidade ou restabelecê-la, mas reconstruir a verossimilhança histórica e estabelecer bases comuns para uma reelaboração, de acordo com as necessidades do presente.
Pimenta (1999), ao tratar da formação de professores para a constituição da prática pedagógica enfatiza que se faz necessário pensar a formação dos professores, a partir da reelaboração constante dos saberes que realizam em sua prática, confrontando suas experiências nos contextos escolares, como espaço de trabalho e formação constante que analisa a prática educativa como um triplo movimento sugerido por Schön (1992), a saber: da reflexão na ação, da reflexão sobre a ação e da reflexão sobre a reflexão na ação, à medida que o professor se compreende como profissional autônomo.
3-RESULTADOS
A História local pode, assim, ocupar lugar privilegiado em propostas curriculares que associem o cotidiano, a diversidade cultural e as novas linguagens no ensino de História, despertando nos alunos reflexões sobre a diversidade em perspectiva histórica. Essa perspectiva potencializa a contribuição docente na formação de cidadãos críticos de sua realidade social e política, como mediadores da construção de uma consciência histórica. Percebemos nas respostas dos aluno(a)s e na prática pedagógica aqui apresentada questões relevantes sobre os elementos que organizam a base da subjetividade e da experiência do aluno, forma de construir a identidade social na dimensão histórica a partir do conhecimento do papel do indivíduo como sujeito histórico, produtor do conhecimento e protagonista. Reconhece-se, assim, a importância do patrimônio cultural como aspecto fundamental para a análise e reflexão sobre a pluralidade cultural brasileira e maranhense, nas matrizes nacional, regional e local.
Dessa forma, mediar o senso crítico, o pensamento de observação e de pesquisa, a imaginação, a capacidade de relacionar e classificar, a leitura e a análise de textos e de imagens (novas linguagens) são procedimentos que contribuem para a aprendizagem extracurricular e, sobretudo, para a construção da consciência histórica.
Segundo o aluno indígena Guajajara Antonio Bento “através dessa visita tivemos o privilégio de perceber a importância da Arqueologia e da Paleontologia para entendermos esse processo de desenvolvimento da história dos povos indígenas e através dessa aprendizagem podemos repassar aos nossos alunos, um novo olhar sobre o ensino de História nos dias atuais e uma nova dinâmica de aprendizagem através das vias tecnológicas oferecidas”.
REFERÊNCIAS
BESSET, Maurice. Obras, espacios, miradas. El museo en la historia del arte contemporáneo, in A&V-Monografías de Arquitectura y Vivienda, Madrid, 1993
BITTENCOURT,Circe.. História representanda: o dilema dos museus. Rio de Janeiro : Museu Histórico Nacional,2003.
CANCLINI, N. G. Culturas Híbridas - estratégias para entrar e sair da modernidade. São Paulo: EDUSP, 1997
NETO, João Paulo Vieira, e PEREIRA, Eliete: povos indígenas no Brasil, Museus e Memórias: Questões emergentes. São Paulo, 2017.

Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.

PIMENTA, Selma Garrido. Saberes pedagógicos e atividades docentes. São Paulo: Cortez Editora, 1999.




quinta-feira, 25 de abril de 2019

ENSINO DE HISTÓRIA E O ESTATUTO INDÍGENA: entre limites e possibilidades na sala de aula

ENSINO DE HISTÓRIA E O MUSEU DE ARQUEOLOGIA E PALEONTOLOGIA – A QUESTÃO INDÍGENA E
AS POSSIBILIDADES FORA DA SALA DE AULA
Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde (Professora UFMA -Parfor )
Geci dos Santos(aluna Parfor-História)
Nara Almeida  dos Santos(aluna Parfor-História)
Joao Bento Ribeiro Filho (alunoParfor-História)
Diversidade étnico-racial de gênero e diversidade religiosa
 

1 INTRODUÇÃO

O Seminário Setenta anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948-2018) na Aldeia Arymy em Grajaú–MA reuniu alunos graduandos (jovens pesquisadores) do Curso de História da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) -  Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) a partir da disciplina História da Educação e dos Direitos Humanos, que tem como eixo central a necessidade de conscientizar os aluno(a)s para a tríade na academia: ensino, pesquisa e extensão, ou seja, levar para a sala de aula da educação básica como futuros professores à conscientização dos Direitos Humanos direcionado aos povos indígenas que tem como subsidio a Lei 11.645/2008, que completa dez (10) anos e altera a Lei 9.394/1996, modificada pela Lei 10.639/2003, e estabelece a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena”.

Segundo os PCN são: Situar as diversas produções da cultura – as linguagens, as artes, a filosofia, a religião, as ciências, as tecnologias e outras manifestações sociais – nos contextos históricos de sua constituição e significação, de outros momentos históricos e posicionar-se diante de fatos presentes a partir da interpretação de suas relações com o passado. (BRASIL, 1999, p. 28).

Sendo assim, foi promovido uma intervenção na aldeia Arymy no município de Grajaú –MA para melhor conhecer a realidade de vida e cultura local. Na oportunidade, algumas lideranças contribuíram com diálogos durante a apresentação, tais como: a cacica Lucilene Lopes Guajajara e Ivan Lopes Guajajara liderança indígena, D.Custódia  da Pastoral da Terra e alunos graduandos do curso de História do Parfor/UFMA, além de representantes da SECUC () de Grajaú da educação indígena e da coordenadora do curso de Historia Parfor/UFMA Doutora Telma Bonifácio a coordenadora local do curso de História do Parfor/UFMA, Ma. Cristina Torres, o vereador local Arão Guajajara e a professora responsável pela disciplina Ma. Ana Paula Reinaldo Verde. Esse momento serviu como pontapé inicial para a comunidade local enfrentar desafios como o preconceito e a discriminação dentro e fora da aldeia e buscar legalmente melhorias na saúde, educação, condições de vida e igualdade social mediante os direitos conquistados ao longo dos anos.

Para tal intervenção nos alunos graduandos do curso de História do Parfor/UFMA, tomaram como objeto de investigação abordagens de temáticas presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos no bojo dos sujeitos vulneráveis: pessoas com necessidades especiais, mulheres, indígenas, crianças e adolescentes e idosos. Em especial aqui o Estatuto do Índio- Lei 6001/73.

2-DESEVOLVIMENTO

A partir da disciplina História da Educação e dos Direitos Humanos, surgiu a necessidade de conscientizar os povos indígenas sobre seus direitos que estão garantidos dentro do Estatuto do Índio e na convenção 169 da OIT.

Pimenta (1999), ao tratar da formação de professores para a constituição da prática pedagógica enfatiza que se faz necessário pensar a formação dos professores, a partir da reelaboração constante dos saberes que realizam em sua prática, confrontando suas experiências nos contextos escolares, como espaço de trabalho e formação constante que analisa a prática educativa como um triplo movimento sugerido por Schön (1992), a saber: da reflexão na ação, da reflexão sobre a ação e da reflexão sobre a reflexão na ação, à medida que o professor se compreende como profissional autônomo.

A OIT (Organização Internacional de Trabalho) veio assegurar ainda mais em termos de legislação internacional sobre os povos indígenas e tribais. O referido projeto foi apresentado na comunidade indígena Arymy com intuito de conscientizar os povos indígenas sobres seus direitos garantidos por lei. Com o objetivo de promover um diálogo de conscientização com os membros da comunidade, visando à melhoria de condições de vida, buscando o fortalecimento de seus direitos, liberdade de expressão e reconhecimento como cidadão social.

Para melhor resultado do referido projeto, utilizamos a metodologia pesquisa ação para promovermos a intervenção na comunidade indígena para melhor conhecer a realidade de vida e cultura local. A aldeia indígena Arymy, localizada na Terra Indígena Bacurizinho, município de Grajaú – Ma, tendo como liderança a cacica Lucilene Lopes Guajajara, possui um grupo de 50 famílias aproximadamente, embora todos não estivesse presentes no evento, no entanto, uma boa parte da comunidade nos prestigiou e obteve as informações repassadas. A referida aldeia mantém suas tradições e forma de organização política com a cacica, lideranças e liderados, onde todos lutam por uma educação de qualidade para todos, com acesso livre para melhor desenvolvimento da comunidade.

Os mesmos conversaram sobre a luta pela conquista desses direitos. Esse momento serviram como pontapé inicial para a comunidade local enfrentar desafios como o preconceito e a discriminação fora da aldeia e também para buscar melhorias na saúde, educação, melhores condições de vida e igualdade social mediante os direitos conquistados ao longo dos anos. Surge então a Lei nº 6001/73 que garantem aos indígenas o direito de praticar suas próprias culturas e integra – lós à comunhão nacional, reconhecendo seus direitos, bem como sua organização, suas crenças, educação e saúde. 

3- RESULTADOS

O projeto de intervenção, nos proporcionou a enfrentar obstáculos durante à acesso ao local da comunidade indígena da Aldeia Arymy, e com isso não nos desmotivou a realizar o projeto, mesmo com as dificuldades. Diante disso, conhecemos a cultura local, a realidade vivida e os desafios que essa comunidade enfrenta no dia-a-dia. Observamos também que os mesmos não tinham conhecimento das várias leis que os amparam legalmente, com nossa contribuição passaram a conhecer melhor a existência das mesmas e assim, ter amparo para ir atrás de seus direitos. Pudemos perceber que os indígenas presentes tinham o conhecimento de algumas leis, porém alguns dos mais jovens ainda não as conheciam, e se interessaram em aprender sobre essas leis que asseguram os direitos indígenas para que os mesmos vivam como qualquer outro cidadão comum.

Mencionamos ainda sobre a participação de lideranças indígenas em vários eventos importantes em busca de seus direitos e de melhorias de vida, principalmente na saúde e educação, que são fundamentais para uma boa sobrevivência. Podemos afirmar que obtivemos resultados que esperávamos, pois, ao interagir com a comunidade demonstraram interesse em conhecer ainda mais profundo essas leis e assim fortalecer a busca por seus direitos que muitas são negligenciadas. Foi um momento muito proveitoso, porque, apesar do cansaço, todos adquiriam conhecimento sobre o assunto, através da interação, vivência e de troca de conhecimentos.

A História local pode, assim, ocupar lugar privilegiado em propostas curriculares que associem o cotidiano e a diversidade cultural e as novas linguagens no ensino de História, despertando nos alunos reflexões sobre a diversidade em perspectiva histórica. Essa perspectiva potencializa a contribuição docente na formação de cidadãos críticos de sua realidade social e política, como mediadores da construção de uma consciência histórica.

REFERÊNCIAS

NETO, João Paulo Vieira, e PEREIRA, Eliete: povos indígenas no Brasil, Museus e Memórias: Questões emergentes. São Paulo, 2017.



Parâmetros curriculares nacionais: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997.



PIMENTA, Selma Garrido. Saberes pedagógicos e atividades docentes. São Paulo: Cortez Editora, 1999.



ESTATUTO DO INDIO LEI Nº 6001/73;



ORGANIZAÇAO INTERNACIONAL DE TRABALHO (OIT) E A CONVENÇÃO 169 DE 1989;




O Projeto Quilombo: uma forma de resistência negra

O Projeto Quilombo foi pensado em 2014 por três professoras do Liceu Maranhense, sendo duas professoras da disciplina História, a profess...