domingo, 13 de agosto de 2017

O blog “Construindo História” e sua relação com a História do Maranhão



O Blog como ferramenta de ensino aprendizagem virtual


A sociedade no século XXI tem vivenciado grande avanço das Tecnologias da informação e comunicação (TICs), visto que as crianças e os jovens são os mais fascinados por essa tecnologia, pois sabem operar computadores melhor do que muitos adultos. Assim, observamos que estamos rodeados de tecnologias e seus usos e recursos tecnológicos devem servir como uma ferramenta que venha nos ajudar a resolver as questões do cotidiano, potencializando possibilidades de comunicação e informação e alterando as relações entre as pessoas.
Assim, é necessário que haja uma educação relacionada com a cidadania e intermediada por tecnologias. As pessoas agem a partir de trocas culturais, modificam a si mesmas, aos outros e a natureza, interagem o tempo todo.
A utilização dos meios tecnológicos na escola tem um papel significativo no processo ensino-aprendizagem, ajudando a criar ambientes descentralizados, tornando o aluno construtor de conhecimento. A Internet possibilita que sejamos não apenas expectadores, mas doravante autores. Essa forma inovadora de comunicação interliga milhões de pessoas de forma instantânea e possibilita a troca de informações, de forma rápida e conveniente.
Prennsky (2001), escritor estadunidense e pesquisador da educação, cria os termos “nativos digitais” e “imigrantes digitais” para apreender a relação entre jovens e adultos a partir do surgimento da internet. Nativos digitais são aquelas pessoas que já nasceram imersas nas novas tecnologias e que possuem bastante fluência na linguagem digital, seja no uso do computador, da internet, e das mídias digitais; já os imigrantes digitais são aquelas pessoas que estão aprendendo a lidar com essas ferramentas virtuais, como os professores em sua maioria. São esses sujeitos que podemos presenciar na escola.
As novas tecnologias e uso da internet no contexto escolar permite trazer os conteúdos de forma mais ágil e devolvê-los de novo ao cotidiano, possibilitando a interação entre alunos e professores.
Sendo assim, os blogs surgem no campo educativo como uma ferramenta pedagógica virtual, promovendo grupos de discussões interativos, em que o diálogo é apresentado por meio de hipertexto, diários de bordo, portfólios, dentre outras possibilidades, de acordo com a temática.
No campo escolar, pensado aqui como espaço de valorização da diversidade cultural e das novas linguagens, a internet é um recurso pedagógico primordial, direcionado principalmente a pesquisa, mas também ferramenta de construção de conhecimento, quando empregada com a finalidade de trocar informações eletrônicas por meio de chats, blogs, fóruns de discussões, Messenger, e-mails, Facebook, ou seja, pode proporcionar ao aluno certa autonomia em relação ao conhecimento que constrói, e também divulga.
Segundo Tajra (2000, p. 48):

[...] apesar de estar em grande expansão na área empresarial, a maior parte dos serviços da Internet estão voltados para a área educacional, pois é um excelente canal de comunicação acessível, veloz e que traz muitos benefícios para a educação, tanto para o professor como para o aluno, pela facilidade das pesquisas e pela possibilidade de troca de experiência entre os mesmos.
A construção do blog Construindo HST nasceu particularmente da necessidade de relacionar o “mundo” vivenciado pelo aluno, a sociedade da informação, e o ensino de História. Uma vez que, na sociedade da informação, faz-se imprescindível o desenvolvimento de habilidades e competências para com as tecnologias da informação e comunicação, não apenas para a prática social, mas doravante para o mundo do trabalho.
O planejamento para o desenvolvimento dessa prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos os alunos do 2º ano do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, da turma 202 e ocorreu da seguinte maneira, e com os seguintes tópicos: conteúdo, metodologia, recurso e avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado ao 2º ano do ensino médio, foi: “A chegada dos portugueses em terras ameríndias”, e teve os seguintes objetivos: Analisar a chegada e as dificuldades dos lusitanos em terras ameríndias; relacionar e comparar as diferenças sociais, políticas, econômicas e religiosas entre as sociedades ameríndias e as sociedades europeias; e identificar e analisar modos de vida dos ameríndios. Uma das formas para avaliar o cumprimento de tais objetivos foi à análise dos comentários postados pelos alunos no blog.
Feito o planejamento, apresentei em sala de aula o blog, sendo que de forma ingênua ou querendo que os alunos fizessem parte também da administração do blog, acabei divulgando a senha de acesso ao mesmo, o que posteriormente me resultou em um primeiro contato com o crime virtual, ainda não muito conhecido à época, 2011. Essa experiência nada agradável suscitou uma reflexão sobre a prática como professora e, claro, também compõe o universo das experiências pedagógicas.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica, outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar, e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola, que tinha wi-fi livre, ou em casa.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica, outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar, e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola, que tinha wi-fi livre, ou em casa.
A carta de Pero Vaz de Caminha rendeu muitos comentários postados, revelando que aquele aluno que pouco participa em sala de aula, por motivos pessoais, como vergonha, ou uma cultura de ser apenas receptor de informação, pode se colocar como protagonista, dentro do ambiente virtual.
O importante é que o aluno e professor sejam estimulados a fazer parte de um espaço virtual de referência, que disponibilize o que é feito em sala de aula, equilibrando o melhor do presencial em sala de aula e o melhor do espaço virtual, gerenciando a aula, integrando o que é feito pelos alunos quando estão juntos e fazendo que o processo de aprendizagem continue quando eles não estão mais juntos, pois a internet auxilia, mas sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, ou seja, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais..., sem contar, é claro, o papel do professor. Sendo assim deixei em aberto a possibilidade de interação no blog poderiam postar os comentários de forma individual ou com seus pares.
Segundo Schmidt e Cainelli (2004), uma nova concepção de documento histórico implica a desconstrução de determinadas imagens canonizadas a respeito do passado, ajudando a tirar o aluno de sua passividade e reduzindo a distância de sua experiência e de seu mundo em relação a outros mundos e outras experiências descritas no discurso didático.
A luz desse documento, alguns alunos postaram que:
Em 1500, numa expedição liderada por Pedro Álvares Cabral os portugueses chegaram ao Brasil e logo se depararam com um povo de características diferentes das suas, que equivocadamente os denominaram índios, por apresentarem características semelhantes à população da Índia. (GLEYSON; TURMA 202/MAT., 2011). (Postagem 01).
Percebemos nessa postagem que houve uma atividade relacional, envolvendo o conteúdo curricular com o saber histórico. Propunha-se uma análise sobre a situação abordada pelo documento, relacionando-a com os personagens e sujeitos históricos representados: o objetivo era a construção de uma critica pelo próprio aluno e a sua aproximação com os contextos históricos abordados.
Os PCNs salientam que o aluno deve criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção, possibilidades potenciais do documento em questão. (BRASIL, 1999).
Cabe observar que a utilização do documento histórico em sala de aula, e o documento virtual, não “substitui” o professor, que tem papel mediador nesse processo de construção do conhecimento.
Outro comentário postado foi:
Pero Vaz de Caminha foi um escrivão responsável pela descrição do “achado” em terras brasileiras por meio de uma carta ai réu Dom Manuel. Em uma de suas colocações ele ressalva o estranho modo de nudez apresentado pelo povo apenas acompanhado por uma extraordinária pintura, além do interesse em troca seus arcos e setas por carapuças e outras coisas lhes dadas (Postagem 02. INGRID NAZÁRIO; TURMA 202/MAT., 2011).
Nesse contexto, nos PCNs pode-se ler que:
O ensino de História, em consonância com a diversidade cultural e o uso das novas linguagens, deve situar as diversas produções da cultura – as linguagens, as artes, a filosofia, a religião, as ciências, as tecnologias e outras manifestações sociais – nos contextos históricos de sua constituição e significação. (BRASIL, 1999, p. 75).
Percebemos na análise postada pela aluna que há certa ironia na palavra “achado”, o que remete à ideia de que quando aqui os portugueses desembarcaram já existia um grupo social, com suas características culturais, religiosas, econômicas..., e que houve um encontro de culturas distintas e, em decorrência, certo estranhamento em relação ao “outro”.
Outra postagem evidencia as relações sexuais entre portugueses e nativos, tratadas de forma irônica, mas que transparece certa compreensão do documento:
Em síntese Pero Vaz de Caminha não só percebe a fácil interação indígena com os desconhecidos, mas também a inocência que o povo tinha em mostrar o corpo descoberto como se fosse o próprio rosto. Ele só não disse se eles pegavam as indígenas... ha há ha, com certeza! (Postagem 03. TAYRO BARBOSA, TURMA 202/MAT., 2011).
Dessa maneira, para os PCNs:
Na história, vista com um processo, os acontecimentos sociais são resultantes de um conjunto de ações humanas interligadas, de duração variável, sucessivas e simultâneas, em vários espaços do convívio social, motivadas por desejos ou necessidades de mudança ou de resistência, pela busca de soluções de problemas, por disputas e confrontos entre agrupamentos de indivíduos, o que gera tensões, conflitos e rupturas e delineia os movimentos da transformação histórica. (BRASIL, 1999, p. 70).
Ou seja, percebem-se nessas postagens/ comentários postados que o aluno observou, no contexto da carta, as entrelinhas de um contato ingênuo dos nativos com os portugueses, e sua possível dominação, e que essa aproximação resultou em possíveis relações sexuais posteriores.
Dessa forma, o blog Construindo HST, ancorado no ensino de História e nas novas linguagens, possibilitou a atuação do aluno como sujeito histórico, proporcionando competências e valores necessários para fazer história, utilizando o conhecimento como mecanismo de intervenção social, proporcionando habilidades como pesquisar, compreender textos, ter autonomia digital e visão crítica.
O uso de documentos, associado à história local, proporciona ao aluno a sua inserção na comunidade da qual faz parte, criando sua própria historicidade e identidade, em uma articulação entre história local, nacional e universal.
Dessa forma, a partir do 2º segundo bimestre de 2011, utilizamos outro documento, gênero carta, como material didático para o blog. Trata-se da carta remetida por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, bem como de todas suas colônias, no período histórico conhecido como União Ibérica (1580-1640) ao governador do Brasil, Gaspar de Sousa, ano de 1612-1615[1].
O planejamento para o desenvolvimento dessa prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos os alunos do 2º ano, turma 202, do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, e ocorreu da seguinte maneira, e com os seguintes tópicos: conteúdo, metodologia, recurso e avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado ao 2º ano do ensino médio, foram: As mudanças territoriais e administrativas do Brasil século XV-XVII, a União Ibérica (1580-1640) e sua relação com as invasões francesas no Maranhão durante o período colonial e A Batalha de Guaxenduba no MA (1615).
A metodologia desenvolvida com os alunos foi a de trabalhar o conteúdo primeiramente sobre a União Ibérica (1580-1640) identificando as mudanças territoriais e administrativas na América portuguesa e no Maranhão durante o período colonial; relacionando a União Ibérica com as invasões francesas no Maranhão e compreendendo a Batalha de Guaxenduba, travada no Maranhão em 1615, entre portugueses e franceses, posteriormente a intervenção em sala de aula, e por fim as postagens feitas na própria escola para quem tinha celular ou em casa para os que tinham computador, a atividade em pares segue a teoria de Vygotsky (1984) que aponta que o par mais experiente exerce um importante papel no desenvolvimento na aprendizagem auxiliando na resolução de problemas que a criança ou adolescente não consegue, de forma autônoma, solucionar.
O recurso utilizado foi à carta remetida por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, impressa e distribuída aos alunos em dupla, e também o livro didático adotado na escola, que trazia o conteúdo sobre a União Ibérica (1580-1640), mas sem nenhuma relação com a História do Maranhão nesse período abordado.
A avaliação dessa atividade foi feita a partir dos comentários postados e acessos feitos ao blog, sendo que no blog estava postado todo o material trabalhado em sala de aula.
Para identificar se os objetivos dessa prática pedagógica foram alcançados analisei os comentários postados no blog, como por exemplo:
Construindo a História disse... Nesse texto do Rei Felipe III ao Governador geral do Brasil D. Gaspar de Souza, relata a expulsão dos Franceses no Maranhão em 1615, e a inserção que há do Brasil – Colônia na União Ibérica em 1580-1640. Nesta carta, o Rei da Espanha manda ordens de expedições irem as Terras do Maranhão para a expulsão dos franceses dessas terras; e também para ganhar a confiança dos nativos dessa região, tudo isso visando o poder e o fortalecimento da região. O objetivo era tentar ganhar a amizade dos índios e conquistar a confiança do líder português, para se beneficiarem (Postagem 1-ISADORA PASSOS; SAFIRA SOUSA; INGRID ISABELA, TURMA 202. MATUTINO).
Nessa postagem podemos identificar que as alunas fazem uma análise da carta a partir do contexto local, quando há a iniciativa por parte da coroa espanhola de realizar amizade com os nativos locais a fim de fortalecer o poderio territorial na região, no contexto da expulsão dos franceses do Maranhão.
Os PCNs História, em suas competências e habilidades, representação e comunicação, apontam para as seguintes recomendações:
Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção e produzir textos analíticos e interpretativos sobre os processos históricos, a partir das categorias e procedimentos próprios do discurso historiográfico. (BRASIL, 1999, p. 28).
Assim relacionando a história local com a nacional de forma crítica os alunos puderam perceber de forma indireta a construção da Educação Histórica, quando explora a fonte (escrita e oral) articulada à teoria, à Consciência Histórica.

A carta do Rei da Espanha conta o período em que no Maranhão, chegaram expedições, com Jerônimo de Albuquerque e vários outros homens com o intuito de expulsar os franceses, que haviam invadido essas terras e se instalados por cerca de três anos. Mesmo os franceses tendo ao seu lado índios e soldados armados, não conseguiram impedir que o objetivo das expedições fosse concretizado, portanto foram expulsos. Após a retirada dos franceses, os que participavam da expedição tentaram amizade e confiança dos índios e do líder português, visando, adquirir poder a essa região, e assim beneficiando-se. (Postagem 2 - AMANDA DRUMONT; CARLOS VERAS; MATHEWS CHAGAS; RODRIGO COSTA, TURMA 202. MATUTINO).
A relação da carta de origem espanhola narrando um conflito local demonstra que houve uma relação critica construída pelos alunos e com propriedade proporcionando meios que estabelecem a relação do seu tempo com outros espaços, ampliando a noção de História local.
O uso do blog permitiu essa relação com uma grande familiaridade (por parte de alguns alunos) e isso tem incomodado os professores que ainda não conseguiram descentrar-se da sala de aula tradicional. Assim como é difícil para os alunos viver situações escolares que julgam chatas e sem sentido, como a aula expositiva, os professores também têm dificuldades em alterar o que tradicionalmente é praticado no contexto educacional: o professor ensina e o aluno aprende.
Sendo assim, os PCNs História revelam que:
Metodologias diversas foram sendo introduzidas, redefinindo o papel da documentação. À objetividade do documento – aquele que fala por si mesmo – se contrapôs sua subjetividade – produto construído e pertencente a uma determinada história. Os documentos deixaram de ser considerados apenas o alicerce da construção histórica, sendo eles mesmos entendidos como parte dessa construção em todos seus momentos e articulações. Passou a existir a preocupação em localizar o lugar de onde falam os autores dos documentos, seus interesses, estratégias, intenções e técnicas. (BRASIL, 1999, p. 22).
Assim, entendemos que novas formas de ensinar e aprender no contexto escolar resulta em renovações teórico-metodológicas no âmbito do ensino de História e das novas concepções pedagógicas. O uso escolar do documento, associado ao uso das novas linguagens virtuais, possibilita ao aluno uma atitude ativa na construção do saber e na resolução de problemas de aprendizagem no mundo virtual.
Noutra postagem:
Construindo a História disse... A carta relata, primeiramente, a saída de Jerônimo de Albuquerque e os homens mandados por ele Do Rio Grande até Pereira (primeira barra do MA). Após tal acontecimento, relata-se o choque que houve entre seus homens e os franceses a tréguas das terras do MA. Os franceses, apesar de estarem acompanhados por índios e soldados armados, não foi capaz de vencer a batalha o que o custou a morte de muitos. Na carta, o Rei Felipe III da Espanha cita as descobertas que fizeram após se assentarem em terra firme. Afirmavam a presença dos franceses a mais de três anos em amizade com os nativos e, portanto há o interesse do mesmo, o que ordena o Rei Felipe III. (Postagem 3-AMANDA LARYSSA; JULIANA ROLIM; LARISSA ALVES).
Na postagem acima enfatizamos a relação que os alunos fazem uma vivência experimentada em reflexão, narrando que o Rei Felipe III da Espanha, tem interesse em explorar a terra a partir do interesse e da fixação dos franceses na mesma.
Esse processo relacional com o documento histórico requer, além da conscientização de uma nova realidade, a formação dos alunos considerando novas necessidades culturais, sociais e econômicas. As reflexões acerca do documento operam por meio da relação entre os seus autores e o contexto histórico de produção.
Nesse contexto, os PCNs História afirmam que:
Na transposição do conhecimento histórico para o nível médio, é de fundamental importância o desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpretação das diversas fontes e testemunhos das épocas passadas – e também do presente. Nesse exercício, deve-se levar em conta os diferentes agentes sociais envolvidos na produção dos testemunhos, as motivações explícitas ou implícitas nessa produção e a especificidade das diferentes linguagens e suportes através dos quais se expressam. (BRASIL, 1999, p. 22).
Entendemos que nenhum documento fala por si, e que a análise de documentos diversos é parte fundamental no ensino de História. Recorrendo novamente aos PCNs História uma das recomendações pedagógicas é: situar as diversas produções da cultura, as linguagens, as tecnologias, posicionar-se diante de fatos presentes a partir da interpretação de suas relações com o passado. (BRASIL, 1999, p. 28).
Percebemos que a análise dos alunos, do documento, por intermédio do uso do blog, proporcionou um espaço de comunicação, e uma situação relacional, em que expressaram a experiência da sua própria aprendizagem, construindo conhecimento a partir da interação social, com os seus colegas de turma, com o professor e com outros indivíduos. A escrita no blog remete a representação do destinatário, a situacionalidade (acesso direto a fontes de informação), contextualização, interdisciplinaridade, e a intencionalidade do ato comunicativo, bem como a coautoria.
Outra potencialidade do uso das novas linguagens e, consequentemente, do blog, está na familiaridade dos alunos com a rede mundial de computadores e seu vocabulário, como: navegação, endereço na internet, site, blog, postar, comentário, pesquisar, editar, blog, login, e-mail, post, link, etc.
Dessa forma, com a utilização de documentos, dentro do ambiente escolar, foi possível coadunar a realidade vivenciada pelos alunos, pautada em uma sociedade da informação, com o ensino de História. Tomando como exemplo essa experiência pedagógica, a partir da utilização de fontes primárias de pesquisa, e do blog, fonte virtual, como instrumento e objeto de comunicação e coautoria, e do professor, aqui no papel de mediador, organizando, intervindo e orientando os alunos, de forma que foi possível desenvolver novos níveis de conceitualização sobre a disciplina História, visto que a História como disciplina também deve acompanhar os avanços tecnológicos.
Em síntese, temos no uso de um blog pedagógico a possibilidade de mediação no processo ensino-aprendizagem, haja vista seu caráter comunicacional, relacional, sendo uma ferramenta pedagógica virtual, que contribui no aspecto da produção textual, sobretudo, pelo favorecimento da autonomia digital.
Segundo esse entendimento, está presente a percepção do papel do professor para além da responsabilidade pela organização e emissão de conceitos prontos e acabados, vazios de significados.
Pois, segundo Moran (2008, p. 109-228):
Ensinar e aprender exige hoje, mas flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdo fixos e processos mais abertos de pesquisa e comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nos e conseguir integrá-la dentro da nossa mente e da nossa vida. A aquisição da informação, dos dados, dependera cada vez menos do professor as tecnologias podem trazer dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor- o papel principal- é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
Fica claro que os processos de ensino aprendizagem hoje estão fortemente marcados pelo uso das TICs. O uso do blog pedagógico pode incentivar a construção de conhecimento no início do século XXI. A internet, no contexto educacional, tem servido como uma ferramenta de aprendizagem por meio da facilitação da procura de fontes de informações no mundo exterior, colocando-os no contexto da vida real, pois os hábitos do mundo de hoje mudaram e os alunos modificaram suas rotinas diárias, comunicando-se sem barreiras, muitas vezes preferindo as mensagens virtuais e não mais o espaço físico da sala de aula.
Assim, o ensino de História para a diversidade cultural e as novas linguagens é um processo em construção, pois experimenta diferentes momentos no que se refere aos conteúdos a serem ensinados, as finalidades de seu ensino e aos métodos que devem ser empregados, no caminho de uma educação histórica que produza conhecimentos de forma presencial ou virtual, no processo de fazer, de construir a História.
As tecnologias da informação e comunicação proporcionam ao aluno possibilidades habituais de seu uso, através da construção de um texto, do ato de pesquisar, relacionar informações e conhecer culturas diversas, dentre outras possibilidades. No entanto, cabe ao professor mediar o mesmo em suas pesquisas, envolvendo o conteúdo da sua disciplina, pois, os nossos alunos, nasceram dentro desse ambiente virtual e tecnológico, e tendo muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, o professor passa a ser o mediador da construção de conhecimento diante de tal ferramenta.
O professor deve ter uma constante reflexão sobre sua prática, sendo conforme Pimenta (1999) um professor crítico e reflexivo, assim através de minha reflexão sobre a experiência de ter passado a senha de acesso do blog aos alunos do 2º ano do Centro de Ensino Liceu Maranhense, durante o período de férias com o objetivo dos mesmos também contribuírem com postagens de textos e vídeos, sobre São Luís, (atividade em anexo), o resultado foi uma imagem pornográfica na pagina inicial do mesmo, o que acarretou a remoção do blog do ambiente virtual e constrangimento diante dos alunos e escola e durante um tempo um afastamento das práticas pedagógicas virtuais.
Essa experiência me fez refletir sobre os caminhos que as novas linguagens virtuais podem levar não apenas professores, mas também alunos à incerteza, ou ao crime virtual sem nenhuma noção sobre suas consequências e malefícios, sendo de suma importância um mediador, pois, os nossos alunos, nasceram nesse ambiente virtual e tecnológico, tendo muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, mas não a responsabilidade efetiva e critica assim o professor passa a ser o mediador da construção de conhecimento diante de tal ferramenta.
Pensando nessa configuração é que nos propomos a alocar essas práticas pedagógicas em um blog pedagógico com o objetivo de tornar mais próximo essa realidade virtual dos professores.




[1] Ver: Mariz; Provençal (2007, p. 203-207).

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