quinta-feira, 22 de março de 2018

HOMOSSEXUALIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR: um estudo de caso no Centro de Ensino Médio Liceu Maranhense[1]


HOMOSSEXUALIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR: um estudo de caso no Centro de Ensino Médio Liceu Maranhense[1]

Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde[2]
 Nádia Prazeres Pinheiro Carozzo[3]


RESUMO
A homossexualidade presente em diversos espaços sociais, tal como no ambiente escolar, ultrapassa fronteiras disciplinares e ainda é objeto difícil de ser abordado por parte dos sujeitos escolares As diferenças de gênero estão na base do processo de construção sociocultural e a escola é um ambiente privilegiado para o diálogo e orientação sobre a experiência de pessoas de diferentes idades e tempos. Nesse sentido, é necessário que haja professores aptos a tratar essa temática. O objetivo deste artigo é analisar a percepção de professores e alunos do Centro de Ensino Liceu Maranhenses sobre homossexualidade de modo geral e, especificamente, no contexto escolar. Para isso, foi aplicado um questionário elaborado para esta pesquisa com quatro professores e seis alunos. Os dados foram analisados à luz da análise de discurso. Os resultados indicam que os professores, apesar de respeitarem a orientação sexual de indivíduos, não estão sendo formados e habilitados para trabalhar esse tema de forma cidadã e despida de preconceitos. E que os alunos ainda têm dúvidas e sofrem preconceitos pela sua orientação sexual.
Palavras chaves: Homossexualidade. Orientação sexual. Ensino Médio. Psicologia da Educação.












ABSTRACT

Homosexuality present in various social spaces, as in the school environment goes beyond disciplinary boundaries and is still difficult object to be addressed by the school subjects Gender differences are the basis of the socio-cultural construction process and the school is a privileged environment for dialogue and guidance on the experience of people of different ages and times. In this sense, there must be able teachers to handle this issue. The aim of this paper is to analyze the perception of teachers and students of the Lyceum Maranhenses Education Center on homosexuality in general and specifically in the school context. For this, a questionnaire developed for this study in four teachers and six students was applied. Data were analyzed in the light of discourse analysis. The results indicate that teachers, even though respect the sexual orientation of individuals, are not trained and qualified to work this theme of citizen and naked form of prejudice. And students still have doubts and suffer prejudice by their sexual orientation.

Key words: Homosexuality. sexual orientation. High school. Educational psychology.

1 INTRODUÇÃO


                A homossexualidade na Educação Básica ainda é vista como algo indesejável, tanto por parte da escola como por parte da família (Louro 2000). Aspectos relevantes na inclusão da homossexualidade como tema escolar são discutidos nos Temas Transversais – Eixo Orientação Sexual, material anexo dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1999). No entanto, esse mesmo assunto é relegado na sala de aula do Ensino Médio, seja pela falta de formação pedagógica ou teórico-metodológica dos professores, seja por falta de compromisso social dos profissionais da educação. Essa problemática é relevante para salientar que a ausência do desenvolvimento desse tema transversal no ambiente escolar passa pela falta de compromisso entre os sujeitos escolares, sendo esse descompromisso possível desencadeador de conflitos entre indivíduos de gêneros diferentes e às vezes de gerações diferentes, contribuindo para posicionamentos repressores no âmbito escolar (BRITZMAN, 1996).
A sociedade absorveu ao longo do tempo, a lógica de que o indivíduo ao nascer é macho ou fêmea, de acordo com suas características biológicas; e as famílias, no seu papel de educá-los, oferecem-lhes uma educação onde esse perfil original é exigido, sendo contrários a quaisquer outros perfis que não seja o padrão exigido para toda a sua vida.

Essa exigência gera diversos conflitos que envolvem as relações de gênero direcionado quase sempre a homossexualidade e perpassam questões que envolvem padrões de comportamento, referências religiosas e civis de diferentes idades, sendo perceptível no comportamento dos sujeitos escolares (LOURO, 2000, p.35).

Apesar de que a sociedade e a escola brasileira refletem ainda sinais de descaso diante da discriminação e do preconceito relacionada à questão de gênero e, principalmente, em se tratando de homossexualidade, essa lógica está sendo paulatinamente quebrada. E, as influências familiares, religiosas e da sociedade em geral, ganharam mais notoriedade, uma vez que podem contribuir para acentuar e ou minimizar esse comportamento preconceituoso em relação aos alunos homossexuais no ambiente escolar (BRITZMAN, 1996).
Nesse sentido, a escola, lugar de onde falamos, possui um poder de efetuar uma mudança paradigmática, que inclui os saberes e fazeres da cultura dos alunos na construção do conhecimento. Segundo Foucalt (1993), o louco, o prisioneiro, o homossexual não são expressões de um estado prévio, original; eles recebem sua identidade a partir dos aparatos discursivos e institucionais que os definem como tais. Assim, o sujeito é resultado dos dispositivos que o constroem como tal e a escola é um desses dispositivos.
Dentro dessa perspectiva, é desenvolvida esta pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo com o objetivo de analisar como os professores e alunos do Centro de Ensino Liceu Maranhenses, do turno noturno, percebem a homossexualidade no contexto escolar.


2  MARCO TEÓRICO

Entende-se gênero, como determinado por processos históricos e culturais, que classificam e posicionam as pessoas a partir de uma concepção do que é feminino e masculino (HEILBORN, 2002). Para Silva (2009) “gênero” opõe-se a “sexo”: enquanto o último fica reservado aos aspectos biológicos da identidade sexual, o termo gênero se refere aos aspectos socialmente construídos do processo de identificação sexual. Ou seja, questões relacionadas ao gênero são concepções construídas pela sociedade em determinada época, segundo suas regras e valores morais impostos ou não. Já a homossexualidade, segundo Suplicy (1998) é formado de uma raiz grega (homos = semelhante) e de uma raiz latina (sexus =sexualidade), significa etimologicamente “sexualidade semelhante”, ou seja, relação sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Nas palavras de Louro (2000):
O discurso político e teórico que produz a representação "positiva" da homossexualidade também exerce, é claro, um efeito regulador e disciplinador. Ao afirmar uma posição-de-sujeito, supõe, necessariamente, o estabelecimento de seus contornos, seus limites, suas possibilidades e restrições. Nesse discurso, é a escolha do objeto amoroso que define a identidade sexual e, sendo assim, a identidade gay ou lésbica assenta-se na preferência em manter relações sexuais com alguém do mesmo sexo (p. 54).
Na construção de conceitos sobre a sexualidade, percebe-se que é naturalmente passível de mudanças que não cabem dentro das limitações impostas pela sociedade, que cria “a obsessão com a sexualidade normalizante, através de discursos que descrevem a situação homossexual como desviante" (BRITZMAN, 1996).
Durante muito tempo a homossexualidade era vista com naturalidade, tanto na vida social quanto educativa e familiar, e, sobretudo, religiosa, haja vista alguns deuses como Apolo terem vários amantes homens (RAGO, 1996). Com o advento da Idade Média e poder da Igreja Católica as relações sexuais entre homens e mulheres, através do casamento foi tida com relativa normalidade, mas em contrapartida a homossexualidade foi abominada e caracterizada como pecado tomando por base os textos bíblicos do Antigo Testamento, “não te deitarás com homem, como se fosse mulher: isto é abominação” (Lev, 18:22).
Esta compreensão bíblica ainda está presente em algumas famílias que historicamente tiveram por base o modelo jesuítico de educação, baseado na fé e na preservação dos valores morais e cristãos da igreja de base europeia e, consequentemente, de valores heteronormativos, resultando muitas vezes em conflitos geracionais, e em contextos escolares, associado a idealização de valores morais e ordenamento social (SILVA, 2009). Para Silva (2009) a definição de heterossexualidade é inteiramente dependente da definição de seu outro, a homossexualidade, que se torna um desvio da sexualidade dominante, hegemônica e “normal”, isto é, heterossexualidade. As manifestações da sexualidade sempre foram vigiadas e punidas quando descumpriam o seu mandato social, caracterizando no contexto escolar discussões diversas entre gerações, sendo a homossexualidade tida por um longo período como subversiva, doentia, inversa, e vista nos anais da medicina e psiquiatria (DOVER,1994)
Com a Modernidade, o Renascimento e a Cientificidade, a homossexualidade passou a ser considerada um distúrbio psicológico, tratada em sanatórios e levou ao aparecimento de uma sociedade xenófoba, contrastando com o a perspectiva do ser racional, dono seu corpo e, portanto capaz de decidir sobre suas opções sexuais (SILVA, 2009). Ao mesmo tempo, esse comportamento colocou a escola como local de reprodução de ideários sexistas.
Com a contemporaneidade, ou pós modernidade, marcada por características de tolerância, multiculturalismo, acatamento de estilos e modos de vida diferentes, observa-se no contexto educacional que a homossexualidade carrega ainda um caráter ideologizante e preconceituoso. As percepções a respeito do sexo, sempre estiveram presas a noção de reprodução e na maioria das famílias falar sobre sexo sempre foi tabu, ainda mais quando associado ao prazer, mesmo que esse assunto envolva sujeitos de diferentes gerações. Tanto a família como a escola se esquivou dessa tarefa e condicionou o sexo à finalidade da procriação, portanto, uma aliança entre homem e mulher, onde outra leitura seria considerada perversão, resultando numa sexualidade de controle e não de respeito (SILVA, 2009).
A construção de uma identidade livre da sua própria da sexualidade, seguindo sua orientação ele também tenderá a ser limitado à sua condição, pois cria regras de relações, ou seja, ninguém é totalmente livre deste estabelecimento normativo, o que reforça o preceito de respeito da sociedade a toda as manifestações da sexualidade, pois:
[...] toda identidade sexual é um constructo instável, mutável e volátil, uma relação social contraditória e não-finalizada. Como uma relação social no interior do eu e como uma relação social entre "outros" seres, a identidade sexual está sendo constantemente rearranjada, desestabilizada e desfeita pelas complexidades da experiência vivida, pela cultura popular, pelo conhecimento escolar e pelas múltiplas e mutáveis histórias de marcadores sociais como gênero, raça, geração, nacionalidade, aparência física e estilo popular (BRITZMAN, 1996, p. 74)

Nesta direção, Sayão (1997) propõe um trabalho de orientação sexual desenvolvido pela escola, diferente do transmitido de pais para os filhos, onde o intuito é de ampliar o conhecimento em direção à diversidade de valores existentes na sociedade, para que o aluno possa, ao discuti-las, opinar sobre o que lhe foi ou é apresentado. E, ao gerar discussão, gera-se um pensamento dialético de possível superação de rechaço às diferenças.
Assim, a escola tem o papel de reconhecer que nos dias atuais o respeito mútuo, as diferenças sexuais e a liberdade de escolhas sexuais estão garantidas por lei e precisam ser explicitadas no espaço escolar, amenizando o silêncio frente à pretensa superioridade heterossexual, forjada historicamente nos currículos, nos livros didáticos, propondo uma efetiva política de ampliação do conhecimento sobre algo que faz parte do cotidiano (GUIMARÃES, 1995). A Orientação Sexual na escola deve fundamentar-se numa visão pluralista da sexualidade, no reconhecimento da multiplicidade de comportamentos sexuais que perpassam gerações e de valores a eles associados. Não podendo pretender substituir, nem tão pouco concorrer com a função da família, e sim, servir de complemento, possibilitando discussões de diferentes pontos de vista associados à sexualidade, pois cada família tem seus valores, que são transmitidos dos pais para os filhos (LOURO, 2000).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) deixam claro que a função da escola é mediar informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, contribuindo para o desenvolvimento de atitudes e valores baseados nos direitos humanos, nos relacionamentos de igualdade, no bem-estar social e no respeito entre as pessoas. É com essa intenção que os PCN’s (1998, p. 123) afirmam:

Se a escola que se deseja deve exercer uma ação integradora das experiências vividas pelos alunos, buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário que ela reconheça que desempenha um papel importante na educação para a sexualidade ligada à vida, à saúde, (...) que integra as diversas dimensões do ser humano.
Assim sendo, a função da escola é a de auxiliar e cooperar com o que o aluno traz de casa numa concepção intergeracional e de gênero, desconstruindo ideologias dominantes e respondendo perguntas e combatendo o preconceito de qualquer natureza. A discussão sobre a homossexualidade ainda é um tabu muito presente na sociedade, que pressupõe uma dificuldade em entender e respeitar, e talvez por isso, tenha-se tanto preconceito sobre o assunto.
A relação entre a Psicologia e a Educação se reflete nos processos psicológicos e educacionais, quando privilegia essa concepção histórica da condição humana, considerando as questões socioculturais, emocionais e afetivas na formação da subjetividade humana, sendo de suma importância para o acompanhamento, desenvolvimento e trabalho do professor para com os alunos no contexto escolar (MEIRA, 2000).
No ambiente escolar se faz necessário a presença da Psicologia da Educação, especialmente entre aqueles interessados em contribuir para a melhoria da qualidade do processo educativo (MEIRA, 2000). A Psicologia da Educação entendida como:

aspectos teóricos. Assim tomando-se essa definição, a Psicologia da Educação ou Educacional deveria ocupar-se da construção de conhecimentos que possam ser uteis ao processo educacional, enquanto que a Psicologia Escolar circunscrever-se-ia ao âmbito do exercício direto do profissional da Educação (MEIRA, 2000, p.35).

Nesse sentido pensar a Psicologia como um componente curricular de Licenciaturas, capaz de orienta o aluno futuro professor para realizar e aprofundar discussões, que envolvem questões amplas e complexas como rejeição,  conflitos e agressões, é de grande contribuição.

4 MÉTODO

4.1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa se caracteriza por ser exploratória com abordagem qualitativa. Para Minayo (2010) a pesquisa exploratória estabelece critérios, métodos e técnicas para oferecer informações sobre o objeto investigado, ao mesmo tempo em que orienta para os questionamentos.
A pesquisa exploratória visa à elucidação ou explicação de fenômenos que não estão evidentes na fala dos sujeitos e que somente relacionando o discurso com o contexto onde ele se apresenta é que podemos compreendê-lo em sua essência (GIL, 1994).
4.2 Local

O Liceu Maranhense iniciou suas atividades em 1838, em um pavimento térreo do antigo Convento do Carmo situado na Praça João Lisboa em São Luís do Maranhão. Atualmente o colégio conta com um corpo docente formado por 137 professores, que visam atender o turno diurno e noturno. Conforme o Projeto Político-Pedagógico da escola que 31 professores do corpo docente são especialistas, 15 são mestres e 05 são doutores nas mais diversas áreas. No que se refere à categoria socioeconômica dos alunos a sua maioria pertencem à classe média e baixa e em sua maioria moram nos arredores do bairro da escola, no centro da cidade.

            4.3 Instrumentos para a coleta de dados

Utilizou-se dois questionários semiestruturados, um para os docentes e um para os discentes, com questões abertas e fechadas relacionadas ao tema (ANEXO 1).

 4.4 Participantes

Compuseram a amostra desta pesquisa quatro professores do turno noturno, com idade entre 39 e 65 anos de idade, do sexo masculino e feminino, de áreas de conhecimento distintas (humanas, natureza e linguagem).
Do corpo discente, participaram seis alunos, dentre eles três alunos heterossexuais e três homossexuais, com idade entre 16 e 19 anos.

           4.5 Procedimento de coleta de dados

A coleta das informações através da utilização do questionário ocorreu dia 13 de abril de 2016 às 18h30min durante o horário que antecede o inicio das aulas no turno noturno. Ocorreu de forma individual e, previamente, foi feita a apresentação de tal questionário e sua finalidade acadêmica.

           4.6 Procedimento de análise de dados
A análise do discurso aqui utilizada como método de abordagem ao contexto investigado está baseada em Focault (1997), para o qual o discurso possibilita ao receptor compreender o sentido do texto expresso pelo emissor que é o autor do mesmo e que está influenciado pelo contexto no qual está inserido permitindo dessa forma a compreensão do mesmo.
O elemento mais importante da análise do discurso é o sentido que o mesmo tem no momento em que é captado, pois em outro momento esse mesmo discurso pode ser alterado em sua essência. O discurso nem sempre se apresenta conforme os interesses do emissor e do receptor, muitas vezes ele é influenciado pelo contexto. No ambiente escolar o discurso pode ser alterado pelas condições do próprio ambiente. 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados docentes

A primeira impressão sobre o tema e a entrega dos questionários foi de risos, gargalhadas e preocupação. Alguns professores perguntaram para qual finalidade era o questionário, outros comentaram que na escola tinha muitos casos e outros fizeram expressões de preocupação.
Sobre o conceito de homossexualidade. Para o professor 1 é “uma questão em aberto para a ciência”, o professor 2 respondeu “que não sabe definir, mas entende como o relacionamento entre o mesmo sexo” e o 3 “atração por pessoa do mesmo sexo”, o professor 4 não respondeu.
Sobre se consideram a homossexualidade algo normal. 3 professores responderam que sim e apenas um professor fez o seguinte comentário “um caso em aberto para a ciência”, dando a entender que ainda não há uma definição sobre a homossexualidade, podendo a mesma estar relacionada a algum tipo de distúrbio psicológico ou sexual, ligado a algum tipo de doença.
O que se percebe é que ainda perpassa pela concepção teórica desse professor uma concepção sobre a homossexualidade ligada a questões de saúde. Segundo Bortoloni (2008), o início do século XIX trouxe consigo a incorporação da homossexualidade, caracterizada pelo termo homossexualismo, aos manuais médicos/psiquiátricos representando-a como uma doença, exceção, inversão, anormalidade, entre outras denominações.
Mas já nas últimas décadas do século XX, segundo Bortoloni (2008) inalmente os Códigos Internacionais de Doenças e Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (CID-X e DSM IV) retiraram a homossexualidade de suas classificações e, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aboliu a homossexualidade como doença de todas as suas listas cientificas.
Sobre os problemas presenciados na escola sobre a homossexualidade. Os quatro professores responderam que já presenciaram preconceito, falta de respeito entre os mesmos e bullying.
Se algum projeto sobre homossexualidade estar sendo desenvolvido na escola. Todos responderam que não e se fosse desenvolvido na escola algum projeto, acreditam que esses problemas seriam amenizados. Os quatro professores também afirmaram que não se importam em ter alunos homossexuais em sua sala de aula.
Os dados demonstram que os professores percebem o preconceito, mas que ao mesmo tempo, a escola não adota nenhum projeto de intervenção no sentido de prevenir ou coibir tais atitudes. Seria interessante que a escola trabalhasse no sentido desenvolver projetos interdisciplinares contemplando as questões pertinentes a sexualidade e a homossexualidade tendo em vista que a clientela é diversificada tanto econômica, como social e culturalmente.
Considerando que a escola detém os meios pedagógicos necessários para a intervenção sistemática sobre a sexualidade, de modo a proporcionar a formação de uma opinião mais informativa e ou crítica sobre o assunto, permitindo, assim, a construção de alunos cidadão independentemente de sua orientação sexual e, sobretudo podendo contribuir com a satisfação e os anseios dos mesmos (SUPLICY, 1998). Vele ressaltar que ela é local profícuo para isso.
Resultados discentes

Sobre a homossexualidade. Os seis alunos responderam que “acham normal a homossexualidade”, demonstrando de certa forma, a tolerância pela questão de gênero e sexualidade. Ressaltando que acham importante discutir sobre a homossexualidade na escola.
Sobre se já sofreram algum tipo de discriminação. Todos os alunos homossexuais responderam que sim, dos alunos que se identificam como heterossexuais apenas um aluno disse que não sofreu qualquer tipo de discriminação.
Sobre o convívio com homossexuais no ambiente escolar. Apenas um aluno, dos seis, disse que não gostaria de ter a presença de um homossexual em sua sala de aula.
Percebe-se que os próprios alunos consideram a escola um ambiente privilegiado para a construção de conhecimento e ideias e, sobretudo, um contexto para a desconstrução de ideologias e padrões pré-estabelecidos, não podendo excluir as manifestações da sexualidade e, sim criar um espaço de discussão aberta e franca sobre ela, deixando de lado os próprios preconceitos, permitindo que cada um se mostre como é: com suas dúvidas, conflitos, medos (LOURO,2000).
Observou-se que na rotina da escola tanto docentes como discentes percebem a presença de preconceito contra os homossexuais, reforçando a necessidade já relatada de programas de prevenção e intervenção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os autores utilizados nessa investigação: Meira (2000), Heilborn (2002), Suplicy (1998), Louro (2000) entre outros, são unânimes em destacar que o contexto escolar está permeado de preconceitos de toda ordem, principalmente contra os homossexuais. E que este problema precisa ser enfrentado pelos professores e alunos, no sentido de minimizar atitudes preconceituosas que trazem resultados diversos que vão desde enfrentamento no ambiente da escola até questões judiciais, sem perder de vista que o individuo estigmatizado por homossexualismo pode ser excluído tanto da escola como da família, trazendo possibilidades de ações adversas tanto a ele quanto aos que o rotulam.
Este artigo teve como objetivo verificar como os professores e alunos do Centro de Ensino Liceu Maranhenses, do turno noturno, percebem a homossexualidade no contexto escolar. Responderam, de maneira individual, voluntária e anônima, a um questionário semiestruturado, quatro docentes e seis discentes.
Os resultados indicam que a maioria dos docentes entende a homossexualidade como orientação sexual, presenciaram atitudes preconceituosas contra homossexuais na escola e lamentam a ausência de projetos nessa temática. Já os discentes concordam com os docentes no que tange ao conceito de homossexualidade e preconceitos contra homossexuais na escola e a maioria não se sente constrangido ou incomodado em conviver com alunos homossexuais.
Desta forma, urge a efetiva e sistemática inclusão da Orientação Sexual nos currículos escolares conforme contida nos manuais da educação escolarizada e nos documentos legais sobre a educação brasileira. Futuras investigações devem buscar elaborar e implementar medidas para conter preconceitos e exclusão de alunos homossexuais, bem como promover o respeito às diferenças de todos os tipos.

REFERÊNCIAS

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BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: pluralidade cultural, orientação sexual. Brasília: MEC/SEF, 1997.

_______. Senado Federal. Lei nº. 9.394 de 20 de dezembro de 1996. Diário Oficial: Brasília, 23 de dezembro de 1996. p. 27833-41. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.

BORTOLONI, Alexandre.Diversidade Sexual na escola.Rio de Janeiro.UFRJ, 2008

BRITZMAN, D. O que é essa coisa chamada amor: identidade homossexual, educação e currículo. Educação & Realidade, Porto Alegre, 1996.
                                                           
DOVER,K.J. A homossexualidade na Grécia antiga, tradução Sergio Krausz-São Paulo.Editora Nova Alexandria,1994.

FIGUEIRÓ, M. N. D. Educação Sexual: retomando uma proposta, um desafio. Londrina: UEL,2001.

FOUCAULT, M. História da sexualidade: à vontade de saber. Vol. I, 12a  ed. Rio de Janeiro: Graal, 1997.

GUIMARÃES, I. Educação Sexual na escola: mito e realidade. São Paulo: Mercado de Letras, 1995.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisas sociais. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994.

HEILBORN, Maria Luiza.Fronteiras simbólicas: gênero, corpo e sexualidade. Cadernos Cepia nº 5,  Gráfica JB, Rio de Janeiro,   2002.

LOURO, G.L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

MAGALHÃES, Dirceu Nogueira. (2000). Intergeracionalidade e cidadania. In: PAZ, Serafim. Envelhecer com cidadania: quem sabe um dia? Rio de Janeiro: CBCISS-ANG/RJ.

Meira, M. (2000). Psicologia Escolar: Pensamento crítico e práticas profissionais. In: E. R. Tanamachi; M. P. R. Souza & M. L. Rocha (Eds.). Psicologia e Educação: Desafios teórico-práticos (pp. 35-71). São Paulo: Casa do Psicólogo.

NUNES, C. & SILVA, E. A educação sexual da criança. Campinas: Autores Associados, 2000.

RIBEIRO, P. R. M. Educação sexual além da informação. São Paulo: EPU, 1990.

_______. Sexualidade e Educação: apontamentos para uma reflexão. São Paulo: Cultura Acadêmica Editora, 2002.

_______. Sexualidade e educação: aproximação necessária. São Paulo: Arte e Ciência, 2004.


SAYÃO, Y. Orientação Sexual na escola: os territórios possíveis e necessários. In: AQUINO, J. G.(Org.). Sexualidade na escola: alternativas teóricas e práticas. São Paulo: Summus, 1997.

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__________.Conversando sobre sexo. 12 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.




ANEXO 1

Questionário para Docentes.
- O que o senhor entende por homossexualidade?
- O senhor considera a homossexualidade normal?
- O senhor aceita a homossexualidade?
- Existe algum projeto sendo desenvolvido na escola sobre a homossexualidade?
- Quais problemas que o senhor poderia assinalar que ocorre no contexto escolar relacionado à homossexualidade, entre os alunos?
- Sobre ter um aluno (a) homossexual na sala de aula, qual sua posição?

Questionário para Discentes.
- Você conhece alguma pessoa homossexual na escola?
- Você acha que a homossexualidade e uma doença?
- Você gostaria de ter um (a) colega homossexual em sala de aula?
- Você já participou/presenciou algum tipo de brincadeira de conotação negativa, em relação a homossexualidade em sua escola?
-Você acha importante discutir temas, como a homossexualidade, na escola?
- A sua escola realiza algum tipo de trabalho sobre sexualidade/homossexualidade?


[1] Trabalho apresentado como requisito para Conclusão do curso de Especialização e recebimento do título de Especialista em Psicologia da Educação UemaNet/UEMA/2016.
[2] Pós-Graduanda em Psicologia da Educação – Núcleo de Tecnologias para Educação – Universidade Estadual do Maranhão.
[3] Professora Orientadora do artigo. Mestra em Psicologia da Saúde pela Universidad de Málaga. Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão.

domingo, 18 de março de 2018

O Blog como ferramenta de ensino aprendizagem virtual


A sociedade no século XXI tem vivenciado grande avanço das Tecnologias da informação e comunicação (TICs), visto que as crianças e os jovens são os mais fascinados por essa tecnologia, pois sabem operar computadores melhor do que muitos adultos. Assim, observamos que estamos rodeados de tecnologias e seus usos e recursos tecnológicos devem servir como uma ferramenta que venha nos ajudar a resolver as questões do cotidiano, potencializando possibilidades de comunicação e informação e alterando as relações entre as pessoas.
Assim, é necessário que haja uma educação relacionada com a cidadania e intermediada por tecnologias. As pessoas agem a partir de trocas culturais, modificam a si mesmas, aos outros e a natureza, interagem o tempo todo.
A utilização dos meios tecnológicos na escola tem um papel significativo no processo ensino-aprendizagem, ajudando a criar ambientes descentralizados, tornando o aluno construtor de conhecimento. A Internet possibilita que sejamos não apenas expectadores, mas doravante autores. Essa forma inovadora de comunicação interliga milhões de pessoas de forma instantânea e possibilita a troca de informações, de forma rápida e conveniente.
Prennsky (2001), escritor estadunidense e pesquisador da educação, cria os termos “nativos digitais” e “imigrantes digitais” para apreender a relação entre jovens e adultos a partir do surgimento da internet. Nativos digitais são aquelas pessoas que já nasceram imersas nas novas tecnologias e que possuem bastante fluência na linguagem digital, seja no uso do computador, da internet, e das mídias digitais; já os imigrantes digitais são aquelas pessoas que estão aprendendo a lidar com essas ferramentas virtuais, como os professores em sua maioria. São esses sujeitos que podemos presenciar na escola.
As novas tecnologias e uso da internet no contexto escolar permite trazer os conteúdos de forma mais ágil e devolvê-los de novo ao cotidiano, possibilitando a interação entre alunos e professores.
Sendo assim, os blogs surgem no campo educativo como uma ferramenta pedagógica virtual, promovendo grupos de discussões interativos, em que o diálogo é apresentado por meio de hipertexto, diários de bordo, portfólios, dentre outras possibilidades, de acordo com a temática.
No campo escolar, pensado aqui como espaço de valorização da diversidade cultural e das novas linguagens, a internet é um recurso pedagógico primordial, direcionado principalmente a pesquisa, mas também ferramenta de construção de conhecimento, quando empregada com a finalidade de trocar informações eletrônicas por meio de chats, blogs, fóruns de discussões, Messenger, e-mails, Facebook, ou seja, pode proporcionar ao aluno certa autonomia em relação ao conhecimento que constrói, e também divulga.
Segundo Tajra (2000, p. 48):

[...] apesar de estar em grande expansão na área empresarial, a maior parte dos serviços da Internet estão voltados para a área educacional, pois é um excelente canal de comunicação acessível, veloz e que traz muitos benefícios para a educação, tanto para o professor como para o aluno, pela facilidade das pesquisas e pela possibilidade de troca de experiência entre os mesmos.
A construção do blog Construindo HST nasceu particularmente da necessidade de relacionar o “mundo” vivenciado pelo aluno, a sociedade da informação, e o ensino de História. Uma vez que, na sociedade da informação, faz-se imprescindível o desenvolvimento de habilidades e competências para com as tecnologias da informação e comunicação, não apenas para a prática social, mas doravante para o mundo do trabalho.
O planejamento para o desenvolvimento dessa prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos os alunos do 2º ano do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, da turma 202 e ocorreu da seguinte maneira, e com os seguintes tópicos: conteúdo, metodologia, recurso e avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado ao 2º ano do ensino médio, foi: “A chegada dos portugueses em terras ameríndias”, e teve os seguintes objetivos: Analisar a chegada e as dificuldades dos lusitanos em terras ameríndias; relacionar e comparar as diferenças sociais, políticas, econômicas e religiosas entre as sociedades ameríndias e as sociedades europeias; e identificar e analisar modos de vida dos ameríndios. Uma das formas para avaliar o cumprimento de tais objetivos foi à análise dos comentários postados pelos alunos no blog.
Feito o planejamento, apresentei em sala de aula o blog, sendo que de forma ingênua ou querendo que os alunos fizessem parte também da administração do blog, acabei divulgando a senha de acesso ao mesmo, o que posteriormente me resultou em um primeiro contato com o crime virtual, ainda não muito conhecido à época, 2011. Essa experiência nada agradável suscitou uma reflexão sobre a prática como professora e, claro, também compõe o universo das experiências pedagógicas.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica, outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar, e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola, que tinha wi-fi livre, ou em casa.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica, outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar, e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola, que tinha wi-fi livre, ou em casa.
A carta de Pero Vaz de Caminha rendeu muitos comentários postados, revelando que aquele aluno que pouco participa em sala de aula, por motivos pessoais, como vergonha, ou uma cultura de ser apenas receptor de informação, pode se colocar como protagonista, dentro do ambiente virtual.
O importante é que o aluno e professor sejam estimulados a fazer parte de um espaço virtual de referência, que disponibilize o que é feito em sala de aula, equilibrando o melhor do presencial em sala de aula e o melhor do espaço virtual, gerenciando a aula, integrando o que é feito pelos alunos quando estão juntos e fazendo que o processo de aprendizagem continue quando eles não estão mais juntos, pois a internet auxilia, mas sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, ou seja, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais..., sem contar, é claro, o papel do professor. Sendo assim deixei em aberto a possibilidade de interação no blog poderiam postar os comentários de forma individual ou com seus pares.
Segundo Schmidt e Cainelli (2004), uma nova concepção de documento histórico implica a desconstrução de determinadas imagens canonizadas a respeito do passado, ajudando a tirar o aluno de sua passividade e reduzindo a distância de sua experiência e de seu mundo em relação a outros mundos e outras experiências descritas no discurso didático.
A luz desse documento, alguns alunos postaram que:
Em 1500, numa expedição liderada por Pedro Álvares Cabral os portugueses chegaram ao Brasil e logo se depararam com um povo de características diferentes das suas, que equivocadamente os denominaram índios, por apresentarem características semelhantes à população da Índia. (GLEYSON; TURMA 202/MAT., 2011). (Postagem 01).
Percebemos nessa postagem que houve uma atividade relacional, envolvendo o conteúdo curricular com o saber histórico. Propunha-se uma análise sobre a situação abordada pelo documento, relacionando-a com os personagens e sujeitos históricos representados: o objetivo era a construção de uma critica pelo próprio aluno e a sua aproximação com os contextos históricos abordados.
Os PCNs salientam que o aluno deve criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção, possibilidades potenciais do documento em questão. (BRASIL, 1999).
Cabe observar que a utilização do documento histórico em sala de aula, e o documento virtual, não “substitui” o professor, que tem papel mediador nesse processo de construção do conhecimento.
Outro comentário postado foi:
Pero Vaz de Caminha foi um escrivão responsável pela descrição do “achado” em terras brasileiras por meio de uma carta ai réu Dom Manuel. Em uma de suas colocações ele ressalva o estranho modo de nudez apresentado pelo povo apenas acompanhado por uma extraordinária pintura, além do interesse em troca seus arcos e setas por carapuças e outras coisas lhes dadas (Postagem 02. INGRID NAZÁRIO; TURMA 202/MAT., 2011).
Nesse contexto, nos PCNs pode-se ler que:
O ensino de História, em consonância com a diversidade cultural e o uso das novas linguagens, deve situar as diversas produções da cultura – as linguagens, as artes, a filosofia, a religião, as ciências, as tecnologias e outras manifestações sociais – nos contextos históricos de sua constituição e significação. (BRASIL, 1999, p. 75).
Percebemos na análise postada pela aluna que há certa ironia na palavra “achado”, o que remete à ideia de que quando aqui os portugueses desembarcaram já existia um grupo social, com suas características culturais, religiosas, econômicas..., e que houve um encontro de culturas distintas e, em decorrência, certo estranhamento em relação ao “outro”.
Outra postagem evidencia as relações sexuais entre portugueses e nativos, tratadas de forma irônica, mas que transparece certa compreensão do documento:
Em síntese Pero Vaz de Caminha não só percebe a fácil interação indígena com os desconhecidos, mas também a inocência que o povo tinha em mostrar o corpo descoberto como se fosse o próprio rosto. Ele só não disse se eles pegavam as indígenas... ha há ha, com certeza! (Postagem 03. TAYRO BARBOSA, TURMA 202/MAT., 2011).
Dessa maneira, para os PCNs:
Na história, vista com um processo, os acontecimentos sociais são resultantes de um conjunto de ações humanas interligadas, de duração variável, sucessivas e simultâneas, em vários espaços do convívio social, motivadas por desejos ou necessidades de mudança ou de resistência, pela busca de soluções de problemas, por disputas e confrontos entre agrupamentos de indivíduos, o que gera tensões, conflitos e rupturas e delineia os movimentos da transformação histórica. (BRASIL, 1999, p. 70).
Ou seja, percebem-se nessas postagens/ comentários postados que o aluno observou, no contexto da carta, as entrelinhas de um contato ingênuo dos nativos com os portugueses, e sua possível dominação, e que essa aproximação resultou em possíveis relações sexuais posteriores.
Dessa forma, o blog Construindo HST, ancorado no ensino de História e nas novas linguagens, possibilitou a atuação do aluno como sujeito histórico, proporcionando competências e valores necessários para fazer história, utilizando o conhecimento como mecanismo de intervenção social, proporcionando habilidades como pesquisar, compreender textos, ter autonomia digital e visão crítica.
O uso de documentos, associado à história local, proporciona ao aluno a sua inserção na comunidade da qual faz parte, criando sua própria historicidade e identidade, em uma articulação entre história local, nacional e universal.
Dessa forma, a partir do 2º segundo bimestre de 2011, utilizamos outro documento, gênero carta, como material didático para o blog. Trata-se da carta remetida por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, bem como de todas suas colônias, no período histórico conhecido como União Ibérica (1580-1640) ao governador do Brasil, Gaspar de Sousa, ano de 1612-1615[1].
O planejamento para o desenvolvimento dessa prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos os alunos do 2º ano, turma 202, do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, e ocorreu da seguinte maneira, e com os seguintes tópicos: conteúdo, metodologia, recurso e avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado ao 2º ano do ensino médio, foram: As mudanças territoriais e administrativas do Brasil século XV-XVII, a União Ibérica (1580-1640) e sua relação com as invasões francesas no Maranhão durante o período colonial e A Batalha de Guaxenduba no MA (1615).
A metodologia desenvolvida com os alunos foi a de trabalhar o conteúdo primeiramente sobre a União Ibérica (1580-1640) identificando as mudanças territoriais e administrativas na América portuguesa e no Maranhão durante o período colonial; relacionando a União Ibérica com as invasões francesas no Maranhão e compreendendo a Batalha de Guaxenduba, travada no Maranhão em 1615, entre portugueses e franceses, posteriormente a intervenção em sala de aula, e por fim as postagens feitas na própria escola para quem tinha celular ou em casa para os que tinham computador, a atividade em pares segue a teoria de Vygotsky (1984) que aponta que o par mais experiente exerce um importante papel no desenvolvimento na aprendizagem auxiliando na resolução de problemas que a criança ou adolescente não consegue, de forma autônoma, solucionar.
O recurso utilizado foi à carta remetida por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, impressa e distribuída aos alunos em dupla, e também o livro didático adotado na escola, que trazia o conteúdo sobre a União Ibérica (1580-1640), mas sem nenhuma relação com a História do Maranhão nesse período abordado.
A avaliação dessa atividade foi feita a partir dos comentários postados e acessos feitos ao blog, sendo que no blog estava postado todo o material trabalhado em sala de aula.
Para identificar se os objetivos dessa prática pedagógica foram alcançados analisei os comentários postados no blog, como por exemplo:
Construindo a História disse... Nesse texto do Rei Felipe III ao Governador geral do Brasil D. Gaspar de Souza, relata a expulsão dos Franceses no Maranhão em 1615, e a inserção que há do Brasil – Colônia na União Ibérica em 1580-1640. Nesta carta, o Rei da Espanha manda ordens de expedições irem as Terras do Maranhão para a expulsão dos franceses dessas terras; e também para ganhar a confiança dos nativos dessa região, tudo isso visando o poder e o fortalecimento da região. O objetivo era tentar ganhar a amizade dos índios e conquistar a confiança do líder português, para se beneficiarem (Postagem 1-ISADORA PASSOS; SAFIRA SOUSA; INGRID ISABELA, TURMA 202. MATUTINO).
Nessa postagem podemos identificar que as alunas fazem uma análise da carta a partir do contexto local, quando há a iniciativa por parte da coroa espanhola de realizar amizade com os nativos locais a fim de fortalecer o poderio territorial na região, no contexto da expulsão dos franceses do Maranhão.
Os PCNs História, em suas competências e habilidades, representação e comunicação, apontam para as seguintes recomendações:
Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção e produzir textos analíticos e interpretativos sobre os processos históricos, a partir das categorias e procedimentos próprios do discurso historiográfico. (BRASIL, 1999, p. 28).
Assim relacionando a história local com a nacional de forma crítica os alunos puderam perceber de forma indireta a construção da Educação Histórica, quando explora a fonte (escrita e oral) articulada à teoria, à Consciência Histórica.

A carta do Rei da Espanha conta o período em que no Maranhão, chegaram expedições, com Jerônimo de Albuquerque e vários outros homens com o intuito de expulsar os franceses, que haviam invadido essas terras e se instalados por cerca de três anos. Mesmo os franceses tendo ao seu lado índios e soldados armados, não conseguiram impedir que o objetivo das expedições fosse concretizado, portanto foram expulsos. Após a retirada dos franceses, os que participavam da expedição tentaram amizade e confiança dos índios e do líder português, visando, adquirir poder a essa região, e assim beneficiando-se. (Postagem 2 - AMANDA DRUMONT; CARLOS VERAS; MATHEWS CHAGAS; RODRIGO COSTA, TURMA 202. MATUTINO).
A relação da carta de origem espanhola narrando um conflito local demonstra que houve uma relação critica construída pelos alunos e com propriedade proporcionando meios que estabelecem a relação do seu tempo com outros espaços, ampliando a noção de História local.
O uso do blog permitiu essa relação com uma grande familiaridade (por parte de alguns alunos) e isso tem incomodado os professores que ainda não conseguiram descentrar-se da sala de aula tradicional. Assim como é difícil para os alunos viver situações escolares que julgam chatas e sem sentido, como a aula expositiva, os professores também têm dificuldades em alterar o que tradicionalmente é praticado no contexto educacional: o professor ensina e o aluno aprende.
Sendo assim, os PCNs História revelam que:
Metodologias diversas foram sendo introduzidas, redefinindo o papel da documentação. À objetividade do documento – aquele que fala por si mesmo – se contrapôs sua subjetividade – produto construído e pertencente a uma determinada história. Os documentos deixaram de ser considerados apenas o alicerce da construção histórica, sendo eles mesmos entendidos como parte dessa construção em todos seus momentos e articulações. Passou a existir a preocupação em localizar o lugar de onde falam os autores dos documentos, seus interesses, estratégias, intenções e técnicas. (BRASIL, 1999, p. 22).
Assim, entendemos que novas formas de ensinar e aprender no contexto escolar resulta em renovações teórico-metodológicas no âmbito do ensino de História e das novas concepções pedagógicas. O uso escolar do documento, associado ao uso das novas linguagens virtuais, possibilita ao aluno uma atitude ativa na construção do saber e na resolução de problemas de aprendizagem no mundo virtual.
Noutra postagem:
Construindo a História disse... A carta relata, primeiramente, a saída de Jerônimo de Albuquerque e os homens mandados por ele Do Rio Grande até Pereira (primeira barra do MA). Após tal acontecimento, relata-se o choque que houve entre seus homens e os franceses a tréguas das terras do MA. Os franceses, apesar de estarem acompanhados por índios e soldados armados, não foi capaz de vencer a batalha o que o custou a morte de muitos. Na carta, o Rei Felipe III da Espanha cita as descobertas que fizeram após se assentarem em terra firme. Afirmavam a presença dos franceses a mais de três anos em amizade com os nativos e, portanto há o interesse do mesmo, o que ordena o Rei Felipe III. (Postagem 3-AMANDA LARYSSA; JULIANA ROLIM; LARISSA ALVES).
Na postagem acima enfatizamos a relação que os alunos fazem uma vivência experimentada em reflexão, narrando que o Rei Felipe III da Espanha, tem interesse em explorar a terra a partir do interesse e da fixação dos franceses na mesma.
Esse processo relacional com o documento histórico requer, além da conscientização de uma nova realidade, a formação dos alunos considerando novas necessidades culturais, sociais e econômicas. As reflexões acerca do documento operam por meio da relação entre os seus autores e o contexto histórico de produção.
Nesse contexto, os PCNs História afirmam que:
Na transposição do conhecimento histórico para o nível médio, é de fundamental importância o desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpretação das diversas fontes e testemunhos das épocas passadas – e também do presente. Nesse exercício, deve-se levar em conta os diferentes agentes sociais envolvidos na produção dos testemunhos, as motivações explícitas ou implícitas nessa produção e a especificidade das diferentes linguagens e suportes através dos quais se expressam. (BRASIL, 1999, p. 22).
Entendemos que nenhum documento fala por si, e que a análise de documentos diversos é parte fundamental no ensino de História. Recorrendo novamente aos PCNs História uma das recomendações pedagógicas é: situar as diversas produções da cultura, as linguagens, as tecnologias, posicionar-se diante de fatos presentes a partir da interpretação de suas relações com o passado. (BRASIL, 1999, p. 28).
Percebemos que a análise dos alunos, do documento, por intermédio do uso do blog, proporcionou um espaço de comunicação, e uma situação relacional, em que expressaram a experiência da sua própria aprendizagem, construindo conhecimento a partir da interação social, com os seus colegas de turma, com o professor e com outros indivíduos. A escrita no blog remete a representação do destinatário, a situacionalidade (acesso direto a fontes de informação), contextualização, interdisciplinaridade, e a intencionalidade do ato comunicativo, bem como a coautoria.
Outra potencialidade do uso das novas linguagens e, consequentemente, do blog, está na familiaridade dos alunos com a rede mundial de computadores e seu vocabulário, como: navegação, endereço na internet, site, blog, postar, comentário, pesquisar, editar, blog, login, e-mail, post, link, etc.
Dessa forma, com a utilização de documentos, dentro do ambiente escolar, foi possível coadunar a realidade vivenciada pelos alunos, pautada em uma sociedade da informação, com o ensino de História. Tomando como exemplo essa experiência pedagógica, a partir da utilização de fontes primárias de pesquisa, e do blog, fonte virtual, como instrumento e objeto de comunicação e coautoria, e do professor, aqui no papel de mediador, organizando, intervindo e orientando os alunos, de forma que foi possível desenvolver novos níveis de conceitualização sobre a disciplina História, visto que a História como disciplina também deve acompanhar os avanços tecnológicos.
Em síntese, temos no uso de um blog pedagógico a possibilidade de mediação no processo ensino-aprendizagem, haja vista seu caráter comunicacional, relacional, sendo uma ferramenta pedagógica virtual, que contribui no aspecto da produção textual, sobretudo, pelo favorecimento da autonomia digital.
Segundo esse entendimento, está presente a percepção do papel do professor para além da responsabilidade pela organização e emissão de conceitos prontos e acabados, vazios de significados.
Pois, segundo Moran (2008, p. 109-228):
Ensinar e aprender exige hoje, mas flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdo fixos e processos mais abertos de pesquisa e comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nos e conseguir integrá-la dentro da nossa mente e da nossa vida. A aquisição da informação, dos dados, dependera cada vez menos do professor as tecnologias podem trazer dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor- o papel principal- é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
Fica claro que os processos de ensino aprendizagem hoje estão fortemente marcados pelo uso das TICs. O uso do blog pedagógico pode incentivar a construção de conhecimento no início do século XXI. A internet, no contexto educacional, tem servido como uma ferramenta de aprendizagem por meio da facilitação da procura de fontes de informações no mundo exterior, colocando-os no contexto da vida real, pois os hábitos do mundo de hoje mudaram e os alunos modificaram suas rotinas diárias, comunicando-se sem barreiras, muitas vezes preferindo as mensagens virtuais e não mais o espaço físico da sala de aula.
Assim, o ensino de História para a diversidade cultural e as novas linguagens é um processo em construção, pois experimenta diferentes momentos no que se refere aos conteúdos a serem ensinados, as finalidades de seu ensino e aos métodos que devem ser empregados, no caminho de uma educação histórica que produza conhecimentos de forma presencial ou virtual, no processo de fazer, de construir a História.
As tecnologias da informação e comunicação proporcionam ao aluno possibilidades habituais de seu uso, através da construção de um texto, do ato de pesquisar, relacionar informações e conhecer culturas diversas, dentre outras possibilidades. No entanto, cabe ao professor mediar o mesmo em suas pesquisas, envolvendo o conteúdo da sua disciplina, pois, os nossos alunos, nasceram dentro desse ambiente virtual e tecnológico, e tendo muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, o professor passa a ser o mediador da construção de conhecimento diante de tal ferramenta.
O professor deve ter uma constante reflexão sobre sua prática, sendo conforme Pimenta (1999) um professor crítico e reflexivo, assim através de minha reflexão sobre a experiência de ter passado a senha de acesso do blog aos alunos do 2º ano do Centro de Ensino Liceu Maranhense, durante o período de férias com o objetivo dos mesmos também contribuírem com postagens de textos e vídeos, sobre São Luís, (atividade em anexo), o resultado foi uma imagem pornográfica na pagina inicial do mesmo, o que acarretou a remoção do blog do ambiente virtual e constrangimento diante dos alunos e escola e durante um tempo um afastamento das práticas pedagógicas virtuais.
Essa experiência me fez refletir sobre os caminhos que as novas linguagens virtuais podem levar não apenas professores, mas também alunos à incerteza, ou ao crime virtual sem nenhuma noção sobre suas consequências e malefícios, sendo de suma importância um mediador, pois, os nossos alunos, nasceram nesse ambiente virtual e tecnológico, tendo muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, mas não a responsabilidade efetiva e critica assim o professor passa a ser o mediador da construção de conhecimento diante de tal ferramenta.
Pensando nessa configuração é que nos propomos a alocar essas práticas pedagógicas em um blog pedagógico com o objetivo de tornar mais próximo essa realidade virtual dos professores.



[1] Ver: Mariz; Provençal (2007, p. 203-207).

PROJETO A FOTOGRAFIA E A MATERIALIZAÇÃO DA MEMÓRIA ESCOLAR



APOIO A PROJETOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS NAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MARANHÃO EDITAL FAPEMA Nº 018/2017 – COM CIÊNCIA CULTURAL


CENTRO DE ENSINO INTEGRAL PROFESSORA MARIA MÔNICA VALE
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
DISCIPLINA: HISTÓRIA



1 INTRODUÇÃO

A fotografia, além de ser o registro dos locais, fatos e pessoas que nos é importante, nos leva a lugares que ainda não visitamos, pode também ser considerada como uma fonte importante de dados, fatos e informações que se soubermos explorar corretamente a transforma em um poderoso recurso didático (TURAZZI, 2005).
A fotografia, invenção burguesa do século XIX, segundo Sontag (1996) possibilitou no campo da educação a ampliação no cotidiano da sala de aula, o processo de comunicação proveniente da utilização da imagem fotográfica como material de apoio didático, podendo viabilizar uma prática educacional mais direcionada à formação de cidadãos críticos, desde que, forneça suporte para que a aprendizagem seja realmente efetivada, procurando um lugar onde seja possível a comunicação do indivíduo com seus pares, possibilitando troca de conhecimentos, informações e novas descobertas.
Para Martins (2008) na sociedade da informação, vivemos um consumo excessivo de imagens, principalmente com a utilização do celular, onde o fundamental é saber interpretá-las, ou ressignificá-la de modo que, o indivíduo seja capaz de desvendar seus vários sentidos, onde a mesma, emoldura o tempo e organiza experiências passadas acusando a passagem vertiginosa da vida.
Para Mignot (2003) a fotografia conta histórias, revela o ambiente, fala sobre as pessoas e contribui para fixar a lembrança, evitar o esquecimento, garantindo um lugar na posteridade.
Segundo Hobsbawn (1994, p. 87) as imagens do inicio do século XX, se restringiam aos museus, comprometidos com a consolidação da memória nacional, largamente praticada na Europa, as mesmas desempenharam um papel pedagógico de caráter narrativo, ufanista e alegórico, vinculados a interesses políticos contextualizados.
A fotografia naquele momento não tinha a função de ser fiel a realidade e sim, representava um documento de caráter positivista, era prova documental de um determinado acontecimento. Posteriormente, na década de 40 do século XX, com o surgimento da Escola de Annales desenvolve-se a valorização do cotidiano, da vida privada e da micro história e nesse contexto a fotografia foi parceira para a reconstrução do passado.
O que se percebe é que ao longo do século XX, a fotografia enquanto documento visual adquire um espaço no trabalho do historiador passando a ser uma fonte de pesquisa histórica relacionada à preocupação de se estudar as diversas dimensões da vida social.
 A fotografia, segundo Sontag (1986) passou a ser o registro por fiel que, por meios gestos captados a imagem deixa indícios de modos de fazer, de viver e de pensar dos homens com suas gravuras, mapas, gráficos, pinturas, lembranças, utensílios, ferramentas, festas, cerimônias, rituais, intervenções na paisagem, edificações etc. As fontes iconográficas passaram a ter variados sentidos literário, poético e jornalístico, etc.
Assim, se liberadas de seu compromisso de registro, do vínculo com a realidade histórica hegemônica localizada no tempo passado, nesse momento ela é capaz de permitir narrar novas histórias, construir outras identidades, revelar outros passados, fundar uma memória. (PEIXOTO, 1998).
O uso da fotografia na prática pedagógica da disciplina História não se pretende apoiar meramente a exposição de fotografias (imagens) no ambiente escolar, apenas com o objetivo de reforçar os textos do material oferecido aos alunos como comumente vemos nos livros didáticos.
De acordo com Bittencourt (1997) ela é mais do que isso, torna-se um desafio para a aprendizagem, local de descobertas coletivas, num ambiente motivador e inovador em que a participação de cada um seja incentivadora para a construção de conhecimento coletivo, na medida em que está evidente a dificuldade de leitura contextualizada partindo da sua própria compreensão, dos seus próprios questionamentos, evocando com isso uma leitura crítica da realidade.
Diante da necessidade de uma quebra de paradigma educativo, o uso da fotografia na disciplina História contribui para o rompimento de uma aprendizagem fragmentada, e a fotografia tem se mostrado uma importante ferramenta no trabalho interdisciplinar resultando no olhar que analisa a cultura escolar possibilitando a materialização de uma memória a ser preservada como fonte de informação para a pesquisa histórica.
O papel do professor no ambiente de sala de aula poderá ser orientador e instigador para que o aluno aprenda, no entanto esse comportamento motivador depende de práticas pedagógicas inovadoras e dentre estas destacamos o uso da fotografia especificamente no ensino da disciplina História, onde se pode-se registrar o presente através dessa ferramenta que no contexto atual pode ser inovador. Inovador no sentido de que passa a ser utilizada como campo de investigação e não elemento ilustrativo, com objetivos claros, fornecendo a possibilidade de uma releitura da cultura escolar captado na fotografia.
A historiografia das instituições escolares e seus sujeitos escolares tendo com aporte teórico a Historia Cultural nos direcionam para relatos orais e memórias esquecidas e não conhecidas, ate então, pois segundo Nunes (2003, p.15) “as escolas são celeiros de memórias, espaços nos quais se tece parte da memória social”. Através da fotografia de professores, alunos e comunidade escolar, e suas praticas pedagógicas e contextos, podemos conhecer a história da sociedade que a gerou, uma vez que a educação não é um fenômeno neutro e esta diretamente ligada aos ocorridos da sociedade.
Nesse sentido o uso da fotografia possibilita ao professor criar novos caminhos e novas alternativas de ensinar, aprender e avaliar através desse recurso didático prático e inovador na sala de aula da escola básica que durante muito tempo somente utilizou o quadro, o livro didático e a figura do professor como transmissor de informações.
O professor de História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias; o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançar os germes do histórico. Ele é o responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vista. Ao professor cabe ensinar o aluno a levantar problemas e a reintegrá-los num conjunto mais vasto de outros problemas em problemáticas. (SCHMIDT, 2004, p. 57)
Assim, é que o presente projeto tem por objetivo utilizar a fotografia como materialização da memória escolar. Dessa forma, as questões que propõem esse projeto de pesquisa estão pautadas nas seguintes proposições, a partir da utilização do celular como suporte para a utilização da fotografia: Como a fotografia contribui para a construção e reconstrução da cultura escolar e da memória da história da educação da capital do Maranhão? Como alunos e professores percebem as mudanças da cultura escolar no espaço tempo no ambiente escolar através da fotografia?
Nosso projeto esta voltado para o eixo temático sugerido no edital: Educação patrimonial: patrimônio material e imaterial, memória e identidade: Atividades participativas de formação cultural e aprendizado que promovam vivências, pesquisas e valorização de bens culturais de natureza material e imaterial referentes à memória e identidade cultural (monumentos e obras de arte, modos de vida, festas, comidas, danças, brincadeiras, palavras e expressões, produção de materiais didáticos, dentre outras atividades), e Educação museal, atividades de formação cultural e aprendizado que promovam a identificação, pesquisa, seleção, coleta, preservação, registro, exposição e divulgação de objetos, expressões culturais materiais e imateriais e de valorização do meio-ambiente e dos saberes da comunidade, bem como a utilização de tecnologias educacionais para a interpretação e difusão do patrimônio cultural.

2. JUSTIFICATIVA
Acreditamos que o desenvolvimento desta pesquisa no âmbito escolar é de suma importância, pois podemos pensar a pesquisa no processo ensino aprendizagem como uma mediação de construção de conhecimento, tornando possível que o estudante compreenda que o saber ensinado é construído, oportunizando o problematizar relacionado ao conhecimento histórico escolar, objetivando a construção, a análise e a interpretação da cultura escolar através da utilização da fotografia.
Para Martins (2008) a fotografia é um testemunho visual que requer uma leitura específica e como fonte de informação histórica a imagem fotográfica introduz uma nova dimensão no conhecimento histórico, assim o desafio para o professor que busca utilizar a fotografia como objeto de ensino esta justamente na interpretação da fotografia que, no entanto não está somente na fotografia, mas também no contexto da época da mesma e na sua relação com o conteúdo ministrado nesse momento.
Assim, a importância do uso da fotografia como atividade ensino ajuda a desenvolver o olhar critico do aluno, levantando questionamento sobre o assunto estudado e ao mesmo tempo cria a necessidade de saber olhar atenciosamente o passado no presente transformando a prática escolar, ou seja, inovando no interior da escola e possibilitando uma prática pedagógica inovadora no ambiente escolar, na relação professor e alunos e na aprendizagem do conteúdo histórico.

3 OBJETIVOS

3.1  Objetivo geral

Registrar e preservar a cultura escolar através do uso da fotografia com o objetivo de inventariar memórias do cotidiano escolar que permeiam sujeitos escolares (alunos, professores e comunidade) inscrevendo tais registros materiais na história das relações sociais e educacionais, e em particular na cultura do contexto escolar pesquisado.

3.2 Objetivos específicos

a)    Analisar a contribuição do uso da fotografia como ferramenta pedagógica no processo ensino aprendizagem e de interação em sala de aula;
b)    Contribuir para a construção e reconstrução da cultura escolar e da memória da história da educação da capital do Maranhão
c)     Analisar as mudanças da cultura escolar no espaço tempo no ambiente escolar através da fotografia
d)    Destacar os benefícios da interação na construção do conhecimento crítico, individual e coletivo de aprendizagem com o uso da fotografia.












4 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Os PCNs (1998) apontam que o ensino de História deve proporcionar habilidade e competências que direcione o processo ensino aprendizagem com a construção do conhecimento e da pesquisa. Apesar de tantas inovações tecnológicas levadas a escola, ainda há uma centralização na aquisição de conteúdos de forma mecanicista por parte dos alunos, sendo o professor o centro do processo do ensino aprendizagem, utilizando uma metodologia tradicional, sem haver uma preocupação direcionada a utilização pedagógica da fotografia.
A utilização da fotografia no ambiente escolar requer que o professor proporcione ao aluno capacidade de criar, explorar, inovar, buscar respostas para os desafios propostos, sendo um participante ativo, com autonomia no processo de construção da sua própria aprendizagem.
O professor de qualquer disciplina curricular necessita desenvolver atividades significativas, repensando seus objetivos com relação à inserção da fotografia no ambiente escolar, criando novas formas de aprendizagens, onde a aprendizagem do aluno seja o ponto central.
Entendemos que a implantação da fotografia na escola implica mudanças pedagógicas necessárias para superação do paradigma fabril. Nesse sentido, sensibilizar e estimular atitudes favoráveis diante do uso da fotografia na educação como elementos estruturantes de diferentes possibilidades de práticas educativas é de suma importância. Portanto, os professores precisam aprender a gerenciar novos espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção.
Portanto, evidencia-se a necessidade de instaurar uma educação pautada em uma perspectiva inovadora contribuindo para a construção de um cidadão que participe ativamente da sociedade da informação e não apenas um homem para o mercado de trabalho.
A utilização da fotografia passa a ser uma importante ferramenta para a inovação na disciplina História, cria condições para que o aluno adquira potencialidade para produzir suas próprias visões acerca da História, podendo relacionar a história oficial com sua historia local e ou outras histórias de regiões diferentes através do registro fotográfico.
Segundo Proença (2007) o professor ao optar pelo recurso da História local como método de ensino, deve estar atento a alguns aspectos que antecedem o trabalho em sala de aula. Através de fontes históricas como os documentos, fotografias, discursos, museus, bibliotecas e etc. e no próprio meio da localidade, o aluno passa a ser produtor de seu próprio conhecimento, sendo um novo recurso a ser explorado, propiciando ao mesmo uma nova visão acerca do acontecimento histórico. Como afirma Freire (1987, p. 81), “ensinar não é a simples transmissão do conhecimento em torno do objeto ou do conteúdo. A transmissão que se faz muito mais através da pura descrição do conceito do objeto a ser mecanicamente memorizado pelos alunos.”
Bittencourt (1997) analisando o livro didático de História diz que o uso da imagem no ensino de História, faz lembrar século XIX, quando o professor Jonathas Serrano, do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, apontava a importância da imagem como instrumento didático, pois segundo ele possibilita aos alunos “concretizar noções abstratas [...] e presenciar outras experiências não vivenciadas por eles.” (BITTENCOURT, 1997, p. 70). A autora orienta para uma metodologia de ensino de História, de forma a relacionar texto e imagem possibilitando uma leitura crítica das ilustrações contidas no livro didático.
Molina (2007) em seu artigo “Ensino de História e Imagens: possibilidades de pesquisa”, ao abordar a questão da leitura das imagens em sala de aula, afirma que os professores, apesar de reconhecerem “as potencialidades da imagem enquanto ferramenta de comunicação pedagógica”,  utilizam estas imagens em suas aulas de forma a transmitir, e não mediar, os conteúdos aos alunos, numa tentativa de “motivá-los em um momento de aprendizagem, captar a atenção ou estabelecer conexões com temas apresentados.” (MOLINA, 2007, p. 24).
A autora defende que (...) as imagens usadas em sala de aula não devem sê-lo gratuitamente, mas é necessário conhecer seus componentes semânticos para adequá-los aos objetivos propostos.
Assim, o desafio e o limite imposto ao professor de história serão o de redimensionar e explorar as competências específicas da imagem, não somente para motivar e envolver, mas reelaborar, recodificar, ordenar e organizar conceitos.  (MOLINA, 2007, p. 25)
Enfim percebe-se que os debates no campo do ensino de História vêm abrindo processo de ensino e aprendizagem e na construção do conhecimento histórico pelos alunos, entendendo que o uso da fotografia através de uma metodologia investigativa, comparada com o trabalho do investigador, onde o aluno interage com o conhecimento, é o sujeito da ação, tendo o professor como mediador nesse processo de elaboração de novas possibilidades de aprender e ensinar História. O desafio nesta modalidade de ensino-aprendizagem é o de alterar o papel do professor que, apesar de continuar exercendo sua função de mestre, passa a ser o mediador do aprendizado, ao provocar situações que propiciam o desenvolvimento da inteligência coletiva.


5 METODOLOGIA
A abordagem teórica metodológica que será utilizada no presente projeto será pautada a partir do registro fotográfico, com o objetivo de apreender o contexto investigado e seus sujeitos envolvidos.
As fontes iconográficas, no caso a fotografia, são intrinsecamente diferentes das fontes escritas, mas, sobretudo remente a uma linguagem não menos importante, sendo construtoras de narrativas e articuladora da linguagem com a experiência social do individuo, representando uma das formas como o sujeito se compreende num determinado contexto.
Utilizaremos o Diário de Campo como instrumento de registro das fotografias. Para Minayo (2008, p. 63-64), o diário de campo é pessoal e intransferível. Sobre ele o pesquisador se debruça no intuito de construir detalhes que no seu somatório vai congregar os diferentes momentos da pesquisa. Enfatiza a autora que este ato demanda um uso sistemático que se estende desde o primeiro momento da ida ao campo até a fase final da investigação, pois quanto mais for de anotações esse diário, maior será o auxilio que oferecerá a discussão e a análise do objeto estudado.
Como técnica de recolha de dados, a análise iconográfica pode ser utilizada de forma isolada ou conjugada a outras informações coletadas, objetivando um caráter de interpretação e compreensão do contexto cultural do objeto de pesquisa. Após a coleta dos dados, a etapa seguinte da investigação é a interpretação das fotografias, estes dois processos apesar de conceitualmente distintos, aparecem sempre estritamente relacionados. A análise tem por finalidade analisar e diagnosticar os dados de forma tal que possibilite o fornecimento de respostas ao problema proposto para a investigação e a interpretação das fotografias poderá nos fornecer informações para consubstanciar respostas ao nosso problema inicial bem como contribuir para uma nova pesquisa.
O contexto registrado será Centro de Ensino Médio integral Professora Maria Mônica Vale, localizado no bairro do Vinhais, tendo aproximadamente 540 alunos,  sendo umas das primeiras escolas de tempo integral do Maranhão, possui 24 professores, além de administrativos e operacionais, e seus sujeitos escolares, em particular focando as relações do universo escolar e educativo, o que possibilitara o registro iconográfico da cultura escolar e sobretudo de histórias e memórias sobre o contexto pesquisado. Utilizaremos também material bibliográfico especifico sobre a temática para fundamentação teórica e outros tipos de fontes.


sábado, 10 de março de 2018

Governo se reúne com proponentes de projetos selecionados pelo edital Com Ciência Cultural

Governo se reúne com proponentes de projetos selecionados pelo edital Com Ciência Culturalhttp://www.educacao.ma.gov.br/governo-se-reune-com-proponentes-de-projetos-selecionados-pelo-edital-com-ciencia-cultural
Realizada, na tarde desta terça-feira (7), a primeira reunião técnica de articulação e alinhamento das ações a serem desenvolvidas nos projetos selecionados pelo edital Com Ciência Cultural, promovido pela Secretaria de Estado da Educação (Seduc) em parceria com as secretarias de Estado de Cultura e Turismo (Sectur) e de Ciência e Tecnologia (Secti), por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa e ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Fapema).
O Com Ciência Cultural foi criado pelo Governo do Maranhão em 2017 com o objetivo de apoiar projetos que induzam o encontro entre o fazer pedagógico das escolas e as experiências artísticas e culturais em curso nas comunidades.
Na reunião, coordenada pela Seduc, por meio da Secretaria Adjunta de Programas e Projetos Especiais (SAPPE), os coordenadores das escolas e os proponentes dos projetos selecionados apresentaram documentação impressa e fizeram uma exposição oral do que se trata a proposta, como será desenvolvida, e qual será o cronograma de execução.
No total, 87 projetos foram inscritos no ano passado, 31 foram selecionados, sendo 15 na capital e 16 no interior do estado. Os projetos foram contemplados com recursos na ordem de até R$ 15 mil para o desenvolvimento de ações artísticas e culturais nas escolas estaduais, pelo período mínimo de seis meses e máximo de dez meses.

Governo se reúne com proponentes de projetos selecionados pelo edital Com Ciência Cultural
“Nós estamos alinhando as ações para que possamos iniciar os trabalhos. Temos diversos trabalhados interessantes que vão contribuir com a aprendizagem dos nossos jovens e para a melhoria da qualidade da educação. São projetos que usam a música para discutir a pedagogia escolar, projeto que aborda a linguagem de Libras, projeto voltado para a fotografia, para a literatura, para arte da capoeira, entre outros, que vão mobilizar as escolas e melhorar a aprendizagem”, disse Ismael Cardoso, secretário adjunto da Sappe.
O Centro de Ensino de Apoio à Pessoa com Surdez, no bairro da Alemanha, por exemplo, vai envolver 30 alunos e professores coordenadores dos grupos de pesquisa e trabalho, para desenvolver o projeto ‘Comunicas em Libras Maranhão’.
“O nosso projeto tem por objetivo registrar os sinais que são utilizados pela comunidade surda aqui em São Luís, tanto em material impresso, quanto em vídeos. Registrar os sinais referentes aos pontos históricos, pratos típicos de São Luís, manifestações culturais locais. Ou seja, é registrar aspectos da nossa história em língua de sinais”, destacou Rosilane Martins, professora/intérprete do CAS.
O Centro de Ensino Maria do Socorro Almeida, no bairro São Cristóvão, vai desenvolver o projeto ‘Cantos em Contos o Meu Lugar é uma Ilha’.
“O nosso projeto tem por objetivo reunir histórias das comunidades do entorno da escola, com viés da matriz africana e da matriz indígena. A partir de pesquisas e oficinas de arte que envolve literatura, contação de história, produção de texto e ilustração, vamos produzir um livro com os alunos da nossa escola que conte sobre as memórias e sobre as histórias das famílias, dos bairros e a cidade onde eles moram”, disse Claudia Matos, professora do Centro de Ensino Maria do Socorro Almeida.
O Centro Educa Mais Maria Mônica Vale, no Bairro do Vinhais, uma das primeiras escolas de Educação Integral do Maranhão, vai trabalhar ‘A Fotografia e Materialização da Memória Escolar’.
“A proposta é a gente trabalhar com as temáticas dentro do âmbito escolar. Assim, vamos trabalhar com questões de gêneros, datas comemorativas, utensílios, ou seja, a materialização daquilo que atualmente não fazemos mais, que é fazer a fotografia, em si, porque hoje a gente usa muito da imagem no celular. Então a nossa ideia é registrar em fotografia a história da nossa escola para a posteridade”, Ana Paula dos Santos Reinaldo, professora de História e proponente do projeto.
“Muitos projetos já estão em andamento nas escolas, outros serão iniciados agora. Os projetos selecionados abordam vários eixos temáticos, desde cultura afro-brasileira, cultura indígena, patrimônio imaterial, territórios afetivos, enfim, diversos eixos onde cada proponente apresentou um projeto, que agora será desenvolvido. As ações dos projetos serão acompanhadas pela Sappe”, destacou Maurício Nunes, coordenador do projeto Com Ciência Cultural.
Fonte: Seduc
Fotos: Divulgação
08/03/18

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