domingo, 18 de março de 2018

PROJETO A FOTOGRAFIA E A MATERIALIZAÇÃO DA MEMÓRIA ESCOLAR



APOIO A PROJETOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS NAS ESCOLAS ESTADUAIS DO MARANHÃO EDITAL FAPEMA Nº 018/2017 – COM CIÊNCIA CULTURAL


CENTRO DE ENSINO INTEGRAL PROFESSORA MARIA MÔNICA VALE
ÁREA DE CIÊNCIAS HUMANAS
DISCIPLINA: HISTÓRIA



1 INTRODUÇÃO

A fotografia, além de ser o registro dos locais, fatos e pessoas que nos é importante, nos leva a lugares que ainda não visitamos, pode também ser considerada como uma fonte importante de dados, fatos e informações que se soubermos explorar corretamente a transforma em um poderoso recurso didático (TURAZZI, 2005).
A fotografia, invenção burguesa do século XIX, segundo Sontag (1996) possibilitou no campo da educação a ampliação no cotidiano da sala de aula, o processo de comunicação proveniente da utilização da imagem fotográfica como material de apoio didático, podendo viabilizar uma prática educacional mais direcionada à formação de cidadãos críticos, desde que, forneça suporte para que a aprendizagem seja realmente efetivada, procurando um lugar onde seja possível a comunicação do indivíduo com seus pares, possibilitando troca de conhecimentos, informações e novas descobertas.
Para Martins (2008) na sociedade da informação, vivemos um consumo excessivo de imagens, principalmente com a utilização do celular, onde o fundamental é saber interpretá-las, ou ressignificá-la de modo que, o indivíduo seja capaz de desvendar seus vários sentidos, onde a mesma, emoldura o tempo e organiza experiências passadas acusando a passagem vertiginosa da vida.
Para Mignot (2003) a fotografia conta histórias, revela o ambiente, fala sobre as pessoas e contribui para fixar a lembrança, evitar o esquecimento, garantindo um lugar na posteridade.
Segundo Hobsbawn (1994, p. 87) as imagens do inicio do século XX, se restringiam aos museus, comprometidos com a consolidação da memória nacional, largamente praticada na Europa, as mesmas desempenharam um papel pedagógico de caráter narrativo, ufanista e alegórico, vinculados a interesses políticos contextualizados.
A fotografia naquele momento não tinha a função de ser fiel a realidade e sim, representava um documento de caráter positivista, era prova documental de um determinado acontecimento. Posteriormente, na década de 40 do século XX, com o surgimento da Escola de Annales desenvolve-se a valorização do cotidiano, da vida privada e da micro história e nesse contexto a fotografia foi parceira para a reconstrução do passado.
O que se percebe é que ao longo do século XX, a fotografia enquanto documento visual adquire um espaço no trabalho do historiador passando a ser uma fonte de pesquisa histórica relacionada à preocupação de se estudar as diversas dimensões da vida social.
 A fotografia, segundo Sontag (1986) passou a ser o registro por fiel que, por meios gestos captados a imagem deixa indícios de modos de fazer, de viver e de pensar dos homens com suas gravuras, mapas, gráficos, pinturas, lembranças, utensílios, ferramentas, festas, cerimônias, rituais, intervenções na paisagem, edificações etc. As fontes iconográficas passaram a ter variados sentidos literário, poético e jornalístico, etc.
Assim, se liberadas de seu compromisso de registro, do vínculo com a realidade histórica hegemônica localizada no tempo passado, nesse momento ela é capaz de permitir narrar novas histórias, construir outras identidades, revelar outros passados, fundar uma memória. (PEIXOTO, 1998).
O uso da fotografia na prática pedagógica da disciplina História não se pretende apoiar meramente a exposição de fotografias (imagens) no ambiente escolar, apenas com o objetivo de reforçar os textos do material oferecido aos alunos como comumente vemos nos livros didáticos.
De acordo com Bittencourt (1997) ela é mais do que isso, torna-se um desafio para a aprendizagem, local de descobertas coletivas, num ambiente motivador e inovador em que a participação de cada um seja incentivadora para a construção de conhecimento coletivo, na medida em que está evidente a dificuldade de leitura contextualizada partindo da sua própria compreensão, dos seus próprios questionamentos, evocando com isso uma leitura crítica da realidade.
Diante da necessidade de uma quebra de paradigma educativo, o uso da fotografia na disciplina História contribui para o rompimento de uma aprendizagem fragmentada, e a fotografia tem se mostrado uma importante ferramenta no trabalho interdisciplinar resultando no olhar que analisa a cultura escolar possibilitando a materialização de uma memória a ser preservada como fonte de informação para a pesquisa histórica.
O papel do professor no ambiente de sala de aula poderá ser orientador e instigador para que o aluno aprenda, no entanto esse comportamento motivador depende de práticas pedagógicas inovadoras e dentre estas destacamos o uso da fotografia especificamente no ensino da disciplina História, onde se pode-se registrar o presente através dessa ferramenta que no contexto atual pode ser inovador. Inovador no sentido de que passa a ser utilizada como campo de investigação e não elemento ilustrativo, com objetivos claros, fornecendo a possibilidade de uma releitura da cultura escolar captado na fotografia.
A historiografia das instituições escolares e seus sujeitos escolares tendo com aporte teórico a Historia Cultural nos direcionam para relatos orais e memórias esquecidas e não conhecidas, ate então, pois segundo Nunes (2003, p.15) “as escolas são celeiros de memórias, espaços nos quais se tece parte da memória social”. Através da fotografia de professores, alunos e comunidade escolar, e suas praticas pedagógicas e contextos, podemos conhecer a história da sociedade que a gerou, uma vez que a educação não é um fenômeno neutro e esta diretamente ligada aos ocorridos da sociedade.
Nesse sentido o uso da fotografia possibilita ao professor criar novos caminhos e novas alternativas de ensinar, aprender e avaliar através desse recurso didático prático e inovador na sala de aula da escola básica que durante muito tempo somente utilizou o quadro, o livro didático e a figura do professor como transmissor de informações.
O professor de História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias; o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançar os germes do histórico. Ele é o responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vista. Ao professor cabe ensinar o aluno a levantar problemas e a reintegrá-los num conjunto mais vasto de outros problemas em problemáticas. (SCHMIDT, 2004, p. 57)
Assim, é que o presente projeto tem por objetivo utilizar a fotografia como materialização da memória escolar. Dessa forma, as questões que propõem esse projeto de pesquisa estão pautadas nas seguintes proposições, a partir da utilização do celular como suporte para a utilização da fotografia: Como a fotografia contribui para a construção e reconstrução da cultura escolar e da memória da história da educação da capital do Maranhão? Como alunos e professores percebem as mudanças da cultura escolar no espaço tempo no ambiente escolar através da fotografia?
Nosso projeto esta voltado para o eixo temático sugerido no edital: Educação patrimonial: patrimônio material e imaterial, memória e identidade: Atividades participativas de formação cultural e aprendizado que promovam vivências, pesquisas e valorização de bens culturais de natureza material e imaterial referentes à memória e identidade cultural (monumentos e obras de arte, modos de vida, festas, comidas, danças, brincadeiras, palavras e expressões, produção de materiais didáticos, dentre outras atividades), e Educação museal, atividades de formação cultural e aprendizado que promovam a identificação, pesquisa, seleção, coleta, preservação, registro, exposição e divulgação de objetos, expressões culturais materiais e imateriais e de valorização do meio-ambiente e dos saberes da comunidade, bem como a utilização de tecnologias educacionais para a interpretação e difusão do patrimônio cultural.

2. JUSTIFICATIVA
Acreditamos que o desenvolvimento desta pesquisa no âmbito escolar é de suma importância, pois podemos pensar a pesquisa no processo ensino aprendizagem como uma mediação de construção de conhecimento, tornando possível que o estudante compreenda que o saber ensinado é construído, oportunizando o problematizar relacionado ao conhecimento histórico escolar, objetivando a construção, a análise e a interpretação da cultura escolar através da utilização da fotografia.
Para Martins (2008) a fotografia é um testemunho visual que requer uma leitura específica e como fonte de informação histórica a imagem fotográfica introduz uma nova dimensão no conhecimento histórico, assim o desafio para o professor que busca utilizar a fotografia como objeto de ensino esta justamente na interpretação da fotografia que, no entanto não está somente na fotografia, mas também no contexto da época da mesma e na sua relação com o conteúdo ministrado nesse momento.
Assim, a importância do uso da fotografia como atividade ensino ajuda a desenvolver o olhar critico do aluno, levantando questionamento sobre o assunto estudado e ao mesmo tempo cria a necessidade de saber olhar atenciosamente o passado no presente transformando a prática escolar, ou seja, inovando no interior da escola e possibilitando uma prática pedagógica inovadora no ambiente escolar, na relação professor e alunos e na aprendizagem do conteúdo histórico.

3 OBJETIVOS

3.1  Objetivo geral

Registrar e preservar a cultura escolar através do uso da fotografia com o objetivo de inventariar memórias do cotidiano escolar que permeiam sujeitos escolares (alunos, professores e comunidade) inscrevendo tais registros materiais na história das relações sociais e educacionais, e em particular na cultura do contexto escolar pesquisado.

3.2 Objetivos específicos

a)    Analisar a contribuição do uso da fotografia como ferramenta pedagógica no processo ensino aprendizagem e de interação em sala de aula;
b)    Contribuir para a construção e reconstrução da cultura escolar e da memória da história da educação da capital do Maranhão
c)     Analisar as mudanças da cultura escolar no espaço tempo no ambiente escolar através da fotografia
d)    Destacar os benefícios da interação na construção do conhecimento crítico, individual e coletivo de aprendizagem com o uso da fotografia.












4 FUNDAMENTAÇÃO TEORICA

Os PCNs (1998) apontam que o ensino de História deve proporcionar habilidade e competências que direcione o processo ensino aprendizagem com a construção do conhecimento e da pesquisa. Apesar de tantas inovações tecnológicas levadas a escola, ainda há uma centralização na aquisição de conteúdos de forma mecanicista por parte dos alunos, sendo o professor o centro do processo do ensino aprendizagem, utilizando uma metodologia tradicional, sem haver uma preocupação direcionada a utilização pedagógica da fotografia.
A utilização da fotografia no ambiente escolar requer que o professor proporcione ao aluno capacidade de criar, explorar, inovar, buscar respostas para os desafios propostos, sendo um participante ativo, com autonomia no processo de construção da sua própria aprendizagem.
O professor de qualquer disciplina curricular necessita desenvolver atividades significativas, repensando seus objetivos com relação à inserção da fotografia no ambiente escolar, criando novas formas de aprendizagens, onde a aprendizagem do aluno seja o ponto central.
Entendemos que a implantação da fotografia na escola implica mudanças pedagógicas necessárias para superação do paradigma fabril. Nesse sentido, sensibilizar e estimular atitudes favoráveis diante do uso da fotografia na educação como elementos estruturantes de diferentes possibilidades de práticas educativas é de suma importância. Portanto, os professores precisam aprender a gerenciar novos espaços e a integrá-los de forma aberta, equilibrada e inovadora. Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção.
Portanto, evidencia-se a necessidade de instaurar uma educação pautada em uma perspectiva inovadora contribuindo para a construção de um cidadão que participe ativamente da sociedade da informação e não apenas um homem para o mercado de trabalho.
A utilização da fotografia passa a ser uma importante ferramenta para a inovação na disciplina História, cria condições para que o aluno adquira potencialidade para produzir suas próprias visões acerca da História, podendo relacionar a história oficial com sua historia local e ou outras histórias de regiões diferentes através do registro fotográfico.
Segundo Proença (2007) o professor ao optar pelo recurso da História local como método de ensino, deve estar atento a alguns aspectos que antecedem o trabalho em sala de aula. Através de fontes históricas como os documentos, fotografias, discursos, museus, bibliotecas e etc. e no próprio meio da localidade, o aluno passa a ser produtor de seu próprio conhecimento, sendo um novo recurso a ser explorado, propiciando ao mesmo uma nova visão acerca do acontecimento histórico. Como afirma Freire (1987, p. 81), “ensinar não é a simples transmissão do conhecimento em torno do objeto ou do conteúdo. A transmissão que se faz muito mais através da pura descrição do conceito do objeto a ser mecanicamente memorizado pelos alunos.”
Bittencourt (1997) analisando o livro didático de História diz que o uso da imagem no ensino de História, faz lembrar século XIX, quando o professor Jonathas Serrano, do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, apontava a importância da imagem como instrumento didático, pois segundo ele possibilita aos alunos “concretizar noções abstratas [...] e presenciar outras experiências não vivenciadas por eles.” (BITTENCOURT, 1997, p. 70). A autora orienta para uma metodologia de ensino de História, de forma a relacionar texto e imagem possibilitando uma leitura crítica das ilustrações contidas no livro didático.
Molina (2007) em seu artigo “Ensino de História e Imagens: possibilidades de pesquisa”, ao abordar a questão da leitura das imagens em sala de aula, afirma que os professores, apesar de reconhecerem “as potencialidades da imagem enquanto ferramenta de comunicação pedagógica”,  utilizam estas imagens em suas aulas de forma a transmitir, e não mediar, os conteúdos aos alunos, numa tentativa de “motivá-los em um momento de aprendizagem, captar a atenção ou estabelecer conexões com temas apresentados.” (MOLINA, 2007, p. 24).
A autora defende que (...) as imagens usadas em sala de aula não devem sê-lo gratuitamente, mas é necessário conhecer seus componentes semânticos para adequá-los aos objetivos propostos.
Assim, o desafio e o limite imposto ao professor de história serão o de redimensionar e explorar as competências específicas da imagem, não somente para motivar e envolver, mas reelaborar, recodificar, ordenar e organizar conceitos.  (MOLINA, 2007, p. 25)
Enfim percebe-se que os debates no campo do ensino de História vêm abrindo processo de ensino e aprendizagem e na construção do conhecimento histórico pelos alunos, entendendo que o uso da fotografia através de uma metodologia investigativa, comparada com o trabalho do investigador, onde o aluno interage com o conhecimento, é o sujeito da ação, tendo o professor como mediador nesse processo de elaboração de novas possibilidades de aprender e ensinar História. O desafio nesta modalidade de ensino-aprendizagem é o de alterar o papel do professor que, apesar de continuar exercendo sua função de mestre, passa a ser o mediador do aprendizado, ao provocar situações que propiciam o desenvolvimento da inteligência coletiva.


5 METODOLOGIA
A abordagem teórica metodológica que será utilizada no presente projeto será pautada a partir do registro fotográfico, com o objetivo de apreender o contexto investigado e seus sujeitos envolvidos.
As fontes iconográficas, no caso a fotografia, são intrinsecamente diferentes das fontes escritas, mas, sobretudo remente a uma linguagem não menos importante, sendo construtoras de narrativas e articuladora da linguagem com a experiência social do individuo, representando uma das formas como o sujeito se compreende num determinado contexto.
Utilizaremos o Diário de Campo como instrumento de registro das fotografias. Para Minayo (2008, p. 63-64), o diário de campo é pessoal e intransferível. Sobre ele o pesquisador se debruça no intuito de construir detalhes que no seu somatório vai congregar os diferentes momentos da pesquisa. Enfatiza a autora que este ato demanda um uso sistemático que se estende desde o primeiro momento da ida ao campo até a fase final da investigação, pois quanto mais for de anotações esse diário, maior será o auxilio que oferecerá a discussão e a análise do objeto estudado.
Como técnica de recolha de dados, a análise iconográfica pode ser utilizada de forma isolada ou conjugada a outras informações coletadas, objetivando um caráter de interpretação e compreensão do contexto cultural do objeto de pesquisa. Após a coleta dos dados, a etapa seguinte da investigação é a interpretação das fotografias, estes dois processos apesar de conceitualmente distintos, aparecem sempre estritamente relacionados. A análise tem por finalidade analisar e diagnosticar os dados de forma tal que possibilite o fornecimento de respostas ao problema proposto para a investigação e a interpretação das fotografias poderá nos fornecer informações para consubstanciar respostas ao nosso problema inicial bem como contribuir para uma nova pesquisa.
O contexto registrado será Centro de Ensino Médio integral Professora Maria Mônica Vale, localizado no bairro do Vinhais, tendo aproximadamente 540 alunos,  sendo umas das primeiras escolas de tempo integral do Maranhão, possui 24 professores, além de administrativos e operacionais, e seus sujeitos escolares, em particular focando as relações do universo escolar e educativo, o que possibilitara o registro iconográfico da cultura escolar e sobretudo de histórias e memórias sobre o contexto pesquisado. Utilizaremos também material bibliográfico especifico sobre a temática para fundamentação teórica e outros tipos de fontes.


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