APOIO A PROJETOS ARTÍSTICOS E CULTURAIS NAS
ESCOLAS ESTADUAIS DO MARANHÃO EDITAL FAPEMA Nº 018/2017 – COM CIÊNCIA CULTURAL
CENTRO
DE ENSINO INTEGRAL PROFESSORA MARIA MÔNICA VALE
ÁREA
DE CIÊNCIAS HUMANAS
DISCIPLINA:
HISTÓRIA
1
INTRODUÇÃO
A fotografia, além de ser o registro
dos locais, fatos e pessoas que nos é importante, nos leva a lugares que ainda
não visitamos, pode também ser considerada como uma fonte importante de dados,
fatos e informações que se soubermos explorar corretamente a transforma em um
poderoso recurso didático (TURAZZI, 2005).
A fotografia, invenção burguesa do século XIX, segundo
Sontag (1996) possibilitou no campo da educação a ampliação no cotidiano da
sala de aula, o processo de comunicação proveniente da utilização da imagem
fotográfica como material de apoio didático, podendo viabilizar uma prática
educacional mais direcionada à formação de cidadãos críticos, desde que, forneça
suporte para que a aprendizagem seja realmente efetivada, procurando um lugar
onde seja possível a comunicação do indivíduo com seus pares, possibilitando
troca de conhecimentos, informações e novas descobertas.
Para Martins (2008) na sociedade da informação, vivemos
um consumo excessivo de imagens, principalmente com a utilização do celular, onde
o fundamental é saber interpretá-las, ou ressignificá-la de modo que, o
indivíduo seja capaz de desvendar seus vários sentidos, onde a mesma, emoldura
o tempo e organiza experiências passadas acusando a passagem vertiginosa da
vida.
Para Mignot (2003) a
fotografia conta histórias, revela o ambiente, fala sobre as pessoas e
contribui para fixar a lembrança, evitar o esquecimento, garantindo um lugar na
posteridade.
Segundo Hobsbawn (1994, p.
87) as imagens do inicio do século XX, se restringiam aos museus, comprometidos
com a consolidação da memória nacional, largamente praticada na Europa, as
mesmas desempenharam um papel pedagógico de caráter narrativo, ufanista e
alegórico, vinculados a interesses políticos contextualizados.
A fotografia naquele momento não tinha a função de ser
fiel a realidade e sim, representava um documento de caráter positivista, era
prova documental de um determinado acontecimento. Posteriormente, na década de
40 do século XX, com o surgimento da Escola de Annales desenvolve-se a
valorização do cotidiano, da vida privada e da micro história e nesse contexto
a fotografia foi parceira para a reconstrução do passado.
O que se percebe é que ao longo do século XX, a
fotografia enquanto documento visual adquire um espaço no trabalho do historiador
passando a ser uma fonte de pesquisa histórica relacionada à preocupação de se
estudar as diversas dimensões da vida social.
A fotografia,
segundo Sontag (1986) passou a ser o registro por fiel que, por meios gestos
captados a imagem deixa indícios de modos de fazer, de viver e de pensar dos
homens com suas gravuras, mapas, gráficos, pinturas, lembranças, utensílios,
ferramentas, festas, cerimônias, rituais, intervenções na paisagem, edificações
etc. As fontes iconográficas passaram a ter variados sentidos literário,
poético e jornalístico, etc.
Assim, se liberadas de seu compromisso de registro, do
vínculo com a realidade histórica hegemônica localizada no tempo passado, nesse
momento ela é capaz de permitir narrar novas histórias, construir outras
identidades, revelar outros passados, fundar uma memória. (PEIXOTO, 1998).
O uso da fotografia na prática pedagógica da disciplina
História não se pretende apoiar meramente a exposição de fotografias (imagens)
no ambiente escolar, apenas com o objetivo de reforçar os textos do material
oferecido aos alunos como comumente vemos nos livros didáticos.
De acordo com Bittencourt (1997) ela é mais do que isso,
torna-se um desafio para a aprendizagem, local de descobertas coletivas, num
ambiente motivador e inovador em que a participação de cada um seja
incentivadora para a construção de conhecimento coletivo, na medida em que está
evidente a dificuldade de leitura contextualizada partindo da sua própria
compreensão, dos seus próprios questionamentos, evocando com isso uma leitura
crítica da realidade.
Diante da necessidade de uma quebra de paradigma
educativo, o uso da fotografia na disciplina História contribui para o
rompimento de uma aprendizagem fragmentada, e a fotografia tem se mostrado uma
importante ferramenta no trabalho interdisciplinar resultando no olhar que
analisa a cultura escolar possibilitando a materialização de uma memória a ser
preservada como fonte de informação para a pesquisa histórica.
O papel do professor no ambiente de sala de aula poderá
ser orientador e instigador para que o aluno aprenda, no entanto esse comportamento
motivador depende de práticas pedagógicas inovadoras e dentre estas destacamos
o uso da fotografia especificamente no ensino da disciplina História, onde se
pode-se registrar o presente através dessa ferramenta que no contexto atual
pode ser inovador. Inovador no sentido de que passa a ser utilizada como campo
de investigação e não elemento ilustrativo, com objetivos claros, fornecendo a
possibilidade de uma releitura da cultura escolar captado na fotografia.
A historiografia das
instituições escolares e seus sujeitos escolares tendo com aporte teórico a
Historia Cultural nos direcionam para relatos orais e memórias esquecidas e não
conhecidas, ate então, pois segundo Nunes (2003, p.15) “as escolas são celeiros
de memórias, espaços nos quais se tece parte da memória social”. Através da
fotografia de professores, alunos e comunidade escolar, e suas praticas
pedagógicas e contextos, podemos conhecer a história da sociedade que a gerou,
uma vez que a educação não é um fenômeno neutro e esta diretamente ligada aos
ocorridos da sociedade.
Nesse sentido o uso da fotografia possibilita ao
professor criar novos caminhos e novas alternativas de ensinar, aprender e
avaliar através desse recurso didático prático e inovador na sala de aula da
escola básica que durante muito tempo somente utilizou o quadro, o livro
didático e a figura do professor como transmissor de informações.
O
professor de História pode ensinar o aluno a adquirir as ferramentas de
trabalho necessárias; o saber-fazer, o saber-fazer-bem, lançar os germes do
histórico. Ele é o responsável por ensinar o aluno a captar e a valorizar a
diversidade dos pontos de vista. Ao professor cabe ensinar o aluno a levantar
problemas e a reintegrá-los num conjunto mais vasto de outros problemas em problemáticas.
(SCHMIDT, 2004, p. 57)
Assim, é que o presente
projeto tem por objetivo utilizar a fotografia como materialização da memória
escolar. Dessa forma, as questões que propõem esse projeto de pesquisa estão
pautadas nas seguintes proposições, a partir da utilização do celular como
suporte para a utilização da fotografia: Como a fotografia contribui para a construção
e reconstrução da cultura escolar e da memória da história da educação da
capital do Maranhão? Como alunos e professores percebem as mudanças da cultura
escolar no espaço tempo no ambiente escolar através da fotografia?
Nosso projeto esta voltado
para o eixo temático sugerido no edital: Educação
patrimonial: patrimônio material e imaterial, memória e identidade: Atividades
participativas de formação cultural e aprendizado que promovam vivências,
pesquisas e valorização de bens culturais de natureza material e imaterial
referentes à memória e identidade cultural (monumentos e obras de arte, modos
de vida, festas, comidas, danças, brincadeiras, palavras e expressões, produção
de materiais didáticos, dentre outras atividades), e Educação museal, atividades
de formação cultural e aprendizado que promovam a identificação, pesquisa,
seleção, coleta, preservação, registro, exposição e divulgação de objetos,
expressões culturais materiais e imateriais e de valorização do meio-ambiente e
dos saberes da comunidade, bem como a utilização de tecnologias educacionais
para a interpretação e difusão do patrimônio cultural.
2.
JUSTIFICATIVA
Acreditamos
que o desenvolvimento desta pesquisa no âmbito escolar é de suma importância, pois
podemos pensar a pesquisa no processo ensino aprendizagem como uma mediação de
construção de conhecimento, tornando possível que o
estudante compreenda que o saber ensinado é construído, oportunizando o
problematizar relacionado ao conhecimento histórico escolar, objetivando a
construção, a análise e a interpretação da cultura escolar através da
utilização da fotografia.
Para Martins (2008) a fotografia é um testemunho visual
que requer uma leitura específica e como fonte de informação histórica a imagem
fotográfica introduz uma nova dimensão no conhecimento histórico, assim o
desafio para o professor que busca utilizar a fotografia como objeto de ensino
esta justamente na interpretação da fotografia que, no entanto não está somente
na fotografia, mas também no contexto da época da mesma e na sua relação com o
conteúdo ministrado nesse momento.
Assim, a importância do uso da fotografia como atividade
ensino ajuda a desenvolver o olhar critico do aluno, levantando questionamento
sobre o assunto estudado e ao mesmo tempo cria a necessidade de saber olhar
atenciosamente o passado no presente transformando a prática escolar, ou seja,
inovando no interior da escola e possibilitando uma prática pedagógica
inovadora no ambiente escolar, na relação professor e alunos e na aprendizagem
do conteúdo histórico.
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Registrar e preservar a cultura
escolar através do uso da fotografia com o objetivo de inventariar memórias do
cotidiano escolar que permeiam sujeitos escolares (alunos, professores e
comunidade) inscrevendo tais registros materiais na história das relações
sociais e educacionais, e em particular na cultura do contexto escolar
pesquisado.
3.2 Objetivos
específicos
a) Analisar a contribuição do uso da
fotografia como ferramenta pedagógica no processo ensino aprendizagem e de
interação em sala de aula;
b)
Contribuir
para a construção e reconstrução da cultura escolar e da memória da história da
educação da capital do Maranhão
c)
Analisar as mudanças da cultura escolar no
espaço tempo no ambiente escolar através da fotografia
d) Destacar os benefícios da interação na
construção do conhecimento crítico, individual e coletivo de aprendizagem com o
uso da fotografia.
4 FUNDAMENTAÇÃO
TEORICA
Os PCNs (1998) apontam que
o ensino de História deve proporcionar habilidade e competências que direcione
o processo ensino aprendizagem com a construção do conhecimento e da pesquisa.
Apesar de tantas inovações tecnológicas levadas a escola, ainda há uma
centralização na aquisição de conteúdos de forma mecanicista por parte dos
alunos, sendo o professor o centro do processo do ensino aprendizagem,
utilizando uma metodologia tradicional, sem haver uma preocupação direcionada a
utilização pedagógica da fotografia.
A utilização da fotografia
no ambiente escolar requer que o professor proporcione ao aluno capacidade de
criar, explorar, inovar, buscar respostas para os desafios propostos, sendo um
participante ativo, com autonomia no processo de construção da sua própria
aprendizagem.
O professor de qualquer
disciplina curricular necessita desenvolver atividades significativas,
repensando seus objetivos com relação à inserção da fotografia no ambiente
escolar, criando novas formas de aprendizagens, onde a aprendizagem do aluno
seja o ponto central.
Entendemos que a implantação da fotografia na escola
implica mudanças pedagógicas necessárias para superação do paradigma fabril.
Nesse sentido, sensibilizar e estimular atitudes favoráveis diante do uso da
fotografia na educação como elementos estruturantes de diferentes
possibilidades de práticas educativas é de suma importância. Portanto, os
professores precisam aprender a gerenciar novos espaços e a integrá-los de
forma aberta, equilibrada e inovadora. Criticar, analisar e interpretar fontes
documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes
linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos
envolvidos em sua produção.
Portanto,
evidencia-se a necessidade
de instaurar uma educação pautada em uma perspectiva inovadora contribuindo
para a construção de um cidadão que participe ativamente da sociedade da
informação e não apenas um homem para o mercado de trabalho.
A utilização da fotografia
passa a ser uma importante ferramenta para a inovação na disciplina História,
cria condições para que o aluno adquira potencialidade para produzir suas
próprias visões acerca da História, podendo relacionar a história oficial com
sua historia local e ou outras histórias de regiões diferentes através do
registro fotográfico.
Segundo Proença (2007) o
professor ao optar pelo recurso da História local como método de ensino, deve
estar atento a alguns aspectos que antecedem o trabalho em sala de aula.
Através de fontes históricas como os documentos, fotografias, discursos,
museus, bibliotecas e etc. e no próprio meio da localidade, o aluno passa a ser
produtor de seu próprio conhecimento, sendo
um novo recurso a ser explorado, propiciando ao mesmo uma nova visão acerca do
acontecimento histórico. Como afirma Freire (1987, p. 81), “ensinar não é a simples transmissão do
conhecimento em torno do objeto ou do conteúdo. A transmissão que se faz muito
mais através da pura descrição do conceito do objeto a ser mecanicamente
memorizado pelos alunos.”
Bittencourt (1997)
analisando o livro didático de História diz que o uso da imagem no ensino de
História, faz lembrar século XIX, quando o professor Jonathas Serrano, do
Colégio Pedro II do Rio de Janeiro, apontava a importância da imagem como
instrumento didático, pois segundo ele possibilita aos alunos “concretizar
noções abstratas [...] e presenciar outras experiências não vivenciadas por
eles.” (BITTENCOURT, 1997, p. 70). A autora orienta para uma metodologia de
ensino de História, de forma a relacionar texto e imagem possibilitando uma
leitura crítica das ilustrações contidas no livro didático.
Molina (2007) em seu
artigo “Ensino de História e Imagens: possibilidades de pesquisa”, ao abordar a
questão da leitura das imagens em sala de aula, afirma que os professores,
apesar de reconhecerem “as potencialidades da imagem enquanto ferramenta de
comunicação pedagógica”, utilizam estas
imagens em suas aulas de forma a transmitir, e não mediar, os conteúdos aos
alunos, numa tentativa de “motivá-los em um momento de aprendizagem, captar a
atenção ou estabelecer conexões com temas apresentados.” (MOLINA, 2007, p. 24).
A autora defende que (...)
as imagens usadas em sala de aula não devem sê-lo gratuitamente, mas é
necessário conhecer seus componentes semânticos para adequá-los aos objetivos
propostos.
Assim, o desafio e o
limite imposto ao professor de história serão o de redimensionar e explorar as
competências específicas da imagem, não somente para motivar e envolver, mas reelaborar,
recodificar, ordenar e organizar conceitos. (MOLINA, 2007, p. 25)
Enfim percebe-se que os
debates no campo do ensino de História vêm abrindo processo de ensino e
aprendizagem e na construção do conhecimento histórico pelos alunos, entendendo
que o uso da fotografia através de uma metodologia investigativa, comparada com
o trabalho do investigador, onde o aluno interage com o conhecimento, é o
sujeito da ação, tendo o professor como mediador nesse processo de elaboração
de novas possibilidades de aprender e ensinar História. O desafio nesta
modalidade de ensino-aprendizagem é o de alterar o papel do professor que,
apesar de continuar exercendo sua função de mestre, passa a ser o mediador do
aprendizado, ao provocar situações que propiciam o desenvolvimento da inteligência
coletiva.
5
METODOLOGIA
A abordagem teórica
metodológica que será utilizada no presente projeto será pautada a partir do
registro fotográfico, com o objetivo de apreender o contexto investigado e seus
sujeitos envolvidos.
As fontes iconográficas,
no caso a fotografia, são intrinsecamente diferentes das fontes escritas, mas,
sobretudo remente a uma linguagem não menos importante, sendo construtoras de
narrativas e articuladora da linguagem com a experiência social do individuo,
representando uma das formas como o sujeito se compreende num determinado contexto.
Utilizaremos o Diário de
Campo como instrumento de registro das fotografias. Para Minayo (2008, p.
63-64), o diário de campo é pessoal e intransferível. Sobre ele o pesquisador
se debruça no intuito de construir detalhes que no seu somatório vai congregar
os diferentes momentos da pesquisa. Enfatiza a autora que este ato demanda um
uso sistemático que se estende desde o primeiro momento da ida ao campo até a
fase final da investigação, pois quanto mais for de anotações esse diário,
maior será o auxilio que oferecerá a discussão e a análise do objeto estudado.
Como
técnica de recolha de dados, a análise iconográfica pode ser utilizada de forma
isolada ou conjugada a outras informações coletadas, objetivando um caráter de
interpretação e compreensão do contexto cultural do objeto de pesquisa. Após a
coleta dos dados, a etapa seguinte da investigação é a interpretação das
fotografias, estes dois processos apesar de conceitualmente distintos, aparecem
sempre estritamente relacionados. A análise tem por finalidade analisar e
diagnosticar os dados de forma tal que possibilite o fornecimento de respostas
ao problema proposto para a investigação e a interpretação das fotografias
poderá nos fornecer informações para consubstanciar respostas ao nosso problema
inicial bem como contribuir para uma nova pesquisa.
O contexto registrado será
Centro de Ensino Médio integral Professora Maria Mônica Vale, localizado no
bairro do Vinhais, tendo aproximadamente 540 alunos, sendo umas das primeiras escolas de tempo
integral do Maranhão, possui 24 professores, além de administrativos e
operacionais, e seus sujeitos escolares, em particular focando as relações do
universo escolar e educativo, o que possibilitara o registro iconográfico da
cultura escolar e sobretudo de histórias e memórias sobre o contexto
pesquisado. Utilizaremos também material bibliográfico especifico sobre a
temática para fundamentação teórica e outros tipos de fontes.
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