A sociedade no século XXI tem vivenciado grande avanço das Tecnologias
da informação e comunicação (TICs), visto que as crianças e os jovens são os
mais fascinados por essa tecnologia, pois sabem operar computadores melhor do
que muitos adultos. Assim, observamos que estamos rodeados de tecnologias e
seus usos e recursos tecnológicos devem servir como
uma ferramenta que venha nos ajudar a resolver as questões do cotidiano,
potencializando
possibilidades de comunicação e informação e alterando as relações entre as
pessoas.
Assim, é necessário que haja uma educação
relacionada com a cidadania e intermediada por tecnologias. As pessoas agem a
partir de trocas culturais, modificam a si mesmas, aos outros
e a natureza, interagem o tempo todo.
A utilização dos meios
tecnológicos na escola tem um papel significativo no processo
ensino-aprendizagem, ajudando a criar ambientes descentralizados, tornando o
aluno construtor de conhecimento. A Internet possibilita que sejamos não apenas
expectadores, mas doravante autores. Essa forma inovadora de comunicação interliga
milhões de pessoas de forma instantânea e possibilita a troca de informações,
de forma rápida e conveniente.
Prennsky (2001), escritor
estadunidense e pesquisador da educação, cria os termos “nativos digitais” e “imigrantes
digitais” para apreender a relação entre jovens e adultos a partir do surgimento
da internet. Nativos digitais são aquelas pessoas que já nasceram imersas nas
novas tecnologias e que possuem bastante fluência na linguagem digital, seja no
uso do computador, da internet, e das mídias digitais; já os imigrantes
digitais são aquelas pessoas que estão aprendendo a lidar com essas ferramentas
virtuais, como os professores em sua maioria. São esses sujeitos que podemos
presenciar na escola.
As novas tecnologias e uso da internet no contexto
escolar permite trazer os conteúdos de forma mais ágil e devolvê-los de novo ao
cotidiano, possibilitando a interação entre alunos e professores.
Sendo assim, os blogs surgem no campo educativo como
uma ferramenta pedagógica virtual, promovendo grupos de discussões interativos,
em que o diálogo é apresentado por meio de hipertexto, diários de bordo,
portfólios, dentre outras possibilidades, de acordo com a temática.
No campo escolar, pensado aqui como espaço de
valorização da diversidade cultural e das novas linguagens, a internet é um
recurso pedagógico primordial, direcionado principalmente a pesquisa, mas
também ferramenta de construção de conhecimento, quando empregada com a
finalidade de trocar informações eletrônicas por meio de chats, blogs, fóruns
de discussões, Messenger, e-mails, Facebook, ou seja, pode proporcionar ao
aluno certa autonomia em relação ao conhecimento que constrói, e também
divulga.
Segundo Tajra (2000, p. 48):
[...] apesar de estar em grande expansão na área
empresarial, a maior parte dos serviços da Internet estão voltados para a área
educacional, pois é um excelente canal de comunicação acessível, veloz e que
traz muitos benefícios para a educação, tanto para o professor como para o
aluno, pela facilidade das pesquisas e pela possibilidade de troca de
experiência entre os mesmos.
A construção do blog Construindo HST nasceu
particularmente da necessidade de relacionar o “mundo” vivenciado pelo aluno, a
sociedade da informação, e o ensino de História. Uma vez que, na sociedade da
informação, faz-se imprescindível o desenvolvimento de habilidades e
competências para com as tecnologias da informação e comunicação, não apenas
para a prática social, mas doravante para o mundo do trabalho.
O planejamento para o
desenvolvimento dessa prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos
os alunos do 2º ano do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, da
turma 202 e ocorreu da seguinte maneira, e com os seguintes tópicos:
conteúdo, metodologia, recurso e avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado
ao 2º ano do ensino médio, foi: “A chegada dos portugueses em terras ameríndias”,
e teve os seguintes objetivos: Analisar a chegada e as dificuldades dos
lusitanos em terras ameríndias; relacionar e comparar as diferenças sociais,
políticas, econômicas e religiosas entre as sociedades ameríndias e as
sociedades europeias; e identificar e analisar modos de vida dos ameríndios. Uma das
formas para avaliar o cumprimento de tais objetivos foi à análise dos
comentários postados pelos alunos no blog.
Feito o planejamento, apresentei em sala de aula o
blog, sendo que de forma ingênua ou querendo que os alunos fizessem parte
também da administração do blog, acabei divulgando a senha de acesso ao mesmo,
o que posteriormente me resultou em um primeiro contato com o crime virtual,
ainda não muito conhecido à época, 2011. Essa experiência nada agradável
suscitou uma reflexão sobre a prática como professora e, claro, também compõe o
universo das experiências pedagógicas.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica,
outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar,
e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear
o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias
impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem
analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola,
que tinha wi-fi livre, ou em casa.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica,
outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar,
e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear
o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias
impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem
analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola,
que tinha wi-fi livre, ou em casa.
A carta de Pero Vaz de
Caminha rendeu muitos comentários postados, revelando que aquele aluno que
pouco participa em sala de aula, por motivos pessoais, como vergonha, ou uma
cultura de ser apenas receptor de informação, pode se colocar como
protagonista, dentro do ambiente virtual.
O importante é que o aluno e
professor sejam estimulados a fazer parte de um espaço virtual de referência,
que disponibilize o que é feito em sala de aula, equilibrando o melhor do
presencial em sala de aula e o melhor do espaço virtual, gerenciando a aula,
integrando o que é feito pelos alunos quando estão juntos e fazendo que o
processo de aprendizagem continue quando eles não estão mais juntos, pois a
internet auxilia, mas sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, ou
seja, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais...,
sem contar, é claro, o papel do professor. Sendo assim deixei em aberto a
possibilidade de interação no blog poderiam postar os comentários de forma
individual ou com seus pares.
Segundo Schmidt e Cainelli
(2004), uma nova concepção de documento histórico implica a desconstrução de
determinadas imagens canonizadas a respeito do passado, ajudando a tirar o
aluno de sua passividade e reduzindo a distância de sua experiência e de seu
mundo em relação a outros mundos e outras experiências descritas no discurso
didático.
A luz desse documento,
alguns alunos postaram que:
Em 1500, numa expedição liderada por Pedro Álvares
Cabral os portugueses chegaram ao Brasil e logo se depararam com um povo de
características diferentes das suas, que equivocadamente os denominaram índios,
por apresentarem características semelhantes à população da Índia. (GLEYSON;
TURMA 202/MAT., 2011). (Postagem 01).
Percebemos nessa postagem que
houve uma atividade relacional, envolvendo o conteúdo curricular com o saber
histórico. Propunha-se uma análise sobre a situação abordada pelo documento,
relacionando-a com os personagens e sujeitos históricos representados: o
objetivo era a construção de uma critica pelo próprio aluno e a sua aproximação
com os contextos históricos abordados.
Os PCNs salientam
que o aluno deve criticar, analisar e interpretar fontes documentais de
natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos
diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua
produção, possibilidades potenciais do documento em questão. (BRASIL, 1999).
Cabe observar que
a utilização do documento histórico em sala de aula, e o documento virtual, não
“substitui” o professor, que tem papel mediador nesse processo de construção do
conhecimento.
Outro comentário postado
foi:
Pero Vaz de Caminha foi um escrivão responsável pela
descrição do “achado” em terras brasileiras por meio de uma carta ai réu Dom
Manuel. Em uma de suas colocações ele ressalva o estranho modo de nudez
apresentado pelo povo apenas acompanhado por uma extraordinária pintura, além
do interesse em troca seus arcos e setas por carapuças e outras coisas lhes
dadas (Postagem 02. INGRID NAZÁRIO; TURMA 202/MAT., 2011).
Nesse contexto, nos PCNs
pode-se ler que:
O ensino de História, em consonância com a diversidade
cultural e o uso das novas linguagens, deve situar as diversas produções da
cultura – as linguagens, as artes, a filosofia, a religião, as ciências, as
tecnologias e outras manifestações sociais – nos contextos históricos de sua
constituição e significação. (BRASIL, 1999, p. 75).
Percebemos na análise
postada pela aluna que há certa ironia na palavra “achado”, o que remete à
ideia de que quando aqui os portugueses desembarcaram já existia um grupo
social, com suas características culturais, religiosas, econômicas..., e que houve
um encontro de culturas distintas e, em decorrência, certo estranhamento em
relação ao “outro”.
Outra postagem evidencia as
relações sexuais entre portugueses e nativos, tratadas de forma irônica, mas
que transparece certa compreensão do documento:
Em síntese Pero Vaz de Caminha não só percebe a fácil
interação indígena com os desconhecidos, mas também a inocência que o povo
tinha em mostrar o corpo descoberto como se fosse o próprio rosto. Ele só não
disse se eles pegavam as indígenas... ha há ha, com certeza! (Postagem 03. TAYRO
BARBOSA, TURMA 202/MAT., 2011).
Dessa maneira, para
os PCNs:
Na história, vista com um processo, os acontecimentos
sociais são resultantes de um conjunto de ações humanas interligadas, de
duração variável, sucessivas e simultâneas, em vários espaços do convívio
social, motivadas por desejos ou necessidades de mudança ou de resistência,
pela busca de soluções de problemas, por disputas e confrontos entre
agrupamentos de indivíduos, o que gera tensões, conflitos e rupturas e delineia
os movimentos da transformação histórica. (BRASIL, 1999, p. 70).
Ou seja, percebem-se nessas
postagens/ comentários postados que o aluno observou, no contexto da carta, as
entrelinhas de um contato ingênuo dos nativos com os portugueses, e sua
possível dominação, e que essa aproximação resultou em possíveis relações
sexuais posteriores.
Dessa forma, o blog
Construindo HST, ancorado no ensino de História e nas novas linguagens,
possibilitou a atuação do aluno como sujeito histórico, proporcionando
competências e valores necessários para fazer história, utilizando o
conhecimento como mecanismo de intervenção social, proporcionando habilidades
como pesquisar, compreender textos, ter autonomia digital e visão crítica.
O uso de documentos,
associado à história local, proporciona ao aluno a sua inserção na comunidade
da qual faz parte, criando sua própria historicidade e identidade, em uma
articulação entre história local, nacional e universal.
Dessa forma, a partir do 2º segundo bimestre
de 2011, utilizamos outro documento, gênero carta, como material didático para
o blog. Trata-se da carta remetida por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de
Portugal, bem como de todas suas colônias, no período histórico conhecido como
União Ibérica (1580-1640) ao governador do Brasil, Gaspar de Sousa, ano de 1612-1615[1].
O planejamento para o desenvolvimento dessa
prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos os alunos do 2º ano,
turma 202, do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, e ocorreu da
seguinte maneira, e com os seguintes tópicos: conteúdo, metodologia, recurso e
avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado ao 2º ano do ensino médio, foram:
As mudanças territoriais e administrativas do Brasil século XV-XVII, a União
Ibérica (1580-1640) e sua relação com as invasões francesas no Maranhão durante
o período colonial e A Batalha de Guaxenduba no MA (1615).
A metodologia desenvolvida com os alunos foi
a de trabalhar o conteúdo primeiramente sobre a União Ibérica (1580-1640)
identificando as mudanças territoriais e administrativas na América portuguesa
e no Maranhão durante o período colonial; relacionando a União Ibérica com as
invasões francesas no Maranhão e compreendendo a Batalha de Guaxenduba, travada
no Maranhão em 1615, entre portugueses e franceses, posteriormente a
intervenção em sala de aula, e por fim as postagens feitas na própria escola
para quem tinha celular ou em casa para os que tinham computador, a atividade
em pares segue a teoria de Vygotsky (1984) que aponta que o par mais experiente exerce um importante papel
no desenvolvimento na aprendizagem auxiliando na resolução de problemas que a
criança ou adolescente não consegue, de forma autônoma, solucionar.
O recurso utilizado foi à carta remetida por
Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, impressa e distribuída aos alunos
em dupla, e também o livro didático adotado na escola, que trazia o conteúdo
sobre a União Ibérica (1580-1640), mas sem nenhuma relação com a História do
Maranhão nesse período abordado.
A avaliação dessa atividade foi feita a
partir dos comentários postados e acessos feitos ao blog, sendo que no blog estava
postado todo o material trabalhado em sala de aula.
Para identificar se os objetivos dessa prática
pedagógica foram alcançados analisei os comentários postados no blog, como por
exemplo:
Construindo a História disse... Nesse texto do Rei Felipe III ao Governador geral do
Brasil D. Gaspar de Souza, relata a expulsão dos Franceses no Maranhão em 1615,
e a inserção que há do Brasil – Colônia na União Ibérica em 1580-1640. Nesta
carta, o Rei da Espanha manda ordens de expedições irem as Terras do Maranhão
para a expulsão dos franceses dessas terras; e também para ganhar a confiança
dos nativos dessa região, tudo isso visando o poder e o fortalecimento da
região. O objetivo era tentar ganhar a amizade dos índios e conquistar a
confiança do líder português, para se beneficiarem (Postagem 1-ISADORA PASSOS;
SAFIRA SOUSA; INGRID ISABELA, TURMA 202. MATUTINO).
Nessa postagem podemos identificar que as
alunas fazem uma análise da carta a partir do contexto local, quando há a
iniciativa por parte da coroa espanhola de realizar amizade com os nativos
locais a fim de fortalecer o poderio territorial na região, no contexto da
expulsão dos franceses do Maranhão.
Os PCNs História, em
suas competências e habilidades, representação e comunicação, apontam para as
seguintes recomendações:
Criticar,
analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o
papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos
diferentes contextos envolvidos em sua produção e produzir textos analíticos e
interpretativos sobre os processos históricos, a partir das categorias e
procedimentos próprios do discurso historiográfico. (BRASIL, 1999, p. 28).
Assim relacionando a história local com a
nacional de forma crítica os alunos puderam perceber de forma indireta a
construção da Educação Histórica, quando explora a fonte (escrita e oral)
articulada à teoria, à Consciência Histórica.
A carta do Rei da Espanha conta o período em que no
Maranhão, chegaram expedições, com Jerônimo de Albuquerque e vários outros
homens com o intuito de expulsar os franceses, que haviam invadido essas terras
e se instalados por cerca de três anos. Mesmo os franceses tendo ao seu lado
índios e soldados armados, não conseguiram impedir que o objetivo das
expedições fosse concretizado, portanto foram expulsos. Após a retirada dos
franceses, os que participavam da expedição tentaram amizade e confiança dos
índios e do líder português, visando, adquirir poder a essa região, e assim
beneficiando-se. (Postagem 2 - AMANDA DRUMONT; CARLOS VERAS; MATHEWS CHAGAS;
RODRIGO COSTA, TURMA 202. MATUTINO).
A relação da carta de origem espanhola
narrando um conflito local demonstra que houve uma relação critica construída
pelos alunos e com propriedade proporcionando meios que estabelecem a relação
do seu tempo com outros espaços, ampliando a noção de História local.
O uso do blog permitiu essa relação com uma
grande familiaridade (por parte de alguns alunos) e isso tem incomodado os
professores que ainda não conseguiram descentrar-se da sala de aula
tradicional. Assim como é difícil para os alunos viver situações escolares que
julgam chatas e sem sentido, como a aula expositiva, os professores também têm
dificuldades em alterar o que tradicionalmente é praticado no contexto
educacional: o professor ensina e o aluno aprende.
Sendo assim, os PCNs História revelam que:
Metodologias
diversas foram sendo introduzidas, redefinindo o papel da documentação. À
objetividade do documento – aquele que fala por si mesmo – se contrapôs sua
subjetividade – produto construído e pertencente a uma determinada história. Os
documentos deixaram de ser considerados apenas o alicerce da construção
histórica, sendo eles mesmos entendidos como parte dessa construção em todos
seus momentos e articulações. Passou a existir a preocupação em localizar o
lugar de onde falam os autores dos documentos, seus interesses, estratégias,
intenções e técnicas. (BRASIL, 1999, p. 22).
Assim,
entendemos que novas formas de ensinar e aprender no contexto escolar resulta em
renovações teórico-metodológicas no âmbito do ensino de História e das novas
concepções pedagógicas. O uso escolar do documento, associado ao uso das novas
linguagens virtuais, possibilita ao aluno uma atitude ativa na construção do
saber e na resolução de problemas de aprendizagem no mundo virtual.
Noutra
postagem:
Construindo a História disse... A carta relata, primeiramente, a saída de Jerônimo de
Albuquerque e os homens mandados por ele Do Rio Grande até Pereira (primeira
barra do MA). Após tal acontecimento, relata-se o choque que houve entre seus
homens e os franceses a tréguas das terras do MA. Os franceses, apesar de
estarem acompanhados por índios e soldados armados, não foi capaz de vencer a
batalha o que o custou a morte de muitos. Na carta, o Rei Felipe III da Espanha
cita as descobertas que fizeram após se assentarem em terra firme. Afirmavam a
presença dos franceses a mais de três anos em amizade com os nativos e,
portanto há o interesse do mesmo, o que ordena o Rei Felipe III. (Postagem 3-AMANDA
LARYSSA; JULIANA ROLIM; LARISSA ALVES).
Na postagem acima enfatizamos a relação que
os alunos fazem uma vivência experimentada em reflexão, narrando que o Rei
Felipe III da Espanha, tem interesse em explorar a terra a partir do interesse
e da fixação dos franceses na mesma.
Esse processo relacional com o
documento histórico requer, além da conscientização de uma nova realidade, a
formação dos alunos considerando novas necessidades culturais, sociais e
econômicas. As reflexões acerca do documento operam por meio da relação entre
os seus autores e o contexto histórico de produção.
Nesse contexto, os PCNs História afirmam
que:
Na
transposição do conhecimento histórico para o nível médio, é de fundamental
importância o desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise,
contextualização e interpretação das diversas fontes e testemunhos das épocas
passadas – e também do presente. Nesse exercício, deve-se levar em conta os
diferentes agentes sociais envolvidos na produção dos testemunhos, as
motivações explícitas ou implícitas nessa produção e a especificidade das
diferentes linguagens e suportes através dos quais se expressam. (BRASIL, 1999,
p. 22).
Entendemos que nenhum documento fala por si,
e que a análise de documentos diversos é parte fundamental no ensino de
História. Recorrendo novamente aos PCNs História uma das recomendações
pedagógicas é: situar as diversas produções da cultura, as linguagens, as
tecnologias, posicionar-se diante de fatos presentes a partir da interpretação
de suas relações com o passado. (BRASIL, 1999, p. 28).
Percebemos que a análise dos alunos, do documento,
por intermédio do uso do blog, proporcionou um espaço de comunicação, e uma
situação relacional, em que expressaram a experiência da sua própria aprendizagem,
construindo conhecimento a partir da interação social, com os seus colegas de
turma, com o professor e com outros indivíduos. A escrita no blog remete a
representação do destinatário, a situacionalidade (acesso direto a fontes de
informação), contextualização, interdisciplinaridade, e a intencionalidade do
ato comunicativo, bem como a coautoria.
Outra potencialidade do uso das novas
linguagens e, consequentemente, do blog, está na familiaridade dos alunos com a
rede mundial de computadores e seu vocabulário, como: navegação, endereço na internet,
site, blog, postar, comentário, pesquisar, editar, blog, login, e-mail,
post, link, etc.
Dessa forma, com a utilização de documentos, dentro
do ambiente escolar, foi possível coadunar a realidade vivenciada pelos alunos,
pautada em uma sociedade da informação, com o ensino de História. Tomando como
exemplo essa experiência pedagógica, a partir da utilização de fontes primárias
de pesquisa, e do blog, fonte virtual, como instrumento e objeto de comunicação
e coautoria, e do professor, aqui no papel de mediador, organizando,
intervindo e orientando os alunos, de forma que foi possível desenvolver novos
níveis de conceitualização sobre a disciplina História, visto que a História como
disciplina também deve acompanhar os avanços tecnológicos.
Em síntese, temos no uso de um blog pedagógico a
possibilidade de mediação no processo ensino-aprendizagem, haja vista seu
caráter comunicacional, relacional, sendo uma ferramenta pedagógica virtual,
que contribui no aspecto da produção textual, sobretudo, pelo favorecimento da
autonomia digital.
Segundo esse entendimento, está presente a percepção
do papel do professor para além da responsabilidade pela organização e emissão
de conceitos prontos e acabados, vazios de significados.
Pois, segundo Moran (2008, p. 109-228):
Ensinar e aprender exige hoje, mas flexibilidade espaço-temporal,
pessoal e de grupo, menos conteúdo fixos e processos mais abertos de pesquisa e
comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação,
a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em
espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade
em escolher quais são significativas para nos e conseguir integrá-la dentro da
nossa mente e da nossa vida. A aquisição da informação, dos dados, dependera
cada vez menos do professor as tecnologias podem trazer dados, imagens, resumos
de forma rápida e atraente. O papel do professor- o papel principal- é ajudar o
aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
Fica claro que os processos de
ensino aprendizagem hoje estão fortemente marcados pelo uso das TICs. O uso do blog
pedagógico pode incentivar a construção de conhecimento no início do século XXI.
A internet, no contexto educacional, tem servido como uma ferramenta de
aprendizagem por meio da facilitação da procura de fontes de informações no
mundo exterior, colocando-os no contexto da vida real, pois os hábitos do mundo
de hoje mudaram e os alunos modificaram suas rotinas diárias, comunicando-se
sem barreiras, muitas vezes preferindo as mensagens virtuais e não mais o
espaço físico da sala de aula.
Assim, o ensino de História para a
diversidade cultural e as novas linguagens é um processo em construção, pois
experimenta diferentes momentos no que se refere aos conteúdos a serem
ensinados, as finalidades de seu ensino e aos métodos que devem ser empregados,
no caminho de uma educação histórica que produza conhecimentos de forma
presencial ou virtual, no processo de fazer, de construir a História.
As tecnologias da informação e
comunicação proporcionam ao aluno possibilidades habituais de seu uso, através
da construção de um texto, do ato de pesquisar, relacionar informações e
conhecer culturas diversas, dentre outras possibilidades. No entanto, cabe ao
professor mediar o mesmo em suas pesquisas, envolvendo o conteúdo da sua disciplina,
pois, os nossos alunos, nasceram dentro desse ambiente virtual e tecnológico, e
tendo muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, o professor passa a ser
o mediador da construção de conhecimento diante de tal ferramenta.
O professor deve ter uma constante
reflexão sobre sua prática, sendo conforme Pimenta (1999) um professor crítico
e reflexivo, assim através de minha reflexão sobre a experiência de ter passado
a senha de acesso do blog aos alunos do 2º ano do Centro de Ensino Liceu
Maranhense, durante o período de férias com o objetivo dos mesmos também
contribuírem com postagens de textos e vídeos, sobre São Luís, (atividade em
anexo), o resultado foi uma imagem pornográfica na pagina inicial do mesmo, o
que acarretou a remoção do blog do ambiente virtual e constrangimento diante
dos alunos e escola e durante um tempo um afastamento das práticas pedagógicas
virtuais.
Essa experiência me fez refletir
sobre os caminhos que as novas linguagens virtuais podem levar não apenas
professores, mas também alunos à incerteza, ou ao crime virtual sem nenhuma
noção sobre suas consequências e malefícios, sendo de suma importância um mediador,
pois, os nossos alunos, nasceram nesse ambiente virtual e tecnológico, tendo
muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, mas não a responsabilidade
efetiva e critica assim o professor passa a ser o mediador da construção de
conhecimento diante de tal ferramenta.
Pensando nessa configuração é que
nos propomos a alocar essas práticas pedagógicas em um blog pedagógico com o
objetivo de tornar mais próximo essa realidade virtual dos professores.
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