quinta-feira, 22 de março de 2018

HOMOSSEXUALIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR: um estudo de caso no Centro de Ensino Médio Liceu Maranhense[1]


HOMOSSEXUALIDADE E ORIENTAÇÃO SEXUAL NO CONTEXTO ESCOLAR: um estudo de caso no Centro de Ensino Médio Liceu Maranhense[1]

Ana Paula dos Santos Reinaldo Verde[2]
 Nádia Prazeres Pinheiro Carozzo[3]


RESUMO
A homossexualidade presente em diversos espaços sociais, tal como no ambiente escolar, ultrapassa fronteiras disciplinares e ainda é objeto difícil de ser abordado por parte dos sujeitos escolares As diferenças de gênero estão na base do processo de construção sociocultural e a escola é um ambiente privilegiado para o diálogo e orientação sobre a experiência de pessoas de diferentes idades e tempos. Nesse sentido, é necessário que haja professores aptos a tratar essa temática. O objetivo deste artigo é analisar a percepção de professores e alunos do Centro de Ensino Liceu Maranhenses sobre homossexualidade de modo geral e, especificamente, no contexto escolar. Para isso, foi aplicado um questionário elaborado para esta pesquisa com quatro professores e seis alunos. Os dados foram analisados à luz da análise de discurso. Os resultados indicam que os professores, apesar de respeitarem a orientação sexual de indivíduos, não estão sendo formados e habilitados para trabalhar esse tema de forma cidadã e despida de preconceitos. E que os alunos ainda têm dúvidas e sofrem preconceitos pela sua orientação sexual.
Palavras chaves: Homossexualidade. Orientação sexual. Ensino Médio. Psicologia da Educação.












ABSTRACT

Homosexuality present in various social spaces, as in the school environment goes beyond disciplinary boundaries and is still difficult object to be addressed by the school subjects Gender differences are the basis of the socio-cultural construction process and the school is a privileged environment for dialogue and guidance on the experience of people of different ages and times. In this sense, there must be able teachers to handle this issue. The aim of this paper is to analyze the perception of teachers and students of the Lyceum Maranhenses Education Center on homosexuality in general and specifically in the school context. For this, a questionnaire developed for this study in four teachers and six students was applied. Data were analyzed in the light of discourse analysis. The results indicate that teachers, even though respect the sexual orientation of individuals, are not trained and qualified to work this theme of citizen and naked form of prejudice. And students still have doubts and suffer prejudice by their sexual orientation.

Key words: Homosexuality. sexual orientation. High school. Educational psychology.

1 INTRODUÇÃO


                A homossexualidade na Educação Básica ainda é vista como algo indesejável, tanto por parte da escola como por parte da família (Louro 2000). Aspectos relevantes na inclusão da homossexualidade como tema escolar são discutidos nos Temas Transversais – Eixo Orientação Sexual, material anexo dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN, 1999). No entanto, esse mesmo assunto é relegado na sala de aula do Ensino Médio, seja pela falta de formação pedagógica ou teórico-metodológica dos professores, seja por falta de compromisso social dos profissionais da educação. Essa problemática é relevante para salientar que a ausência do desenvolvimento desse tema transversal no ambiente escolar passa pela falta de compromisso entre os sujeitos escolares, sendo esse descompromisso possível desencadeador de conflitos entre indivíduos de gêneros diferentes e às vezes de gerações diferentes, contribuindo para posicionamentos repressores no âmbito escolar (BRITZMAN, 1996).
A sociedade absorveu ao longo do tempo, a lógica de que o indivíduo ao nascer é macho ou fêmea, de acordo com suas características biológicas; e as famílias, no seu papel de educá-los, oferecem-lhes uma educação onde esse perfil original é exigido, sendo contrários a quaisquer outros perfis que não seja o padrão exigido para toda a sua vida.

Essa exigência gera diversos conflitos que envolvem as relações de gênero direcionado quase sempre a homossexualidade e perpassam questões que envolvem padrões de comportamento, referências religiosas e civis de diferentes idades, sendo perceptível no comportamento dos sujeitos escolares (LOURO, 2000, p.35).

Apesar de que a sociedade e a escola brasileira refletem ainda sinais de descaso diante da discriminação e do preconceito relacionada à questão de gênero e, principalmente, em se tratando de homossexualidade, essa lógica está sendo paulatinamente quebrada. E, as influências familiares, religiosas e da sociedade em geral, ganharam mais notoriedade, uma vez que podem contribuir para acentuar e ou minimizar esse comportamento preconceituoso em relação aos alunos homossexuais no ambiente escolar (BRITZMAN, 1996).
Nesse sentido, a escola, lugar de onde falamos, possui um poder de efetuar uma mudança paradigmática, que inclui os saberes e fazeres da cultura dos alunos na construção do conhecimento. Segundo Foucalt (1993), o louco, o prisioneiro, o homossexual não são expressões de um estado prévio, original; eles recebem sua identidade a partir dos aparatos discursivos e institucionais que os definem como tais. Assim, o sujeito é resultado dos dispositivos que o constroem como tal e a escola é um desses dispositivos.
Dentro dessa perspectiva, é desenvolvida esta pesquisa de cunho qualitativo e quantitativo com o objetivo de analisar como os professores e alunos do Centro de Ensino Liceu Maranhenses, do turno noturno, percebem a homossexualidade no contexto escolar.


2  MARCO TEÓRICO

Entende-se gênero, como determinado por processos históricos e culturais, que classificam e posicionam as pessoas a partir de uma concepção do que é feminino e masculino (HEILBORN, 2002). Para Silva (2009) “gênero” opõe-se a “sexo”: enquanto o último fica reservado aos aspectos biológicos da identidade sexual, o termo gênero se refere aos aspectos socialmente construídos do processo de identificação sexual. Ou seja, questões relacionadas ao gênero são concepções construídas pela sociedade em determinada época, segundo suas regras e valores morais impostos ou não. Já a homossexualidade, segundo Suplicy (1998) é formado de uma raiz grega (homos = semelhante) e de uma raiz latina (sexus =sexualidade), significa etimologicamente “sexualidade semelhante”, ou seja, relação sexual entre pessoas do mesmo sexo.
Nas palavras de Louro (2000):
O discurso político e teórico que produz a representação "positiva" da homossexualidade também exerce, é claro, um efeito regulador e disciplinador. Ao afirmar uma posição-de-sujeito, supõe, necessariamente, o estabelecimento de seus contornos, seus limites, suas possibilidades e restrições. Nesse discurso, é a escolha do objeto amoroso que define a identidade sexual e, sendo assim, a identidade gay ou lésbica assenta-se na preferência em manter relações sexuais com alguém do mesmo sexo (p. 54).
Na construção de conceitos sobre a sexualidade, percebe-se que é naturalmente passível de mudanças que não cabem dentro das limitações impostas pela sociedade, que cria “a obsessão com a sexualidade normalizante, através de discursos que descrevem a situação homossexual como desviante" (BRITZMAN, 1996).
Durante muito tempo a homossexualidade era vista com naturalidade, tanto na vida social quanto educativa e familiar, e, sobretudo, religiosa, haja vista alguns deuses como Apolo terem vários amantes homens (RAGO, 1996). Com o advento da Idade Média e poder da Igreja Católica as relações sexuais entre homens e mulheres, através do casamento foi tida com relativa normalidade, mas em contrapartida a homossexualidade foi abominada e caracterizada como pecado tomando por base os textos bíblicos do Antigo Testamento, “não te deitarás com homem, como se fosse mulher: isto é abominação” (Lev, 18:22).
Esta compreensão bíblica ainda está presente em algumas famílias que historicamente tiveram por base o modelo jesuítico de educação, baseado na fé e na preservação dos valores morais e cristãos da igreja de base europeia e, consequentemente, de valores heteronormativos, resultando muitas vezes em conflitos geracionais, e em contextos escolares, associado a idealização de valores morais e ordenamento social (SILVA, 2009). Para Silva (2009) a definição de heterossexualidade é inteiramente dependente da definição de seu outro, a homossexualidade, que se torna um desvio da sexualidade dominante, hegemônica e “normal”, isto é, heterossexualidade. As manifestações da sexualidade sempre foram vigiadas e punidas quando descumpriam o seu mandato social, caracterizando no contexto escolar discussões diversas entre gerações, sendo a homossexualidade tida por um longo período como subversiva, doentia, inversa, e vista nos anais da medicina e psiquiatria (DOVER,1994)
Com a Modernidade, o Renascimento e a Cientificidade, a homossexualidade passou a ser considerada um distúrbio psicológico, tratada em sanatórios e levou ao aparecimento de uma sociedade xenófoba, contrastando com o a perspectiva do ser racional, dono seu corpo e, portanto capaz de decidir sobre suas opções sexuais (SILVA, 2009). Ao mesmo tempo, esse comportamento colocou a escola como local de reprodução de ideários sexistas.
Com a contemporaneidade, ou pós modernidade, marcada por características de tolerância, multiculturalismo, acatamento de estilos e modos de vida diferentes, observa-se no contexto educacional que a homossexualidade carrega ainda um caráter ideologizante e preconceituoso. As percepções a respeito do sexo, sempre estiveram presas a noção de reprodução e na maioria das famílias falar sobre sexo sempre foi tabu, ainda mais quando associado ao prazer, mesmo que esse assunto envolva sujeitos de diferentes gerações. Tanto a família como a escola se esquivou dessa tarefa e condicionou o sexo à finalidade da procriação, portanto, uma aliança entre homem e mulher, onde outra leitura seria considerada perversão, resultando numa sexualidade de controle e não de respeito (SILVA, 2009).
A construção de uma identidade livre da sua própria da sexualidade, seguindo sua orientação ele também tenderá a ser limitado à sua condição, pois cria regras de relações, ou seja, ninguém é totalmente livre deste estabelecimento normativo, o que reforça o preceito de respeito da sociedade a toda as manifestações da sexualidade, pois:
[...] toda identidade sexual é um constructo instável, mutável e volátil, uma relação social contraditória e não-finalizada. Como uma relação social no interior do eu e como uma relação social entre "outros" seres, a identidade sexual está sendo constantemente rearranjada, desestabilizada e desfeita pelas complexidades da experiência vivida, pela cultura popular, pelo conhecimento escolar e pelas múltiplas e mutáveis histórias de marcadores sociais como gênero, raça, geração, nacionalidade, aparência física e estilo popular (BRITZMAN, 1996, p. 74)

Nesta direção, Sayão (1997) propõe um trabalho de orientação sexual desenvolvido pela escola, diferente do transmitido de pais para os filhos, onde o intuito é de ampliar o conhecimento em direção à diversidade de valores existentes na sociedade, para que o aluno possa, ao discuti-las, opinar sobre o que lhe foi ou é apresentado. E, ao gerar discussão, gera-se um pensamento dialético de possível superação de rechaço às diferenças.
Assim, a escola tem o papel de reconhecer que nos dias atuais o respeito mútuo, as diferenças sexuais e a liberdade de escolhas sexuais estão garantidas por lei e precisam ser explicitadas no espaço escolar, amenizando o silêncio frente à pretensa superioridade heterossexual, forjada historicamente nos currículos, nos livros didáticos, propondo uma efetiva política de ampliação do conhecimento sobre algo que faz parte do cotidiano (GUIMARÃES, 1995). A Orientação Sexual na escola deve fundamentar-se numa visão pluralista da sexualidade, no reconhecimento da multiplicidade de comportamentos sexuais que perpassam gerações e de valores a eles associados. Não podendo pretender substituir, nem tão pouco concorrer com a função da família, e sim, servir de complemento, possibilitando discussões de diferentes pontos de vista associados à sexualidade, pois cada família tem seus valores, que são transmitidos dos pais para os filhos (LOURO, 2000).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (Brasil, 1998) deixam claro que a função da escola é mediar informações e problematizar questões relacionadas à sexualidade, contribuindo para o desenvolvimento de atitudes e valores baseados nos direitos humanos, nos relacionamentos de igualdade, no bem-estar social e no respeito entre as pessoas. É com essa intenção que os PCN’s (1998, p. 123) afirmam:

Se a escola que se deseja deve exercer uma ação integradora das experiências vividas pelos alunos, buscando desenvolver o prazer pelo conhecimento, é necessário que ela reconheça que desempenha um papel importante na educação para a sexualidade ligada à vida, à saúde, (...) que integra as diversas dimensões do ser humano.
Assim sendo, a função da escola é a de auxiliar e cooperar com o que o aluno traz de casa numa concepção intergeracional e de gênero, desconstruindo ideologias dominantes e respondendo perguntas e combatendo o preconceito de qualquer natureza. A discussão sobre a homossexualidade ainda é um tabu muito presente na sociedade, que pressupõe uma dificuldade em entender e respeitar, e talvez por isso, tenha-se tanto preconceito sobre o assunto.
A relação entre a Psicologia e a Educação se reflete nos processos psicológicos e educacionais, quando privilegia essa concepção histórica da condição humana, considerando as questões socioculturais, emocionais e afetivas na formação da subjetividade humana, sendo de suma importância para o acompanhamento, desenvolvimento e trabalho do professor para com os alunos no contexto escolar (MEIRA, 2000).
No ambiente escolar se faz necessário a presença da Psicologia da Educação, especialmente entre aqueles interessados em contribuir para a melhoria da qualidade do processo educativo (MEIRA, 2000). A Psicologia da Educação entendida como:

aspectos teóricos. Assim tomando-se essa definição, a Psicologia da Educação ou Educacional deveria ocupar-se da construção de conhecimentos que possam ser uteis ao processo educacional, enquanto que a Psicologia Escolar circunscrever-se-ia ao âmbito do exercício direto do profissional da Educação (MEIRA, 2000, p.35).

Nesse sentido pensar a Psicologia como um componente curricular de Licenciaturas, capaz de orienta o aluno futuro professor para realizar e aprofundar discussões, que envolvem questões amplas e complexas como rejeição,  conflitos e agressões, é de grande contribuição.

4 MÉTODO

4.1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa se caracteriza por ser exploratória com abordagem qualitativa. Para Minayo (2010) a pesquisa exploratória estabelece critérios, métodos e técnicas para oferecer informações sobre o objeto investigado, ao mesmo tempo em que orienta para os questionamentos.
A pesquisa exploratória visa à elucidação ou explicação de fenômenos que não estão evidentes na fala dos sujeitos e que somente relacionando o discurso com o contexto onde ele se apresenta é que podemos compreendê-lo em sua essência (GIL, 1994).
4.2 Local

O Liceu Maranhense iniciou suas atividades em 1838, em um pavimento térreo do antigo Convento do Carmo situado na Praça João Lisboa em São Luís do Maranhão. Atualmente o colégio conta com um corpo docente formado por 137 professores, que visam atender o turno diurno e noturno. Conforme o Projeto Político-Pedagógico da escola que 31 professores do corpo docente são especialistas, 15 são mestres e 05 são doutores nas mais diversas áreas. No que se refere à categoria socioeconômica dos alunos a sua maioria pertencem à classe média e baixa e em sua maioria moram nos arredores do bairro da escola, no centro da cidade.

            4.3 Instrumentos para a coleta de dados

Utilizou-se dois questionários semiestruturados, um para os docentes e um para os discentes, com questões abertas e fechadas relacionadas ao tema (ANEXO 1).

 4.4 Participantes

Compuseram a amostra desta pesquisa quatro professores do turno noturno, com idade entre 39 e 65 anos de idade, do sexo masculino e feminino, de áreas de conhecimento distintas (humanas, natureza e linguagem).
Do corpo discente, participaram seis alunos, dentre eles três alunos heterossexuais e três homossexuais, com idade entre 16 e 19 anos.

           4.5 Procedimento de coleta de dados

A coleta das informações através da utilização do questionário ocorreu dia 13 de abril de 2016 às 18h30min durante o horário que antecede o inicio das aulas no turno noturno. Ocorreu de forma individual e, previamente, foi feita a apresentação de tal questionário e sua finalidade acadêmica.

           4.6 Procedimento de análise de dados
A análise do discurso aqui utilizada como método de abordagem ao contexto investigado está baseada em Focault (1997), para o qual o discurso possibilita ao receptor compreender o sentido do texto expresso pelo emissor que é o autor do mesmo e que está influenciado pelo contexto no qual está inserido permitindo dessa forma a compreensão do mesmo.
O elemento mais importante da análise do discurso é o sentido que o mesmo tem no momento em que é captado, pois em outro momento esse mesmo discurso pode ser alterado em sua essência. O discurso nem sempre se apresenta conforme os interesses do emissor e do receptor, muitas vezes ele é influenciado pelo contexto. No ambiente escolar o discurso pode ser alterado pelas condições do próprio ambiente. 
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Resultados docentes

A primeira impressão sobre o tema e a entrega dos questionários foi de risos, gargalhadas e preocupação. Alguns professores perguntaram para qual finalidade era o questionário, outros comentaram que na escola tinha muitos casos e outros fizeram expressões de preocupação.
Sobre o conceito de homossexualidade. Para o professor 1 é “uma questão em aberto para a ciência”, o professor 2 respondeu “que não sabe definir, mas entende como o relacionamento entre o mesmo sexo” e o 3 “atração por pessoa do mesmo sexo”, o professor 4 não respondeu.
Sobre se consideram a homossexualidade algo normal. 3 professores responderam que sim e apenas um professor fez o seguinte comentário “um caso em aberto para a ciência”, dando a entender que ainda não há uma definição sobre a homossexualidade, podendo a mesma estar relacionada a algum tipo de distúrbio psicológico ou sexual, ligado a algum tipo de doença.
O que se percebe é que ainda perpassa pela concepção teórica desse professor uma concepção sobre a homossexualidade ligada a questões de saúde. Segundo Bortoloni (2008), o início do século XIX trouxe consigo a incorporação da homossexualidade, caracterizada pelo termo homossexualismo, aos manuais médicos/psiquiátricos representando-a como uma doença, exceção, inversão, anormalidade, entre outras denominações.
Mas já nas últimas décadas do século XX, segundo Bortoloni (2008) inalmente os Códigos Internacionais de Doenças e Manual de Diagnóstico e Estatístico das Perturbações Mentais (CID-X e DSM IV) retiraram a homossexualidade de suas classificações e, em 1990, a Organização Mundial de Saúde (OMS) aboliu a homossexualidade como doença de todas as suas listas cientificas.
Sobre os problemas presenciados na escola sobre a homossexualidade. Os quatro professores responderam que já presenciaram preconceito, falta de respeito entre os mesmos e bullying.
Se algum projeto sobre homossexualidade estar sendo desenvolvido na escola. Todos responderam que não e se fosse desenvolvido na escola algum projeto, acreditam que esses problemas seriam amenizados. Os quatro professores também afirmaram que não se importam em ter alunos homossexuais em sua sala de aula.
Os dados demonstram que os professores percebem o preconceito, mas que ao mesmo tempo, a escola não adota nenhum projeto de intervenção no sentido de prevenir ou coibir tais atitudes. Seria interessante que a escola trabalhasse no sentido desenvolver projetos interdisciplinares contemplando as questões pertinentes a sexualidade e a homossexualidade tendo em vista que a clientela é diversificada tanto econômica, como social e culturalmente.
Considerando que a escola detém os meios pedagógicos necessários para a intervenção sistemática sobre a sexualidade, de modo a proporcionar a formação de uma opinião mais informativa e ou crítica sobre o assunto, permitindo, assim, a construção de alunos cidadão independentemente de sua orientação sexual e, sobretudo podendo contribuir com a satisfação e os anseios dos mesmos (SUPLICY, 1998). Vele ressaltar que ela é local profícuo para isso.
Resultados discentes

Sobre a homossexualidade. Os seis alunos responderam que “acham normal a homossexualidade”, demonstrando de certa forma, a tolerância pela questão de gênero e sexualidade. Ressaltando que acham importante discutir sobre a homossexualidade na escola.
Sobre se já sofreram algum tipo de discriminação. Todos os alunos homossexuais responderam que sim, dos alunos que se identificam como heterossexuais apenas um aluno disse que não sofreu qualquer tipo de discriminação.
Sobre o convívio com homossexuais no ambiente escolar. Apenas um aluno, dos seis, disse que não gostaria de ter a presença de um homossexual em sua sala de aula.
Percebe-se que os próprios alunos consideram a escola um ambiente privilegiado para a construção de conhecimento e ideias e, sobretudo, um contexto para a desconstrução de ideologias e padrões pré-estabelecidos, não podendo excluir as manifestações da sexualidade e, sim criar um espaço de discussão aberta e franca sobre ela, deixando de lado os próprios preconceitos, permitindo que cada um se mostre como é: com suas dúvidas, conflitos, medos (LOURO,2000).
Observou-se que na rotina da escola tanto docentes como discentes percebem a presença de preconceito contra os homossexuais, reforçando a necessidade já relatada de programas de prevenção e intervenção.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os autores utilizados nessa investigação: Meira (2000), Heilborn (2002), Suplicy (1998), Louro (2000) entre outros, são unânimes em destacar que o contexto escolar está permeado de preconceitos de toda ordem, principalmente contra os homossexuais. E que este problema precisa ser enfrentado pelos professores e alunos, no sentido de minimizar atitudes preconceituosas que trazem resultados diversos que vão desde enfrentamento no ambiente da escola até questões judiciais, sem perder de vista que o individuo estigmatizado por homossexualismo pode ser excluído tanto da escola como da família, trazendo possibilidades de ações adversas tanto a ele quanto aos que o rotulam.
Este artigo teve como objetivo verificar como os professores e alunos do Centro de Ensino Liceu Maranhenses, do turno noturno, percebem a homossexualidade no contexto escolar. Responderam, de maneira individual, voluntária e anônima, a um questionário semiestruturado, quatro docentes e seis discentes.
Os resultados indicam que a maioria dos docentes entende a homossexualidade como orientação sexual, presenciaram atitudes preconceituosas contra homossexuais na escola e lamentam a ausência de projetos nessa temática. Já os discentes concordam com os docentes no que tange ao conceito de homossexualidade e preconceitos contra homossexuais na escola e a maioria não se sente constrangido ou incomodado em conviver com alunos homossexuais.
Desta forma, urge a efetiva e sistemática inclusão da Orientação Sexual nos currículos escolares conforme contida nos manuais da educação escolarizada e nos documentos legais sobre a educação brasileira. Futuras investigações devem buscar elaborar e implementar medidas para conter preconceitos e exclusão de alunos homossexuais, bem como promover o respeito às diferenças de todos os tipos.

REFERÊNCIAS

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BORTOLONI, Alexandre.Diversidade Sexual na escola.Rio de Janeiro.UFRJ, 2008

BRITZMAN, D. O que é essa coisa chamada amor: identidade homossexual, educação e currículo. Educação & Realidade, Porto Alegre, 1996.
                                                           
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GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisas sociais. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1994.

HEILBORN, Maria Luiza.Fronteiras simbólicas: gênero, corpo e sexualidade. Cadernos Cepia nº 5,  Gráfica JB, Rio de Janeiro,   2002.

LOURO, G.L. (Org.). O corpo educado: pedagogias da sexualidade. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.

MAGALHÃES, Dirceu Nogueira. (2000). Intergeracionalidade e cidadania. In: PAZ, Serafim. Envelhecer com cidadania: quem sabe um dia? Rio de Janeiro: CBCISS-ANG/RJ.

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__________.Conversando sobre sexo. 12 ed. Rio de Janeiro: Vozes, 1994.




ANEXO 1

Questionário para Docentes.
- O que o senhor entende por homossexualidade?
- O senhor considera a homossexualidade normal?
- O senhor aceita a homossexualidade?
- Existe algum projeto sendo desenvolvido na escola sobre a homossexualidade?
- Quais problemas que o senhor poderia assinalar que ocorre no contexto escolar relacionado à homossexualidade, entre os alunos?
- Sobre ter um aluno (a) homossexual na sala de aula, qual sua posição?

Questionário para Discentes.
- Você conhece alguma pessoa homossexual na escola?
- Você acha que a homossexualidade e uma doença?
- Você gostaria de ter um (a) colega homossexual em sala de aula?
- Você já participou/presenciou algum tipo de brincadeira de conotação negativa, em relação a homossexualidade em sua escola?
-Você acha importante discutir temas, como a homossexualidade, na escola?
- A sua escola realiza algum tipo de trabalho sobre sexualidade/homossexualidade?


[1] Trabalho apresentado como requisito para Conclusão do curso de Especialização e recebimento do título de Especialista em Psicologia da Educação UemaNet/UEMA/2016.
[2] Pós-Graduanda em Psicologia da Educação – Núcleo de Tecnologias para Educação – Universidade Estadual do Maranhão.
[3] Professora Orientadora do artigo. Mestra em Psicologia da Saúde pela Universidad de Málaga. Graduada em Psicologia pela Universidade Federal do Maranhão.

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