quinta-feira, 17 de agosto de 2017

A DEMOCRATIZAÇÃO DO ENSINO BRASILEIRO

Adriano Pinheiro
Professor de História
Publicado em O Estado do Maranhão em 30-01-16


Recentemente, acompanhamos pelos meios de comunicação uma polêmica sobre a base curricular nacional comum para as redes de ensino público e privado. Minha análise irá se limitar à disciplina de História. Alguns críticos dessa nova base afirmaram que seriam excluídos do currículo conteúdos vitais, como Revolução Francesa, Revolução Industrial, Mesopotâmia, Egito, Grécia, etc. E, para por mais lenha na fogueira, declaram que seria retirada também a História do Cristianismo. O que isso tem de verdade?
Por muito tempo, o ensino de História teve uma abordagem positivista e factual: o aluno decorava datas importantes, grandes feitos e grandes personalidades. Era a história dos vencedores! Durante o regime militar, duas disciplinas foram criadas para reforçar os valores cívicos nessa mesma perspectiva, tais como OSPB e Educação Moral e Cívica. Durante esse regime, que durou 21 anos, muitos professores foram perseguidos e sofreram dura repressão. Em alguns casos, eles tinham envolvimento com movimentos de esquerda, e os militares temiam que essa influência ideológica chegasse à classe estudantil.
Com a redemocratização do país, a orientação marxista se disseminou no meio acadêmico, sobretudo no campo das Ciências Humanas. Isso ocorreu por convicção dos intelectuais, mas também, certamente, pelo ressentimento em relação aos chamados “anos de chumbo”. Porém, no final dos anos 80, com a queda do muro de Berlim, e nos anos 2000, com a ascensão do PT ao poder, a Universidade ficou mais plural.
A base nacional curricular comum consolidará esse processo de democratização do ensino. Ela não exclui os conteúdos acima mencionados, nem sequer especifica conteúdos, mas sim temáticas como: povos africanos, fraternidade, democracia, povos asiáticos, etc. O professor terá autonomia para escolher os conteúdos mais adequados a cada temática. Por exemplo: no tema “democracia”, pode-se trabalhar a Grécia; em “fraternidade”, é possível abordar o Cristianismo. Essa proposta está no site http://basenacionalcomum.mec.gov.br, ainda em fase de elaboração. Através dele, alunos, pais e professores poderão dar sugestões sobre a base, até o dia 15 de março. Para tanto, é necessário apenas preencher um cadastro.
Outro ponto importante é que as temáticas comuns a todo o país são de apenas 60%; os outros 40% ficam reservados a assuntos regionais. Com isso, é provável que o ENEM seja reformulado, haja vista que ele não contempla nem a História nem a Geografia regionais.
Em suma, toda a implementação da nova base curricular nacional comum está sendo realizada de forma transparente, com a participação da sociedade. A meu ver, porém, deveria haver uma divulgação mais ampla pelos meios de comunicação. Outros países, tais como o Chile e o Uruguai, já adotaram uma base nesse estilo. Se as coisas ocorrerem como estão sendo planejadas, creio que teremos um ensino mais democrático e com um padrão menos desigual.

HISTÓRIAS E MEMÓRIAS DE ALUNOS E PROFESSORES DO LICEU MARANHENSE

https://youtu.be/jvA9rmCRdyU
O trabalho de pesquisa apoiado pela FAPEMA teve por objetivo o resgate de memórias e histórias de professores, com faixa etária entre 25 a 65 anos, e alunos, com faixa etária entre 15 a 18 anos, que envoltos em suas práticas pedagógicas proporcionaram e proporcionam reflexões e ações de suas experiências e identidade escolar, que historicamente fazem parte do contexto social onde vivem, possibilitando assim uma visão de uma determinada sociedade que de forma hegemônica estabeleceu padrões que permaneceram e conduziram a conduta dos mesmos.
A historiografia das instituições escolares e seus sujeitos escolares tendo como aporte teórico a História Cultural nos direcionam para relatos orais e memórias esquecidas e não conhecidas, até então, pois segundo Nunes (2003, p.15) “as escolas são celeiros de memórias, espaços nos quais se tece parte da memória social”. Através de relatos de professores e alunos podemos conhecer a história da sociedade que a gerou, uma vez que a educação não é um fenômeno neutro e a mesma esta diretamente ligada aos ocorridos da sociedade.

Dessa forma, as questões que propõem esse projeto de pesquisa estão pautadas nas seguintes proposições: Quais lembranças do cotidiano escolar permeiam a memória de alunos e professores? Como essas lembranças e memórias contribuem para a construção e reconstrução da historia da educação da capital do Maranhão? Quais são as praticas pedagógicas que marcaram professores e alunos no cotidiano escolar? Como alunos e professores percebem as mudanças educativas no espaço tempo no ambiente escolar? 

quarta-feira, 16 de agosto de 2017

A representação do negro no Liceu Maranhense


1.     INTRODUÇÃO

Este artigo trata sobre a cultura negra, identidade, educação e a representação do negro no cotidiano escolar. Trata de uma revisão de literatura, descritiva, exploratória, de abordagem qualitativa, com pesquisa de campo por meio de questionário com alunos e professores de uma escola pública do Ensino Médio de São Luís. Tem como objetivo identificar os elementos históricos das culturas de matrizes africanas, aproximando o universo religioso no Brasil. Nos resultados percebe-se que cerca de (58%) dos alunos questionados é do sexo feminino, e 42% é do sexo masculino, quanto a distribuição dos entrevistados por faixa etária, temos 60% dos alunos questionados estão na faixa etária de 14 a 16 anos e 40% destes entre 17 a 19 anos. Destes, (54%) dos professores questionados é sexo feminino e (46%) do sexo masculino e quanto a idade dos professores 73% acima dos 40 anos.
Fez um breve histórico da situação dos negros, destacando a desigualdade social, a educação, a discriminação, a violência e a falta de oportunidade na social.
Utilizamos um questionário para identificarmos a situação da nossa escola, quanto as questões sociais dos alunos e professores e a Lei 11.645/08, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, ressaltando  em sala de aula a cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira, na qual os negros são considerados como sujeitos históricos, valorizando-se, portanto, o pensamento e as ideias de importantes intelectuais negros brasileiros, a cultura (música, culinária, dança) e as religiões de matrizes africanas.

2.     A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NO LICEU MARANHENSE

O Brasil atualmente possui a maior população negra fora da África, e os negros que vieram para cá no período da colonização eram de várias nações e diversas regiões daquele continente, e cada um desses grupos possuía sua própria cultura, tais como: danças, músicas, alimentação, língua, lutas, religiões e seus rituais. E ao chegarem na condição de trabalhadores escravos se misturaram com os membros desses grupos, e com a convivência entre si, estes foram adaptando partes dos conhecimentos dos outros, onde podemos observar grande influência dessa cultura, principalmente na região Nordeste (Portal Brasil, 2009).
Apesar de ter sido um dos pais que mais recebeu os negros até hoje ainda não conseguiu diminuir o quadro de extrema desigualdade entre os grupos étnico-raciais negro e branco. O alto índice de miscigenação entre os brasileiros não inibe o preconceito e exclusão social.
Diante disso, confirmamos os dados da (revista guia do estudante, 2016), que apresenta os seguintes indicadores:

2.1      DESIGUALDADES SOCIAIS: em 2014 a população negra correspondia a 53,6%, mesmo sendo a maioria possuem menos oportunidades na sociedade brasileira;

2.2      EDUCAÇÃO: em 2014 os estudantes negros entre 18 e 24 anos, cerca de 45,5% estavam na faculdade, enquanto em 2005 eram 18,5%, já os estudantes brancos em 2014, cerca 71,4% estavam na faculdade enquanto em 2005 eram 51,5%;

2.3      DISCRIMINAÇÃO: existem, proporcionalmente, mais negros e (53,6% no Brasil que a soma dos brancos, amarelos e indígenas.

Segundo (Souza; Lopes;Santos, 2007): “A África é tida pejorativamente apenas como a terra da macumba, da capoeira, do tambor, ou ainda, como o lugar onde se buscavam os escravos, o cenário da expansão colonial”.

Diante disso, para os negros estar em sintonia com a África era estar em contato com tudo que os lembrasse das regiões de onde foram retirados ou ainda de outras regiões que poderiam na África ser diferente e até mesmo rivais, mas aqui faziam parte de um mesmo grupo que se fortalecia perante as adversidades.

Como afirma o geógrafo (Santos, 1997): “ A escravidão marcou o território, marcou os espíritos e marca ainda hoje as relações sociais deste país. Mas é também um modelo cívico subordinado à economia, uma das desgraças deste país”.

A introdução da população negra na sociedade brasileira ocorreu através do trabalho, sendo a base da organização econômica e da convivência familiar, social e cultural, destacando os estados do: Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul.

Segundo Lima, 2016, um pais da diáspora que mesmo diante deste cenário ainda não aprendeu a conviver e respeitar a diversidade.

Por meio de pressão e atuação incessantes, o movimento negro tem denunciado as condições de vida da população negra brasileira, evidenciando, que o acesso e a permanência dos alunos negros no sistema educacional são rodeados por uma inúmeras dificuldades e desigualdades. Tais constatações obrigaram o Estado a construir políticas públicas de combate a essas desigualdades sociais e educacionais, instituindo a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africanas e afro-brasileiras

2.4      ASPECTOS CULTURAIS

A cultura afro-brasileira é uma das que mais se destacam no cenário do sincretismo religioso no Brasil.
A música e a dança dos descendentes africanos são exemplos vivos do que é o patrimônio cultural do continente negro amadurecido ao longo do milênio. Uma história antiga e valiosa vista através da música, da dança, do teatro, do artesanato, da indumentária e das tradições.

2.5      MÚSICA E DANÇA

A principal influência da música africana no Brasil é, sem dúvidas, o samba, mas os tambores de África trouxeram também outros cantos e danças. Além do samba, a influência negra na cultura musical brasileira vai do Maracatu à Congada, Cavalhada e Moçambique. Sons e ritmos que percorrem e conquistam o Brasil de ponta a ponta.
É importante destacar o papel do atabaque, segundo (Verger, 2000, p-25) afirma que: “os atabaques desempenham, nesses cultos, um papel essencial. São, para os negros, muito mais do que meros instrumentos musicais que servem para acompanhar as cantigas e danças 143 religiosas”.
 Vale salientar que o Tambor de Crioula do Maranhão é uma forma de expressão de matriz afro-brasileira, destacando a dança circular, canto e percussão de tambores, praticado especialmente em louvor a São Benedito, ocorrendo na maioria dos municípios do Maranhão. O tambor de crioula é um Patrimônio imaterial Cultural do Brasil inclui-se entre as expressões do que se convencionou chamar de samba, derivadas, originalmente, do batuque, assim como o jongo no Sudeste, o samba de roda do Recôncavo Baiano, o coco no Nordeste e algumas modalidades do samba carioca. Além de sua origem comum, constatam-se, entre essas expressões do samba, traços convergentes na polirritmia dos tambores, no ritmo sincopado, nos principais movimentos coreográficos e na umbigada (IPHAN, 2016).

2.6      CAPOEIRA

Inicialmente desenvolvida para ser uma defesa, a capoeira era ensinada aos negros cativos por escravos que eram capturados e voltavam aos engenhos.
Os movimentos de luta foram adaptados às cantorias africanas e ficaram mais parecidos com uma dança, permitindo assim que treinassem nos engenhos sem levantar suspeitas dos capatazes.
No rastro do samba, a capoeira e as religiões afro-brasileiras também ganharam terreno. Antes considerada atividade de marginais, a capoeira seria alçada a autêntico esporte nacional, para o que muito contribuiu a atuação do baiano Mestre Bimba, criador da chamada capoeira regional.
A Capoeira é hoje Patrimônio Cultural Brasileiro e recebeu, em novembro de 2014, o título de Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

2.7      RELIGIÃO

A África é o continente com mais religiões diferentes de todo o mundo. Ainda hoje são descobertos novos cultos e rituais sendo praticados pelas tribos mais afastadas.
A dispersão dos escravos no território nacional, pressão social e religiosa dos brancos, negros guardaram secretamente, suas religiões como: candomblé, macumba, xangó, tambor, batuque ou parás.
O Candomblé, a mais tradicional das religiões africanas, originou-se no Nordeste, especialmente na Bahia destacando as tradições religiosas afro-brasileiras. Além do candomblé temos muitas outras religiões afro: Umbanda, Quimbanda, Batuque, Tambor de Mina, Xangô etc;. Em vários estados brasileiros surgiram práticas religiosas afro: Batuque no Rio Grande do Sul, Tambor de Mina no Maranhão e Pará, Macumba no Rio de janeiro, Umbanda em são Paulo, Xangô em Pernambuco e Alagoas.
O Candomblé aceita todos os indivíduos da sociedade, segundo (PRANDI, 1995 - 96, p. 82), independentemente da cor da pele, das ideologias políticas e partidárias: “Isso mostra como o Candomblé aceita o mundo, mesmo quando ele é o mundo da rua, da prostituição, dos que já cruzaram as portas da prisão. O Candomblé não discrimina o bandido, a adúltera, o travesti e todo tipo de rejeitado social”
O termo candomblé denomina diversos ritos com diferentes ênfases culturais, aos quais os seguidores dão o nome de “nações” (Lima, 1984). Assim temos que as culturas africanas que foram as principais fontes culturais para as atuais, chamadas de “nações” de candomblé vieram da área cultural banto, região dos atuais países da Angola, Congo, Gabão, Zaire e Moçambique e da região sudanesa do Golfo da Guiné, que teve a contribuição dos iorubás e dos ewê-fons, onde situam-se hoje aos atuais território da Nigéria e Benin. (Cultura Afro-Brasileira, 2009).
Também temos a filosofia africana, chamada Ubuntu, que segundo (LUZ, 2014), afirma que no âmbito político, o conceito serve  para destacar a necessidade da união e do consenso nas tomadas de decisão, bem como na ética humanitária.
Já no aspecto religioso, está fundamentado na máxima zulu, correspondente  uma das 11 línguas oficiais da África do Sul, onde  umuntu ngumuntu ngabantu, significa que  uma pessoa é uma pessoa através de outras pessoas que, aparentemente, parece não ter conotação religiosa na sociedade ocidental, mas está ligada à ancestralidade africana. A ideia de ubuntu inclui respeito pela religiosidade, individualidade e particularidade dos outros.

2.8      CULINÁRIA

Outra grande contribuição da cultura africana se mostra à mesa. Pratos como o vatapá, acarajé, caruru, mungunzá, sarapatel, baba de moça, cocada, bala de coco, cuscuz, feijoada e muitos outros exemplos são iguarias da cozinha brasileira e admirados em todo o mundo.

2.9      RACISMO

O racismo, que se alicerçou  ao longo  da história da sociedade brasileira, permanece até hoje, formado pelos ideais da elite economicamente dominante estabeleceu, com o intuito de legitimar a escravidão e a constituição de relações sociais no Brasil, após a abolição, observando-se a “ideologia de dominação racial”, procurando justificar o porquê da escravidão; e o  é o “mito da democracia racial”, procurando esconder as consequências dessa escravidão para  o negro brasileiro e desigualdades raciais no Brasil.
A questão racial é, portanto, um obstáculo a que o homem se emancipe das amarras que o reduzem à condição de coisa, de animal de trabalho, de ser que não desfruta plenamente as possibilidades de libertação que o próprio homem cria. Temos uma questão racial porque é em nome dela que um número enorme de seres humanos está privado de igualdade e de direitos. A questão racial aprisiona e imobiliza a própria condição humana possível, a virtualidade que não se cumpre em relação a todos, não só ao negro (MARTINS, 2007, p. 98).
“Ser negro no Brasil é, pois, com frequência, ser objeto de um olhar enviesado. A chamada boa sociedade parece considerar que há um lugar predeterminado, lá em baixo, para os negros e assim tranquilamente se comporta. Logo, tanto é incômodo haver permanecido na base da pirâmide social quanto haver subido na vida”(SANTOS, 2000).

2.10   VIOLÊNCIA E DESIGUALDADE RACIAL

Segundo o (guia do estudante, 2016) o perfil da vítima de homicídio no Brasil está em cada Homem, jovem, negro e pouco escolarizado, destacando o pico de homicídios para os homens com 21 anos, pretos e pardos, possuindo 147% mais chances de serem assassinados em relação a indivíduos brancos, amarelos e indígenas.
 Segundo o relatório Violência Letal contra as Crianças e Adolescentes do Brasil, elaborado pela Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais, a cada 24 horas, 29 crianças e adolescentes entre 1 e 19 anos de idade são assassinados no Brasil,. A grande maioria das vítimas é negra. Ao final de um ano, a contagem chega a 10.520 vítimas fatais. E o mais assustador é que no período de 1980 a 2013 este número cresceu 475%, e segue em tendência de alta. Se analisada a taxa de homicídios por 100.000 habitantes, o aumento foi de 426%, de 3,1 para 16,3. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera como epidêmicas taxas acima de 10. Comparado com outros 85 países, o Brasil fica em 3º lugar no ranking de homicídios de crianças e adolescentes.
Em 2013, no conjunto da população de até 17 anos de idade, a taxa de homicídios de brancos foi de 4,7 por 100.000, enquanto que a de negros, 13,1. Proporcionalmente, morreram quase três vezes mais negros que brancos.

2.11   PARTICIPAÇÃO DOS NEGROS ENTRE OS MAIS POBRES AUMENTAM

Segundo o IBGE, 2015, na população que forma o grupo 10% mais pobre, com renda média de R$ 130 por pessoa na família, os negros continuam majoritária e 4m 2004, 73,2% dos mais pobres eram negros, patamar que aumentou para 76% em 2014. Os brancos eram 26,5% dos mais pobres em 2004 e sua participação nessa fatia da população caiu para 22,8% em 2014.
E afirma ainda que se considerada a população total de negros no Brasil, 38,5% deles estavam entre os 30% mais pobres da população em 2014, valor inferior aos 41,6% registrados em 2004. Houve um aumento da proporção de brancos que se encaixam nessa faixa de renda: de 19,1% em 2004 para 19,8%.

3.     RESULTADO E DISCUSSÃO

Estudo de revisão de literatura, descritiva, exploratória, de abordagem qualitativa, considerando a amostra da pesquisa de 15 artigos e a pesquisa de campo com entrevistas com alunos e professores de uma escola pública do Ensino Médio de São Luís. Este trata sobre a cultura negra, identidade, questões sociais dos negros, educação e sua representação social. Os questionários foram aplicados a 166 alunos das 1ª, 2ª e 3ª séries do Ensino Médio do turno vespertino e 15 professores no período agosto a setembro de 2016.
Os dados coletados foram tabulados em tabela de Word, para melhor visualização dos resultados, levando em consideração os temas propostos.
Após a descrição dos dados foram submetidos à discussão e análise de resultados, (conforme Gráfico1).

Gráfico1- Distribuição dos alunos por série, sexo, faixa etária (2016).

Nota-se que 166 alunos foram entrevistados e na análise do perfil destes alunos é interessante observar que 57(35%) dos alunos questionados responderam estão cursando a 1ª série e pertencem a faixa etária de 14 a 16 anos; 26 (46%) do sexo masculino, 27(48%) do sexo feminino, 2 alunos que se autodeclaram sexo alternativo (4%) e 1 alunos entre 15 a 17 anos que se autodeclarou sexo alternativo (2%). Os entrevistados da 2ª série do ensino médio foram 59, entre a faixa etária de 14 a 16 anos 15 (26%) do sexo masculino e 21 (36%) do sexo feminino, já entre 15 a 17 anos, 13 (22 %) são do sexo masculino e 9 (15%) do sexo feminino e 1(1%) alunos entre 15 a 17 anos sexo alternativo. Os jovens entrevistados na 3ª série do ensino médio foram 50, entre a faixa etária de 14 a 16 anos 02 (4%) do sexo masculino e 07 (14%) do sexo feminino, já entre 15 a 17 anos, 10 (20%) são do sexo masculino e 30 (60%) do sexo feminino. No total geral tivemos entre a faixa etária de 14 a 16 anos 43(26%) do sexo masculino e 55 (33%) do sexo feminino e alternativo 2(1%) e entre 17 a 19 anos 23(14%) do sexo masculino e 39(23%) do sexo feminino e 04 (3%) alternativo. Percebe-se pelo gráfico 1 que cerca de (60 %) dos alunos é do sexo feminino, e 40% é do sexo masculino  

Gráfico2- Distribuição dos professores por sexo, faixa etária e área do conhecimento (2016).


O gráfico 2, destaca que 15 professores se colocaram à disposição para participar da pesquisa, respondendo ao questionário, sendo que 8 (53%) professores do sexo feminino e 7 (47%) do sexo masculino, tendo 1 (7%) professor do sexo feminino na faixa etária de 25 a 29 anos, 3 (20%) na faixa etária de 30 a 35 anos e 11 (73%) com mais de 40 anos. Já quanto a disciplina que leciona, tivemos 3 de História, sendo 1 do sexo masculino e 2 do feminino, 2 de Inglês do sexo feminino, 2 de Física do sexo masculino, 2 de Filosofia do sexo masculino, 2 de Biologia, sendo 1 o sexo masculino e 1 (6,66%) feminino, 1 (6,66%) de Português, Artes e Química do sexo feminino e 1 (6,66%) de Matemática do sexo masculino.
Pode ser observado que os homens, estão mais concentrados na área da Natureza e as mulheres estão mais concentradas nas áreas de Linguagem e Humanas.
Esta parte analisamos a questão cultural, racismo cotas, questões sociais sobre violência, desigualdade sociais, a partir destas, os professores e alunos irão responder as questões que tem com resultado o perfil da nossa escola quanto a questões sociais do negro, sendo que estas duas primeiras perguntas foram dirigidas apenas aos professores:
1a) Como é estudada a trajetória histórica do negro na sua escola?
Observamos que 02 professores responderam que deve ser trabalhada no Dia da Abolição da Escravatura, em agosto, mês do folclore, e no Dia da Consciência Negra; 12 professores como conteúdo, nas várias áreas que possibilitam tratar o assunto e 01 professor não deve ser estudada em nenhum momento
1b) O trato das questões raciais: 07 professores responderam que é feito de forma generalizada, pois a escola não tem possibilidade de incidir muito sobre ele; 08 professores responderam que é contextualizado na realidade do aluno, levando-o a fazer uma análise crítica dessa realidade, a fim de conhecê-la melhor, e comprometendo-se com sua transformação;
02 A cultura negra deve ser estudada, 101 alunos e 06 professores responderam como parte do rico folclore do Brasil, 24 alunos e 07 professores questionados responderam como um instrumento da prática pedagógica e 33 alunos e 01 professor quando o assunto está na mídia.
03-Sobre a questão do racismo tratado na escola, tivemos 133 (80%) alunos e 12 (80%) professores que responderam que o racismo deveria ser tratado pedagogicamente pela escola, 30 (18%) alunos e 4 (27%) professores responderam pelos movimentos sociais e 3 (2%) alunos e 6 (2%) professores responderam, quando acontecer algum caso evidente na escola.
04- Em relação ao preconceito racial, você já sofreu algum tipo de preconceito racial?   37 alunos responderam que sim e 125 alunos e 12 professores que não.  
a)    E você já presenciou algo uma atitude racista?  112 alunos e 10 professores responderam que sim;  48 alunos e 04 professores que não E já sofreu algum tipo  de preconceito racial nas redes sociais? 17 alunos que sim e 115 alunos e 12 professores não. Conhece algum que já sofreu essa atitude nas redes?  91 alunos e 11 professores que sim e 58 alunos que não;
Neste cenário brasileiro, no qual as atitudes discriminatórias demarcam presença, convém atentarmos que a percepção da manifestação de atitudes discriminatórias ocorre entre percentual considerável dos alunos, entretanto nota-se que 54% de alunos negros mencionam nunca terem sofrido ações discriminatórias, mas já as presenciaram entre seus colegas e que 20% destes mencionam nunca terem sofrido ou presenciado ações discriminatórias na escola (SOARES,2010).
05-As situações de desigualdade e discriminação presentes na sociedade são: 51 alunos e 07 professores responderam que deve ser pontos para reflexão para todos os alunos; 9 alunos e 02 professores responderam que deve ser pontos para reflexão para os alunos discriminados; 104 alunos e 02 professores responderam que deve ser instrumentos pedagógicos para a conscientização dos alunos quanto à luta contra todas as formas de injustiça social;
06- Em relação ao ambiente escolar, você percebe diferenças no tratamento dado a brancos e negros? 34 alunos e 04 professores que sim e 28 alunos e 11 professores que não;
07- Em relação a ideia segundo a qual haveria igualdade de oportunidades para negros e brancos na sociedade brasileira, você diria que: 25 alunos e 02 professores responderam que pode ser comprovada na prática, pois há igualdade racial no Brasil; 107 alunos e 10 professores que faz parte do imaginário social brasileiro, mas não se confirma na prática; 51 alunos e 02 professor que não faz parte do imaginário brasileiro e 8 alunos e 01 professor responderam que Nunca existiu
08-O aluno: 62 alunos e 3 professores responderam que posiciona-se de forma neutra quanto às questões sociais. 66 alunos e 04 professores que reavalia sua concepção refletindo sobre valores e conceitos sobre o povo negro e sua cultura, repensando suas ações cotidianas.  05 professores mostraram interesse em estudar suas origens quanto às questões raciais.
09- Acredita-se que, para fortalecer o relacionamento, a aceitação da diversidade étnica e o respeito, a escola deve
50 Alunos 08 professores Promover o orgulho ao pertencimento racial de seus alunos. 15 alunos responderam Procurar não dar atenção para as visões estereotipadas    sobre o negro nos livros, nas produções e nos textos do material didático.  90 Alunos 06 professores Promover maior conhecimento sobre as heranças culturais brasileiras.
10- Quanto à biblioteca: 38  alunos 03 professores responderam que existem muitos e variados livros sobre a questão racial que contemplam alunos e professores,  70 alunos e 07 professores responderam que existem alguns tipos de livros (dois ou três) que contemplam a questão  racial.  18 Alunos e 03 professores responderam que não existem livros sobre o tema.
11- Quanto à capacidade dos professores sobre a questão racial: 11 alunos e 03 professores responderam que algumas vezes no ano o estado promove cursos ou grupos de estudo sobre a questão racial para os professores, 45 Alunos e 03 professores responderam que os professores ainda não tiveram a oportunidade de falar sobre a questão, 91 Alunos e 08 professores responderam que os professores procuram incorporar o assunto em alguns temas abordados.
12- Em sua opinião, que fatores contribuem para a existência de um número reduzido de negros nas universidades e em algumas áreas técnicas, científicas e administrativas? 28 Alunos e 03 professores responderam que falta oportunidade.
 55 Alunos e 10 professores responderam que devido a dificuldade de acesso à educação, 37 Alunos e 02 professores responderam falta de vontade e dedicação, 32 Alunos responderam que nenhuma das opções anteriores
13- O Sistema de reservas de vagas para negros nas universidades públicas é importante?   97 Alunos e 11 professores responderam que Sim; 38 Alunos e 03 professores responderam que não.
14- O que justificaria a implementação do sistema de cotas?
 26 Alunos e 06 professores responderam que é uma dívida histórica com os negros, a quem o acesso ao ensino superior foi e é dificultado; 40 Alunos e 02 professores responderam que é um ato meramente político, que reforçaria a ideia de que o Brasil é uma democracia racial; 74  Alunos e  06 professores responderam que tornar o acesso ao ensino superior mais igualitário dentre os que são menos favorecidos.
Assim observamos que o Brasil recentemente instituiu a política de cotas, sendo, no geral, um pequeno acelerador para retirar as pessoas da naturalização da miséria, um meio temporário de correção histórica da condição imutável da pobreza. Se a política de cotas é essencial em sociedades estratificadas, pode-se imaginar a sua necessidade neste Brasil amaldiçoado pela escravidão e genocídio dos povos indígenas
Nota-se que houve forte resistência entre os pós-graduandos entrevistados à implementação de ações afirmativas para favorecer e/ou promover o acesso preferencial dos negros aos cursos de graduação da prestigiada Universidade de Brasília96. Quando a proposta é de cotas exclusivas para os negros ingressarem nos cursos de graduação da UnB, de um lado reduz-se a quantidade de discentes que defendem as ações afirmativas, caindo de 38,6% (ações afirmativas em geral) para 25,7% (somente um tipo de ação afirmativa: a cota) e, de outro lado aumenta a quantidade de discentes que é contrária a ela, subindo de 55,4% para 68,3%. A diferença em ambos os casos é de 12,9%. Ou seja, ao que tudo indica, uma houve uma transferência direta de porcentagem de um tipo de política para outra (tabelas 03 e 04). Mais ainda, 4,4% dos pós-graduandos entrevistados disseram que não
Saberiam responder se concordavam ou discordavam de uma política de cotas para negros na UnB. 0,8% não respondeu e também 0,8% afirmou que seria favorável à política de cotas desde que ela fosse somente para os vestibulandos pretos.
15- Em relação a violencia que atinge a maioria dos jovens são: 110 Alunos e 11 professores responderam do sexo masculino, negros entre 14 e 24 anos; 28 Alunos e 01 professores responderam do sexo feminino, negras entre 14 e 18 anos; 12 Alunos responderam do sexo masculino, pardos entre 10 e 18 anos; 03 Alunos responderam do sexo masculino, brancos entre 18 e 25 anos.
16-Em relação aos estados brasileiros, temos seis estados com maior índice de mortabilidade dos jovens negros, entre eles estão respectivamente: 37 Alunos e 01 professores responderam Paraíba, Maranhão, Rio do Grande do Norte, Pará, Alagoas e Bahia; 24 Alunos e 03 professores responderam Ceará, Sergipe, Paraiba, Bahia, Maranhão e Rio do Grande do Norte; 62 Alunos e 05 professores responderam Alagoas, Rio de Janeiro, Maranhão, Rio do Grande do Norte, Sergipe e Minas Gerais.
17- Você tem conhecimento de aluno/ex-aluno negro do Liceu que foi vítima de violência? 27 Alunos e 05 professores responderam na escola; 26 Alunos e 04 professores responderam durante seu trajeto para a escola; 38 Alunos e  02 professores responderam nas festas ou restaurantes.
18-Em relação a religiosidade negra você conhece algumas práticas religiosa dos africanos? 55 Alunos e 12 professores responderam que sim; 89 Alunos e 01 professores responderam que não
18.a) Quais? 46 Alunos e 10 professores responderam Candomblé; 15 Alunos e  05 professores responderam Umbanda;  01Alunos e  professores responderam ubuntu;
03 Alunos e 01 professores responderam Tambor de Mina ou Crioula; 01 aluno responderam Islamismo; 01 aluno responderam Festa do Divino;
19-Voce participa de algum movimento negro? 08 Alunos e 01 professor responderam sim;  146  Alunos e  14 professores responderam  não
20-Segundo o conceito religioso que define um indivíduo em termos de seus relacionamentos com os outros, e enfatiza a importância no contexto africano, que o indivíduo se caracteriza pela humanidade com seus semelhantes e através da veneração aos seus ancestrais, refere-se a: 42 Alunos e 01 professores responderam hinduísmo; 12 Alunos e professores responderam Islamismo;  04 Alunos responderam Confucionismo; 64 Alunos e  10 professores responderam Ubuntu

4.     CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados da nossa pesquisa apontaram que a nossa escola está no caminho de adaptação, pois reconhece a necessidade urgente de transformar o ambiente em um espaço de luta contra o racismo e a discriminação. Nós aprendemos um pouco sobre a cultura afro brasileira, embora pouco trabalhada a questão dos negros. Esperamos que seja implantado a história da cultura africana, visto que observamos tanto professor como os alunos mostram um grande desconhecimento da importância da cultura negra na formação da sociedade brasileira. Embora alunos e professores negue a existência do racismo na sociedade e no ambiente da nossa escola, é importante abordar a temática em sala de aula, visando combate do preconceito racial, pois no nosso questionário encontramos um aluno que respondeu com total desprezo as questões sobre o negro, parecia que não tinha respeito pelos alunos negros e descendentes. Daí reafirmamos a relevância nas práticas docentes sobre o processo de construção de uma autoimagem positiva para os alunos negros, também não verificamos professores afirmar participação em formação sobre a história da cultura negra.
O que observamos que a nossa escola não tem no seu currículo, a história da cultura negra e até mesmo os professores entrevistados 47% afirmaram que deve estudada como parte do rico folclore do Brasil e 53% como um instrumento da prática pedagógica, confirmando o que muitos estudiosos no assunto tem se discutido quanto a história na sala de aula continua sendo discutida na visão europeia tratando do rico folclore e a história do povo negro não sendo exemplo de luta pela cidadania.
Entendemos que o professor é uma de grande importância em sala de aula, pois é o mediador do processo ensino-aprendizagem e tem a responsabilidade de conduzir a turma para quebrar preconceitos, construir identidades, trabalhando temas, como racismo, raça, devendo mostrar o negro como protagonista, e não apenas como escravo, procurando resgatar e valorizar a cultura africana e afro-brasileira, considerando todo o contexto no qual cada escola está inserida.
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REFERENCIA BIBLIOGRAFICAS


ALESSIO, Gil. O Brasil que  mata seu futuro a bala. Disponível em: http://brasil.elpais.com/brasil/2016/06/29/politica/1467227156_026422.html.
Acesso em 30 ago. 2016
Almanaque Pedagógico Afrobrasileiro, de Rosa Margarida de Carvalho Rocha, 167 págs., Ed. Mazza, tel. (31) 3481-0591.
Brasil 500anos. Disponível em: http://brasil500anos.ibge.gov.br/ acesso em 10 ago. 2016
Cultura afro-brasileira se manifesta na música, religião e culinária. Disponível em:

LUZ, Natalia da. Ubuntu: a filosofia africana que nutre o conceito de humanidade em sua essência - 09-24-2014 por Dentro da África disponível em: http://www.pordentrodaafrica.com/wp-content/uploads/kalins-pdf/singles/ubuntu-filosofia-africana-que-nutre-o-conceito-de-humanidade-em-sua-essencia.pdf. Acesso em: 19 mai.2016.
HANDERSON, Joseph VODU NO HAITI – CANDOMBLÉ NO BRASIL: IDENTIDADES CULTURAIS E SISTEMAS RELIGIOSOS COMO CONCEPÇÕES DE MUNDO AFRO-LATINO-AMERICANO. Pelotas, 2010. disponível em:http://wp.ufpel.edu.br/ppgs/files/2014/06/joseph.pdf. acesso em: 05 set.2016

IDENTIDADE NEGRA Pesquisas Sobre o Negro e a Educação no Brasil, ANPEd. Rio de Janeiro 2013. Disponível em: http://www.acaoeducativa.org.br/relacoesraciais/wp-content/uploads/2013/12/Negro-Educacao-2-INEP.pdf. Acesso 06 set. 2016
Lima, Ivan. No Dia da África clamo por liberdade aos africanos. 2016. Disponível em:
Santos, Milton. em "As cidadanias mutiladas". In______. O preconceito (vários autores). São Paulo. IMESP, 1996-1997, p. 135.
SANTOS, Milton.  Ser negro no Brasil hoje. in: Folha de São Paulo. São Paulo,  2000. Disponível em:
SOARES, Nicelma Josenila Brito. Relações sociais na escola: representações de alunos negros sobre as relações que estabelecem no espaço escolar.  Disponível em:http://www.ppged.com.br/bv/arquivos/File/dissertacoes2010/dissertacaonicelmasoares2008.pdf, acesso em 9 set,2016
SOUZA, Sephora Santana; LOPES, Tarcília Melo; SANTOS, Fabianne Gomes da Silva. INFÂNCIA NEGRA: a representação da figura do negro no início da construção de sua identidade. III JORNADA INTERNACIONAL DE POLÍTICAS PÚBLICAS. São Luís, ago. 2007. Disponível em:    http://www.joinpp.ufma.br/jornadas/joinppIII/html/Trabalhos/EixoTematicoD/76b6e5093718cec24873SEPHORA%20SOUZA_TARC%C3%8DLIA%20LOPES_FABIANNE%20SANTOS.pdf. Acesso em: 10 ago.2016
sites pesquisados
http://educador.brasilescola.uol.com.br/estrategias-ensino/lei-10639-03-ensino-historia-cultura-afro-brasileira-africana.htm

domingo, 13 de agosto de 2017

O blog “Construindo História” e sua relação com a História do Maranhão



O Blog como ferramenta de ensino aprendizagem virtual


A sociedade no século XXI tem vivenciado grande avanço das Tecnologias da informação e comunicação (TICs), visto que as crianças e os jovens são os mais fascinados por essa tecnologia, pois sabem operar computadores melhor do que muitos adultos. Assim, observamos que estamos rodeados de tecnologias e seus usos e recursos tecnológicos devem servir como uma ferramenta que venha nos ajudar a resolver as questões do cotidiano, potencializando possibilidades de comunicação e informação e alterando as relações entre as pessoas.
Assim, é necessário que haja uma educação relacionada com a cidadania e intermediada por tecnologias. As pessoas agem a partir de trocas culturais, modificam a si mesmas, aos outros e a natureza, interagem o tempo todo.
A utilização dos meios tecnológicos na escola tem um papel significativo no processo ensino-aprendizagem, ajudando a criar ambientes descentralizados, tornando o aluno construtor de conhecimento. A Internet possibilita que sejamos não apenas expectadores, mas doravante autores. Essa forma inovadora de comunicação interliga milhões de pessoas de forma instantânea e possibilita a troca de informações, de forma rápida e conveniente.
Prennsky (2001), escritor estadunidense e pesquisador da educação, cria os termos “nativos digitais” e “imigrantes digitais” para apreender a relação entre jovens e adultos a partir do surgimento da internet. Nativos digitais são aquelas pessoas que já nasceram imersas nas novas tecnologias e que possuem bastante fluência na linguagem digital, seja no uso do computador, da internet, e das mídias digitais; já os imigrantes digitais são aquelas pessoas que estão aprendendo a lidar com essas ferramentas virtuais, como os professores em sua maioria. São esses sujeitos que podemos presenciar na escola.
As novas tecnologias e uso da internet no contexto escolar permite trazer os conteúdos de forma mais ágil e devolvê-los de novo ao cotidiano, possibilitando a interação entre alunos e professores.
Sendo assim, os blogs surgem no campo educativo como uma ferramenta pedagógica virtual, promovendo grupos de discussões interativos, em que o diálogo é apresentado por meio de hipertexto, diários de bordo, portfólios, dentre outras possibilidades, de acordo com a temática.
No campo escolar, pensado aqui como espaço de valorização da diversidade cultural e das novas linguagens, a internet é um recurso pedagógico primordial, direcionado principalmente a pesquisa, mas também ferramenta de construção de conhecimento, quando empregada com a finalidade de trocar informações eletrônicas por meio de chats, blogs, fóruns de discussões, Messenger, e-mails, Facebook, ou seja, pode proporcionar ao aluno certa autonomia em relação ao conhecimento que constrói, e também divulga.
Segundo Tajra (2000, p. 48):

[...] apesar de estar em grande expansão na área empresarial, a maior parte dos serviços da Internet estão voltados para a área educacional, pois é um excelente canal de comunicação acessível, veloz e que traz muitos benefícios para a educação, tanto para o professor como para o aluno, pela facilidade das pesquisas e pela possibilidade de troca de experiência entre os mesmos.
A construção do blog Construindo HST nasceu particularmente da necessidade de relacionar o “mundo” vivenciado pelo aluno, a sociedade da informação, e o ensino de História. Uma vez que, na sociedade da informação, faz-se imprescindível o desenvolvimento de habilidades e competências para com as tecnologias da informação e comunicação, não apenas para a prática social, mas doravante para o mundo do trabalho.
O planejamento para o desenvolvimento dessa prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos os alunos do 2º ano do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, da turma 202 e ocorreu da seguinte maneira, e com os seguintes tópicos: conteúdo, metodologia, recurso e avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado ao 2º ano do ensino médio, foi: “A chegada dos portugueses em terras ameríndias”, e teve os seguintes objetivos: Analisar a chegada e as dificuldades dos lusitanos em terras ameríndias; relacionar e comparar as diferenças sociais, políticas, econômicas e religiosas entre as sociedades ameríndias e as sociedades europeias; e identificar e analisar modos de vida dos ameríndios. Uma das formas para avaliar o cumprimento de tais objetivos foi à análise dos comentários postados pelos alunos no blog.
Feito o planejamento, apresentei em sala de aula o blog, sendo que de forma ingênua ou querendo que os alunos fizessem parte também da administração do blog, acabei divulgando a senha de acesso ao mesmo, o que posteriormente me resultou em um primeiro contato com o crime virtual, ainda não muito conhecido à época, 2011. Essa experiência nada agradável suscitou uma reflexão sobre a prática como professora e, claro, também compõe o universo das experiências pedagógicas.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica, outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar, e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola, que tinha wi-fi livre, ou em casa.
Muitos alunos desconheciam essa ferramenta pedagógica, outros já eram nativos digitais. O ano era 2011, 1º primeiro bimestre escolar, e poucos tinham computador ou celular com acesso à internet, ou sabiam manusear o blog. Diante dessa situação, organizei e entreguei aos alunos cópias impressas da carta de Pero Vaz de Caminha, para que, em dupla, pudessem analisá-la e, posteriormente, postar os comentários no próprio blog, na escola, que tinha wi-fi livre, ou em casa.
A carta de Pero Vaz de Caminha rendeu muitos comentários postados, revelando que aquele aluno que pouco participa em sala de aula, por motivos pessoais, como vergonha, ou uma cultura de ser apenas receptor de informação, pode se colocar como protagonista, dentro do ambiente virtual.
O importante é que o aluno e professor sejam estimulados a fazer parte de um espaço virtual de referência, que disponibilize o que é feito em sala de aula, equilibrando o melhor do presencial em sala de aula e o melhor do espaço virtual, gerenciando a aula, integrando o que é feito pelos alunos quando estão juntos e fazendo que o processo de aprendizagem continue quando eles não estão mais juntos, pois a internet auxilia, mas sozinha não dá conta da complexidade do aprender hoje, ou seja, do estudo em grupo, da leitura, do estudo em campo com experiências reais..., sem contar, é claro, o papel do professor. Sendo assim deixei em aberto a possibilidade de interação no blog poderiam postar os comentários de forma individual ou com seus pares.
Segundo Schmidt e Cainelli (2004), uma nova concepção de documento histórico implica a desconstrução de determinadas imagens canonizadas a respeito do passado, ajudando a tirar o aluno de sua passividade e reduzindo a distância de sua experiência e de seu mundo em relação a outros mundos e outras experiências descritas no discurso didático.
A luz desse documento, alguns alunos postaram que:
Em 1500, numa expedição liderada por Pedro Álvares Cabral os portugueses chegaram ao Brasil e logo se depararam com um povo de características diferentes das suas, que equivocadamente os denominaram índios, por apresentarem características semelhantes à população da Índia. (GLEYSON; TURMA 202/MAT., 2011). (Postagem 01).
Percebemos nessa postagem que houve uma atividade relacional, envolvendo o conteúdo curricular com o saber histórico. Propunha-se uma análise sobre a situação abordada pelo documento, relacionando-a com os personagens e sujeitos históricos representados: o objetivo era a construção de uma critica pelo próprio aluno e a sua aproximação com os contextos históricos abordados.
Os PCNs salientam que o aluno deve criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção, possibilidades potenciais do documento em questão. (BRASIL, 1999).
Cabe observar que a utilização do documento histórico em sala de aula, e o documento virtual, não “substitui” o professor, que tem papel mediador nesse processo de construção do conhecimento.
Outro comentário postado foi:
Pero Vaz de Caminha foi um escrivão responsável pela descrição do “achado” em terras brasileiras por meio de uma carta ai réu Dom Manuel. Em uma de suas colocações ele ressalva o estranho modo de nudez apresentado pelo povo apenas acompanhado por uma extraordinária pintura, além do interesse em troca seus arcos e setas por carapuças e outras coisas lhes dadas (Postagem 02. INGRID NAZÁRIO; TURMA 202/MAT., 2011).
Nesse contexto, nos PCNs pode-se ler que:
O ensino de História, em consonância com a diversidade cultural e o uso das novas linguagens, deve situar as diversas produções da cultura – as linguagens, as artes, a filosofia, a religião, as ciências, as tecnologias e outras manifestações sociais – nos contextos históricos de sua constituição e significação. (BRASIL, 1999, p. 75).
Percebemos na análise postada pela aluna que há certa ironia na palavra “achado”, o que remete à ideia de que quando aqui os portugueses desembarcaram já existia um grupo social, com suas características culturais, religiosas, econômicas..., e que houve um encontro de culturas distintas e, em decorrência, certo estranhamento em relação ao “outro”.
Outra postagem evidencia as relações sexuais entre portugueses e nativos, tratadas de forma irônica, mas que transparece certa compreensão do documento:
Em síntese Pero Vaz de Caminha não só percebe a fácil interação indígena com os desconhecidos, mas também a inocência que o povo tinha em mostrar o corpo descoberto como se fosse o próprio rosto. Ele só não disse se eles pegavam as indígenas... ha há ha, com certeza! (Postagem 03. TAYRO BARBOSA, TURMA 202/MAT., 2011).
Dessa maneira, para os PCNs:
Na história, vista com um processo, os acontecimentos sociais são resultantes de um conjunto de ações humanas interligadas, de duração variável, sucessivas e simultâneas, em vários espaços do convívio social, motivadas por desejos ou necessidades de mudança ou de resistência, pela busca de soluções de problemas, por disputas e confrontos entre agrupamentos de indivíduos, o que gera tensões, conflitos e rupturas e delineia os movimentos da transformação histórica. (BRASIL, 1999, p. 70).
Ou seja, percebem-se nessas postagens/ comentários postados que o aluno observou, no contexto da carta, as entrelinhas de um contato ingênuo dos nativos com os portugueses, e sua possível dominação, e que essa aproximação resultou em possíveis relações sexuais posteriores.
Dessa forma, o blog Construindo HST, ancorado no ensino de História e nas novas linguagens, possibilitou a atuação do aluno como sujeito histórico, proporcionando competências e valores necessários para fazer história, utilizando o conhecimento como mecanismo de intervenção social, proporcionando habilidades como pesquisar, compreender textos, ter autonomia digital e visão crítica.
O uso de documentos, associado à história local, proporciona ao aluno a sua inserção na comunidade da qual faz parte, criando sua própria historicidade e identidade, em uma articulação entre história local, nacional e universal.
Dessa forma, a partir do 2º segundo bimestre de 2011, utilizamos outro documento, gênero carta, como material didático para o blog. Trata-se da carta remetida por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, bem como de todas suas colônias, no período histórico conhecido como União Ibérica (1580-1640) ao governador do Brasil, Gaspar de Sousa, ano de 1612-1615[1].
O planejamento para o desenvolvimento dessa prática pedagógica em sala de aula teve como sujeitos os alunos do 2º ano, turma 202, do ensino médio do Centro de Ensino Liceu Maranhense, e ocorreu da seguinte maneira, e com os seguintes tópicos: conteúdo, metodologia, recurso e avaliação. O conteúdo ministrado, direcionado ao 2º ano do ensino médio, foram: As mudanças territoriais e administrativas do Brasil século XV-XVII, a União Ibérica (1580-1640) e sua relação com as invasões francesas no Maranhão durante o período colonial e A Batalha de Guaxenduba no MA (1615).
A metodologia desenvolvida com os alunos foi a de trabalhar o conteúdo primeiramente sobre a União Ibérica (1580-1640) identificando as mudanças territoriais e administrativas na América portuguesa e no Maranhão durante o período colonial; relacionando a União Ibérica com as invasões francesas no Maranhão e compreendendo a Batalha de Guaxenduba, travada no Maranhão em 1615, entre portugueses e franceses, posteriormente a intervenção em sala de aula, e por fim as postagens feitas na própria escola para quem tinha celular ou em casa para os que tinham computador, a atividade em pares segue a teoria de Vygotsky (1984) que aponta que o par mais experiente exerce um importante papel no desenvolvimento na aprendizagem auxiliando na resolução de problemas que a criança ou adolescente não consegue, de forma autônoma, solucionar.
O recurso utilizado foi à carta remetida por Dom Felipe III, rei da Espanha, e de Portugal, impressa e distribuída aos alunos em dupla, e também o livro didático adotado na escola, que trazia o conteúdo sobre a União Ibérica (1580-1640), mas sem nenhuma relação com a História do Maranhão nesse período abordado.
A avaliação dessa atividade foi feita a partir dos comentários postados e acessos feitos ao blog, sendo que no blog estava postado todo o material trabalhado em sala de aula.
Para identificar se os objetivos dessa prática pedagógica foram alcançados analisei os comentários postados no blog, como por exemplo:
Construindo a História disse... Nesse texto do Rei Felipe III ao Governador geral do Brasil D. Gaspar de Souza, relata a expulsão dos Franceses no Maranhão em 1615, e a inserção que há do Brasil – Colônia na União Ibérica em 1580-1640. Nesta carta, o Rei da Espanha manda ordens de expedições irem as Terras do Maranhão para a expulsão dos franceses dessas terras; e também para ganhar a confiança dos nativos dessa região, tudo isso visando o poder e o fortalecimento da região. O objetivo era tentar ganhar a amizade dos índios e conquistar a confiança do líder português, para se beneficiarem (Postagem 1-ISADORA PASSOS; SAFIRA SOUSA; INGRID ISABELA, TURMA 202. MATUTINO).
Nessa postagem podemos identificar que as alunas fazem uma análise da carta a partir do contexto local, quando há a iniciativa por parte da coroa espanhola de realizar amizade com os nativos locais a fim de fortalecer o poderio territorial na região, no contexto da expulsão dos franceses do Maranhão.
Os PCNs História, em suas competências e habilidades, representação e comunicação, apontam para as seguintes recomendações:
Criticar, analisar e interpretar fontes documentais de natureza diversa, reconhecendo o papel das diferentes linguagens, dos diferentes agentes sociais e dos diferentes contextos envolvidos em sua produção e produzir textos analíticos e interpretativos sobre os processos históricos, a partir das categorias e procedimentos próprios do discurso historiográfico. (BRASIL, 1999, p. 28).
Assim relacionando a história local com a nacional de forma crítica os alunos puderam perceber de forma indireta a construção da Educação Histórica, quando explora a fonte (escrita e oral) articulada à teoria, à Consciência Histórica.

A carta do Rei da Espanha conta o período em que no Maranhão, chegaram expedições, com Jerônimo de Albuquerque e vários outros homens com o intuito de expulsar os franceses, que haviam invadido essas terras e se instalados por cerca de três anos. Mesmo os franceses tendo ao seu lado índios e soldados armados, não conseguiram impedir que o objetivo das expedições fosse concretizado, portanto foram expulsos. Após a retirada dos franceses, os que participavam da expedição tentaram amizade e confiança dos índios e do líder português, visando, adquirir poder a essa região, e assim beneficiando-se. (Postagem 2 - AMANDA DRUMONT; CARLOS VERAS; MATHEWS CHAGAS; RODRIGO COSTA, TURMA 202. MATUTINO).
A relação da carta de origem espanhola narrando um conflito local demonstra que houve uma relação critica construída pelos alunos e com propriedade proporcionando meios que estabelecem a relação do seu tempo com outros espaços, ampliando a noção de História local.
O uso do blog permitiu essa relação com uma grande familiaridade (por parte de alguns alunos) e isso tem incomodado os professores que ainda não conseguiram descentrar-se da sala de aula tradicional. Assim como é difícil para os alunos viver situações escolares que julgam chatas e sem sentido, como a aula expositiva, os professores também têm dificuldades em alterar o que tradicionalmente é praticado no contexto educacional: o professor ensina e o aluno aprende.
Sendo assim, os PCNs História revelam que:
Metodologias diversas foram sendo introduzidas, redefinindo o papel da documentação. À objetividade do documento – aquele que fala por si mesmo – se contrapôs sua subjetividade – produto construído e pertencente a uma determinada história. Os documentos deixaram de ser considerados apenas o alicerce da construção histórica, sendo eles mesmos entendidos como parte dessa construção em todos seus momentos e articulações. Passou a existir a preocupação em localizar o lugar de onde falam os autores dos documentos, seus interesses, estratégias, intenções e técnicas. (BRASIL, 1999, p. 22).
Assim, entendemos que novas formas de ensinar e aprender no contexto escolar resulta em renovações teórico-metodológicas no âmbito do ensino de História e das novas concepções pedagógicas. O uso escolar do documento, associado ao uso das novas linguagens virtuais, possibilita ao aluno uma atitude ativa na construção do saber e na resolução de problemas de aprendizagem no mundo virtual.
Noutra postagem:
Construindo a História disse... A carta relata, primeiramente, a saída de Jerônimo de Albuquerque e os homens mandados por ele Do Rio Grande até Pereira (primeira barra do MA). Após tal acontecimento, relata-se o choque que houve entre seus homens e os franceses a tréguas das terras do MA. Os franceses, apesar de estarem acompanhados por índios e soldados armados, não foi capaz de vencer a batalha o que o custou a morte de muitos. Na carta, o Rei Felipe III da Espanha cita as descobertas que fizeram após se assentarem em terra firme. Afirmavam a presença dos franceses a mais de três anos em amizade com os nativos e, portanto há o interesse do mesmo, o que ordena o Rei Felipe III. (Postagem 3-AMANDA LARYSSA; JULIANA ROLIM; LARISSA ALVES).
Na postagem acima enfatizamos a relação que os alunos fazem uma vivência experimentada em reflexão, narrando que o Rei Felipe III da Espanha, tem interesse em explorar a terra a partir do interesse e da fixação dos franceses na mesma.
Esse processo relacional com o documento histórico requer, além da conscientização de uma nova realidade, a formação dos alunos considerando novas necessidades culturais, sociais e econômicas. As reflexões acerca do documento operam por meio da relação entre os seus autores e o contexto histórico de produção.
Nesse contexto, os PCNs História afirmam que:
Na transposição do conhecimento histórico para o nível médio, é de fundamental importância o desenvolvimento de competências ligadas à leitura, análise, contextualização e interpretação das diversas fontes e testemunhos das épocas passadas – e também do presente. Nesse exercício, deve-se levar em conta os diferentes agentes sociais envolvidos na produção dos testemunhos, as motivações explícitas ou implícitas nessa produção e a especificidade das diferentes linguagens e suportes através dos quais se expressam. (BRASIL, 1999, p. 22).
Entendemos que nenhum documento fala por si, e que a análise de documentos diversos é parte fundamental no ensino de História. Recorrendo novamente aos PCNs História uma das recomendações pedagógicas é: situar as diversas produções da cultura, as linguagens, as tecnologias, posicionar-se diante de fatos presentes a partir da interpretação de suas relações com o passado. (BRASIL, 1999, p. 28).
Percebemos que a análise dos alunos, do documento, por intermédio do uso do blog, proporcionou um espaço de comunicação, e uma situação relacional, em que expressaram a experiência da sua própria aprendizagem, construindo conhecimento a partir da interação social, com os seus colegas de turma, com o professor e com outros indivíduos. A escrita no blog remete a representação do destinatário, a situacionalidade (acesso direto a fontes de informação), contextualização, interdisciplinaridade, e a intencionalidade do ato comunicativo, bem como a coautoria.
Outra potencialidade do uso das novas linguagens e, consequentemente, do blog, está na familiaridade dos alunos com a rede mundial de computadores e seu vocabulário, como: navegação, endereço na internet, site, blog, postar, comentário, pesquisar, editar, blog, login, e-mail, post, link, etc.
Dessa forma, com a utilização de documentos, dentro do ambiente escolar, foi possível coadunar a realidade vivenciada pelos alunos, pautada em uma sociedade da informação, com o ensino de História. Tomando como exemplo essa experiência pedagógica, a partir da utilização de fontes primárias de pesquisa, e do blog, fonte virtual, como instrumento e objeto de comunicação e coautoria, e do professor, aqui no papel de mediador, organizando, intervindo e orientando os alunos, de forma que foi possível desenvolver novos níveis de conceitualização sobre a disciplina História, visto que a História como disciplina também deve acompanhar os avanços tecnológicos.
Em síntese, temos no uso de um blog pedagógico a possibilidade de mediação no processo ensino-aprendizagem, haja vista seu caráter comunicacional, relacional, sendo uma ferramenta pedagógica virtual, que contribui no aspecto da produção textual, sobretudo, pelo favorecimento da autonomia digital.
Segundo esse entendimento, está presente a percepção do papel do professor para além da responsabilidade pela organização e emissão de conceitos prontos e acabados, vazios de significados.
Pois, segundo Moran (2008, p. 109-228):
Ensinar e aprender exige hoje, mas flexibilidade espaço-temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdo fixos e processos mais abertos de pesquisa e comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados. Temos informações demais e dificuldade em escolher quais são significativas para nos e conseguir integrá-la dentro da nossa mente e da nossa vida. A aquisição da informação, dos dados, dependera cada vez menos do professor as tecnologias podem trazer dados, imagens, resumos de forma rápida e atraente. O papel do professor- o papel principal- é ajudar o aluno a interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
Fica claro que os processos de ensino aprendizagem hoje estão fortemente marcados pelo uso das TICs. O uso do blog pedagógico pode incentivar a construção de conhecimento no início do século XXI. A internet, no contexto educacional, tem servido como uma ferramenta de aprendizagem por meio da facilitação da procura de fontes de informações no mundo exterior, colocando-os no contexto da vida real, pois os hábitos do mundo de hoje mudaram e os alunos modificaram suas rotinas diárias, comunicando-se sem barreiras, muitas vezes preferindo as mensagens virtuais e não mais o espaço físico da sala de aula.
Assim, o ensino de História para a diversidade cultural e as novas linguagens é um processo em construção, pois experimenta diferentes momentos no que se refere aos conteúdos a serem ensinados, as finalidades de seu ensino e aos métodos que devem ser empregados, no caminho de uma educação histórica que produza conhecimentos de forma presencial ou virtual, no processo de fazer, de construir a História.
As tecnologias da informação e comunicação proporcionam ao aluno possibilidades habituais de seu uso, através da construção de um texto, do ato de pesquisar, relacionar informações e conhecer culturas diversas, dentre outras possibilidades. No entanto, cabe ao professor mediar o mesmo em suas pesquisas, envolvendo o conteúdo da sua disciplina, pois, os nossos alunos, nasceram dentro desse ambiente virtual e tecnológico, e tendo muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, o professor passa a ser o mediador da construção de conhecimento diante de tal ferramenta.
O professor deve ter uma constante reflexão sobre sua prática, sendo conforme Pimenta (1999) um professor crítico e reflexivo, assim através de minha reflexão sobre a experiência de ter passado a senha de acesso do blog aos alunos do 2º ano do Centro de Ensino Liceu Maranhense, durante o período de férias com o objetivo dos mesmos também contribuírem com postagens de textos e vídeos, sobre São Luís, (atividade em anexo), o resultado foi uma imagem pornográfica na pagina inicial do mesmo, o que acarretou a remoção do blog do ambiente virtual e constrangimento diante dos alunos e escola e durante um tempo um afastamento das práticas pedagógicas virtuais.
Essa experiência me fez refletir sobre os caminhos que as novas linguagens virtuais podem levar não apenas professores, mas também alunos à incerteza, ou ao crime virtual sem nenhuma noção sobre suas consequências e malefícios, sendo de suma importância um mediador, pois, os nossos alunos, nasceram nesse ambiente virtual e tecnológico, tendo muitas vezes mais facilidade técnica do que nós, mas não a responsabilidade efetiva e critica assim o professor passa a ser o mediador da construção de conhecimento diante de tal ferramenta.
Pensando nessa configuração é que nos propomos a alocar essas práticas pedagógicas em um blog pedagógico com o objetivo de tornar mais próximo essa realidade virtual dos professores.




[1] Ver: Mariz; Provençal (2007, p. 203-207).

O Projeto Quilombo: uma forma de resistência negra

O Projeto Quilombo foi pensado em 2014 por três professoras do Liceu Maranhense, sendo duas professoras da disciplina História, a profess...