1 INTRODUÇÃO
A fotografia, além de ser o registro dos locais, fatos e pessoas que
nos é importante, nos leva a lugares que ainda não visitamos, pode também ser
considerada como uma fonte importante de dados, fatos e informações que se
soubermos explorar corretamente a transforma em um poderoso recurso didático (TURAZZI,
2005).
A fotografia, invenção
burguesa do século XIX, segundo Sontag (1996) possibilitou no campo da educação
a ampliação no cotidiano da sala de aula, o processo de comunicação proveniente
da utilização da imagem fotográfica como material de apoio didático, podendo
viabilizar uma prática educacional mais direcionada à formação de cidadãos
críticos, desde que, forneça suporte para que a aprendizagem seja realmente
efetivada, procurando um lugar onde seja possível a comunicação do indivíduo
com seus pares, possibilitando troca de conhecimentos, informações e novas
descobertas.
Para Martins (2008) na
sociedade da informação, vivemos um consumo excessivo de imagens, onde o
fundamental é saber interpretá-las, ou ressignificá-la de modo que, o indivíduo
seja capaz de desvendar seus vários sentidos. Assim, diante da necessidade de
uma quebra de paradigma educativo, o uso da fotografia através do projeto “A fotografia e a materialização da
memória escolar” contribuiu para o rompimento de uma aprendizagem
fragmentada, em que a fotografia tem se mostrado uma importante ferramenta no
trabalho interdisciplinar resultando no olhar que analisa a cultura escolar
possibilitando a materialização de uma memória a ser preservada como fonte de
informação para a pesquisa histórica.
Para Mignot (2003) a fotografia conta histórias, revela o ambiente, fala
sobre as pessoas e contribui para fixar a lembrança, evitar o esquecimento,
garantindo um lugar na posteridade. A fotografia emoldura o tempo e organiza
experiências passadas acusando a passagem vertiginosa da vida.
O que se percebe é que ao
longo do século XX, a fotografia enquanto documento visual adquire um espaço no
trabalho do historiador passando a ser utilizada como fonte de pesquisa
histórica relacionada à preocupação de se estudar as diversas dimensões da vida
social.
A fotografia, segundo Sontag (1986) passou a
ser o registro por fiel que, por meios gestos captados a imagem deixa indícios
de modos de fazer, de viver e de pensar dos homens com suas gravuras, mapas,
gráficos, pinturas, lembranças, utensílios, ferramentas, festas, cerimônias, rituais,
intervenções na paisagem, edificações etc. As fontes iconográficas passaram a ter
variados sentidos literário, poético e jornalístico, etc.
Assim, a fotografia se
liberada de seu compromisso de registro, do vínculo com a realidade histórica hegemônica
localizada no tempo passado, nesse momento ela é capaz de permitir narrar novas
histórias, construir outras identidades, revelar outros passados, fundar uma
memória. (PEIXOTO, 1998).
O uso da fotografia no
projeto “A fotografia e a
materialização da memória escolar” não se pretendeu apoiar meramente a
exposição de fotografias (imagens) no ambiente escolar, apenas com o objetivo
de reforçar os textos do material oferecido aos alunos como comumente vemos nos
livros didáticos. De acordo com Bittencourt (1997) ela é mais do que isso,
torna-se um desafio para a aprendizagem, local de descobertas coletivas, num
ambiente motivador e inovador em que a participação de cada um seja
incentivadora para a construção de conhecimento coletivo, na medida em que está
evidente a dificuldade de leitura contextualizada partindo da sua própria
compreensão, dos seus próprios questionamentos, evocando com isso uma leitura
crítica da realidade.
O papel do professor no
ambiente de sala de aula passa a ser o de mediador e instigador para que o
aluno construa seu conhecimento a partir da pesquisa, e essa habilidade depende
de práticas pedagógicas inovadoras e dentre estas destacamos o uso da
fotografia e, onde se pôde através do projeto “A fotografia e a materialização da memória escolar” analisar
o passado e presente através dessa ferramenta que no contexto atual é inovadora.
Inovadora no sentido de
que passa a ser utilizada como campo de investigação e não elemento
ilustrativo, com objetivos claros, fornecendo a possibilidade de uma releitura
do mundo real captado na fotografia.
A historiografia das instituições escolares e seus sujeitos escolares
tendo com aporte teórico a Historia Cultural nos direcionam para relatos orais
e memórias esquecidas e não conhecidas, ate então, pois segundo Nunes (2003,
p.15) “as escolas são celeiros de memórias, espaços nos quais se tece parte da
memória social”. Através da fotografia de professores, alunos e comunidade
escolar podemos conhecer a história da sociedade que a gerou, uma vez que a
educação não é um fenômeno neutro e esta diretamente ligada aos ocorridos da
sociedade.
Nesse sentido o projeto “A fotografia e a materialização da
memória escolar” possibilitou a minha pessoa enquanto coordenadora do
projeto criar novos caminhos e novas
alternativas de mediar, aprender e avaliar através desse recurso didático prático
e inovador na sala de aula da escola básica que durante muito tempo somente
utilizou o quadro, o livro didático e a figura do professor como transmissor de
informações.
O professor de História pode ensinar o
aluno a adquirir as ferramentas de trabalho necessárias; o saber-fazer, o
saber-fazer-bem, lançar os germes do histórico. Ele é o responsável por ensinar
o aluno a captar e a valorizar a diversidade dos pontos de vista. Ao professor
cabe ensinar o aluno a levantar problemas e a reintegrá-los num conjunto mais
vasto de outros problemas em problemáticas. (SCHMIDT, 2004, p. 57)
Assim, é que o presente projeto teve por objetivo utilizar a fotografia
como materialização da memória escolar. Dessa forma, as questões que permearam
esse projeto de pesquisa foram pautadas nas seguintes proposições, a partir da
utilização da fotografia: Quais lembranças do cotidiano escolar permeiam a
memória e cultura escolar de alunos e professores? Como essa cultura escolar e
memórias contribuem para a construção e reconstrução da história da educação da
capital do Maranhão? Como alunos e professores percebem as mudanças educativas
no espaço tempo no ambiente escolar através da fotografia?
Nosso projeto esta voltado para o eixo temático sugerido no edital: Educação
museal: atividades de formação cultural e aprendizado que promovam a
identificação, pesquisa, seleção, coleta, preservação, registro, exposição e
divulgação de objetos, expressões culturais materiais e imateriais e de
valorização do meio-ambiente e dos saberes da comunidade, bem como a utilização
de tecnologias educacionais para a interpretação e difusão do patrimônio
cultural.
Acreditamos que o desenvolvimento desta pesquisa no âmbito escolar é de
suma importância pois podemos pensar a pesquisa no processo ensino aprendizagem
como uma mediação de construção de conhecimento,
tornando possível que o estudante compreenda que o saber ensinado é construído,
oportunizando o problematizar relacionado ao conhecimento histórico
escolar.
A implementação de um
processo de inovação nem sempre é vista como mais importante no contexto
escolar, visto que o ensino atual é visto como um processo linear e a
consequência lógica de uma decisão prévia dado que se modifica frente à adoção
de um projeto inovador. No entanto, essa prática vem demonstrando que apesar de
ter fracassos e resistências começa a ser visto como uma ação interativa entre
o artefato, o professor e o aluno, ou seja, um projeto inovador possui
elementos mediadores que nele incidem significativamente.
No ambiente escolar mais
especificamente na sala de aula de História existem dificuldades de ensinar e
dificuldades de aprender porque existe uma tendência de se isolar os
acontecimentos históricos como se cada um deles expressasse uma circunstância
singular, um momento único que surge sem um antes e um depois, solto no espaço
e no tempo e superar essa crença, é ensinar o aluno a observar, pensar,
refletir historicamente compreendendo a disciplina como processo dinâmico.
Uma vez estabelecida essa
premissa que está contida nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998),
na Lei de Diretrizes e Bases (Lei 9394/96) e na Constituição de 1988 quando
orientam para perspectivas inovadoras no ensino da História objetivando a
construção da cidadania, entendemos que o objetivo de práticas pedagógicas
inovadoras, no caso o uso da fotografia é ajudar aos estudantes conhecerem e
respeitarem modos de vida diferentes em diversos tempos e espaços respeitando a
diversidade.
Assim, a importância do
projeto “A fotografia e a
materialização da memória escolar” contribuiu para desenvolver o olhar
critico do aluno, levantando questionamento a cultura escolar e ao mesmo tempo
cria a necessidade de saber olhar atenciosamente o passado no presente
transformando a pratica escolar, ou seja, inovando no interior da escola.
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
ü
Registrar e preservar a cultura escolar através
do uso da fotografia com o objetivo de inventariar memórias do cotidiano
escolar que permeiam sujeitos escolares (alunos, professores e comunidade)
inscrevendo tais registros materiais na história das relações sociais e
educacionais, e em particular na cultura do contexto escolar pesquisado.
2.2 Objetivos específicos
ü Analisar
a contribuição do uso da fotografia como ferramenta pedagógica no processo
ensino aprendizagem e de interação em sala de aula;
ü
Contribuir para a construção e reconstrução da
cultura escolar e da memória da história da educação da capital do Maranhão
ü
Analisar
as mudanças da cultura escolar no espaço tempo no ambiente escolar através da
fotografia
ü Destacar
os benefícios da interação na construção do conhecimento crítico, individual e
coletivo de aprendizagem com o uso da fotografia.
.
3 METODOLOGIA
A abordagem teórica metodológica que será utilizada no presente projeto
será pautada a partir do registro fotográfico, com base teórica na História
Cultural, com o objetivo de apreender o contexto investigado e seus sujeitos
envolvidos. Uma pesquisa de cunho qualitativo com o objetivo de analisar os
registros fotográficos do contexto escolar.
4 RESULTADOS /CONCLUSÃO
A fotografia tem se
mostrado uma importante ferramenta no trabalho interdisciplinar resultando no
olhar que analisa a cultura escolar possibilitando a materialização de uma
memória a ser preservada como fonte de informação para a pesquisa histórica,
pois na sociedade da informação, vivemos um consumo excessivo de imagens, onde
o fundamental é saber interpretá-las, ou ressignificá-la de modo que, o
indivíduo seja capaz de desvendar seus vários sentidos. Assim, diante da
necessidade de uma quebra de paradigma educativo, o uso da fotografia no projeto
“A fotografia e a materialização da memória escolar contribuiu para o
rompimento de uma aprendizagem fragmentada e instrucionista.
Assim, os alunos fizeram
leituras sobre a posição do aluno frente o processo ensino aprendizagem, ao
todo fizeram parte do projeto 39 alunos onde organizamos quatro grupos de
pesquisa e produção fotográfica a partir de temáticas, como: espaço físico/artefatos,
eventos escolares e gênero.
Exemplificando
os artefatos que compõem o contexto escolar como a utilização dos dispositivos
moveis celulares, espaço físico; a
reorganização e disposição das carteiras em sala de aula, a função da
biblioteca enquanto espaço em movimento,
gênero; os professores e suas metodologias, as relações de gênero na escola, os
eventos; como a eleição do grêmio escolar, os uniformes, carteiras, se
liberadas de seu compromisso de registro, do vínculo com a realidade histórica
hegemônica localizada no tempo passado, nesse momento o aluno(a) é capaz de
permitir narrar novas histórias, construir outras identidades, revelar outros
passados, fundar uma memória.
Durante o período de três (3) meses (janeiro, fevereiro e março de 2018) foi feita a revisão bibliográfica
leitura e fichamento dos
textos bases sobre fotografia, memória e a educação escolar maranhense e
brasileira, no quarto e quinto mês (abril e maio de 2018) foi feito o registro fotográfico do contexto escolar(alunos,
professores e comunidade) e a leitura
das fotografias com uma parte textual e no mês de junho de 2018 o
resultado/culminância com exposição das fotografias dos alunos.
O uso da fotografia no
projeto “a footgrafia e amaterialização da memoria escolar” não se pretendeu
apoiar meramente a exposição de fotografias (imagens) no ambiente escolar,
apenas com o objetivo de reforçar os textos do material oferecido aos alunos
como comumente vemos nos livros didáticos. De acordo com Bittencourt (1997) ela
é mais do que isso, torna-se um desafio para a aprendizagem, local de
descobertas coletivas, num ambiente motivador e inovador em que a participação
de cada um seja incentivadora para a construção de conhecimento coletivo, na
medida em que está evidente a dificuldade de leitura contextualizada partindo
da sua própria compreensão, dos seus próprios questionamentos, evocando com
isso uma leitura crítica da realidade, enfatizando a contribuição do trabalho
para o avanço da pesquisa sobre a história da educação maranhense e brasileira e
para o desenvolvimento do Maranhão
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