AS TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E EDUCACIONAIS DIANTE DOS AVANÇOS TECNOLÓGICOS
A
modernidade, influenciada pela Revolução Industrial, trouxe mudanças a nível
econômico capazes de modificar o lócus de trabalho da família do campo para a
cidade, a urbanização e a industrialização da sociedade, então em processo,
impossibilitaram a preservação do tipo de vida e rural. As máquinas,
desenvolvidas através do processo industrial trouxeram ao meio social mudanças
significativas nas suas relações de produção, daí a necessidade da divisão do trabalho.
(TOFFLER, 1997).
A
urbanização acelerada em consonância com o capitalismo industrial cria
expectativas com relação à instituição escolar, que necessitava formar um homem
domesticado não mais com o tempo atemporal, mais com um tempo ordenado capaz de
direcionar o homem fabril para suas funções industriais.
A
escola pública foi então, construída para desempenhar e cumprir tal função,
direcionada a facilitar a adaptação das novas gerações aos anseios da sociedade
industrial.
De
acordo com Sacristán (2000) foi dessa forma que a criança na sociedade
industrial desenvolveu seu processo de aprendizagem, oprimida em torno de um
processo de ensino-aprendizagem industrial.
Desta forma, a escola procura atender as necessidades que
emergem com o aparecimento de fábricas, e como afirma Fino (2007, p. xx) “[...] condicionada pela aquisição de um conjunto
de atitudes e de valores de interesse inestimável.” Dessa forma, a escola, que
era controlada pelo Estado, por meio de normas rígidas, procurava reproduzir o
que acontecia nas fábricas.
O modelo de ensino, com vista a uma “educação fabril” teve
como objetivo a exigência nos resultados e a busca da eficácia. Sendo assim,
este modelo de ensino destinava-se a criação de excelentes “serviçais” para
trabalharem nas fábricas e a tornar a sociedade obediente e capaz de responder
aos anseios da Revolução Industrial. (TOFFLER, 1997).
Atualmente vivenciamos uma Revolução Tecnológica na área da
comunicação, difundida principalmente pelo uso do computador, que teve início
através de um Projeto Militar durante a Guerra Fria, difundindo-se por quase
todo mundo nos anos 90 e ganhando uma repercussão planetária jamais vista na
sociedade contemporânea.
Conforme afirma Dellors (2000), essa difusão operou uma
revolução profunda no mundo da comunicação, caracterizada, em particular, pelo
aparecimento de dispositivos multimídia e por uma ampliação extraordinária das
redes telemáticas.
Essa Revolução Tecnológica constitui, evidentemente, um
elemento essencial para a compreensão da nossa modernidade, na medida em que
cria novas formas de socialização e, até mesmo, novas definições de como
ensinar e aprender no âmbito escolar.
A evolução da ciência e da tecnologia em geral, e
especialmente a da comunicação, segundo Grinspun (1999) tem estimulado e ao
mesmo tempo, causado um processo de transformação amplo na sociedade. A
televisão, o computador, o cinema, por exemplo, influenciaram significantemente
no contexto social, inclusive familiar, nas relações afetivas, e na maneira
como as pessoas se vestem provocando mudanças de hábitos e comportamentos,
condicionando gostos, preferências e sensações.
Para Libâneo (2008) a escola de hoje
precisa formar indivíduos capazes de pensar e de aprender permanentemente
(formação permanente) em um contexto de avanço de tecnologias de produção, de
modificação da organização do trabalho, das relações contratuais entre capital-trabalho
e dos tipos de emprego. Não apenas conviver com outras modalidades de educação
não formal, informal e profissional, mas também articular-se e integrar a elas,
a fim de formar cidadãos mais preparados e qualificados para um nova sociedade.
Portanto, criar ambientes educativos, construir o
conhecimento em conjunto com o aluno como forma de romper com os paradigmas da
sociedade industrial e criar mecanismos que favoreça uma compreensão da escola
como entidade sociocultural, faz-se necessário nessa nova sociedade da
informação.
Segundo Santomé (1998) torna-se cada vez
mais evidente o fato de que a Revolução Tecnológica esta favorecendo o
surgimento de uma nova sociedade, marcada pela técnica, pela informação e pelo
conhecimento.
Conseqüentemente, no âmbito dos sistemas
de ensino e das escolas, procura-se reproduzir a lógica da competição e as
regras do mercado, com a formação de um mercado educacional baseado nos
resultados da produtividade.
Nesse sentido, a organização escolar deve ser capaz de
proporcionar aos educando a aprendizagem dos conteúdos construídos pela
sociedade, dando-lhe condições para a criação, construção do conhecimento e
para o desenvolvimento de suas potencialidades. Dessa forma não se pode pensar em mudanças educacionais ou mesmo na
escola, se não tivermos em mente todas as questões envolvidas com esse processo,
como o novo papel do aluno e do professor.
Segundo Carneiro (1998, p. 9):
Na perspectiva da
construção do saber, da idéia estanque de conteúdo aprendido, evoluiu-se para a
noção de capacidade para a inovação. Em decorrência, a educação era instada a
buscar novos paradigmas capazes de preparar trabalhadores com alta
qualificação, íntimos de tecnologias nascentes. Aprender a lição passou a ser
pensar, criar, imaginar e, não, memorizar apenas.
Portanto, evidencia-se a necessidade de
instaurar uma educação pautada em uma perspectiva inovadora contribuindo para a
construção de um cidadão que participe ativamente da sociedade da informação e
não apenas um homem para o mercado de trabalho. Para tanto, é preciso que a
escola possibilite que os alunos tenham acesso as Novas Tecnologias da
Informação e Comunicação das mais simples as mais sofisticadas, tornando viável
o desenvolvimento e a construção de suas ações com todos esses elementos.
Segundo Valente (1999) são consideradas NTIC,
entre outras:
a)
os computadores pessoais (PCs, personal computers),
as câmeras de vídeo e foto para
computador ou webcams ,a gravação doméstica de CDs e DVDs;
b)
os diversos suportes para guardar e portar dados como os
disquetes
(com os tamanhos mais variados), discos rígidos ou hds, cartões de memória, pendrives,
zipdrives
e assemelhados;
c)
a telefonia móvel
(telemóveis ou telefones celulares), a TV por assinatura,
TV a cabo, por antena parabólica;
d)
o correio eletrônico (e-mail), as listas de discussão
(mailing lists), a internet;
e)
a world wide web (principal interface gráfica da internet), os websites
e home pages;
f)
os quadros de discussão
(message boards), o streaming (fluxo
contínuo de áudio e vídeo via internet);
g)
o podcasting
(transmissão sob demanda de áudio e vídeo via internet) esta enciclopédia
colaborativa, a wikipedia, possível graças à Internet, à www e à invenção do wiki;
h)
as tecnologias digitais de captação e tratamento de imagens e sons, a captura eletrônica ou
digitalização de imagens (scanners);
i)
a fotografia digital,
o , o cinema digital (da captação à exibição), a tv e
o radio digital, as tecnologias de acesso remoto (sem fio ou wireless),
o Wi-Fi e o Bluetooth.
Entendemos
que o profissional da educação tem neste século uma responsabilidade ímpar, que
é fazer com que cada aluno (cidadão) tenha acesso as informações sobre o mundo.
Com capacidade de compreendê-las e articulá-las visando o bem comum, onde o
papel da escola e do professor não se reduz a mera transmissão de conhecimentos,
mas sim de transformar o aluno em sujeito de sua própria aprendizagem tendo como
mediação a comunicação, o diálogo, à pesquisa, a criatividade e a reflexão.
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