INTRODUÇÃO
O
tema sexualidade está na “ordem do dia” da escola. Presente em diversos espaços
escolares, ultrapassa fronteiras disciplinares e de gênero, permeia conversas
entre meninas e meninos e é assunto a ser abordado na sala de aula pelos
diferentes especialistas da escola.
Porém,
a sexualidade na Educação Básica ainda é vista como algo indesejável, tanto por
parte da própria escola como, sobretudo, da família. Aspectos relevantes que
são tratados nos PCN’s no eixo transversal Orientação Sexual são relegados a
Educação Básica por ausência de formação básica dos profissionais da educação.
É mister salientar que a ausência do desenvolvimento desse tema transversal a
ser trabalhado em sala de aula passa pela falta de compromisso entre os
Gestores educacionais e os docentes, justificando essa afirmativa haja vista
que existe material específico para o desenvolvimento de um trabalho
sistemático sobre sexualidade nas escolas municipais advindos do Governo
Federal.
Uma
pesquisa realizada pela Fundação Oswaldo Cruz entre julho de 1999 e fevereiro
de 2001, mostra que 32,5% das mães que engravidaram na adolescência estudaram,
no máximo, até a quarta série do Ensino Fundamental. A pesquisadora Silvana
Granado, ao se referir sobre o fato de a gravidez entre adolescente ser mais
comum em áreas mais pobres da cidade, afirma: “a falta de instrução, o fato de
muitas meninas não estarem na escola e mesmo a falta de perspectiva de uma vida
melhor contribuem para esse aumento.” (PETRY, 2001apud GRANADO, 2001).
A
criação do tema Transversal Orientação Sexual nos Parâmetros Curriculares
Nacionais é outro indicio da inserção deste assunto no âmbito escolar. Segundo
os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s 1998, p.293),
A
orientação sexual na escola é um dos fatores que contribui para o conhecimento
e a valorização dos direitos sexuais e reprodutivos. Estes dizem respeito à
possibilidade que homens e mulheres tomem decisões sobre sua fertilidade, saúde
reprodutiva e criação dos filhos, tendo acesso às informações e aos recursos
necessários para implementar suas decisões.
A
sexualidade é o que há de mais íntimo nos indivíduos e aquilo que os reúne
globalmente como espécie humana. Está inserida entre ‘as disciplinas do corpo’
e participa da ‘regulação das populações’, sendo um ‘negócio de Estado’ é tema
de interesse público, pois diz respeito à saúde pública, à natalidade, ao
povoamento e à qualidade de vida da sociedade.
O
sexo desempenha papel importante e básico na vida dos seres humanos. As
relações sexuais permitem a reprodução e esta, a perpetuação da espécie. Mas
para o ser humano a atividade sexual não se restringe à reprodução, ela é fonte
de prazer, talvez um dos maiores prazeres da vida humana.
A
sexualidade humana tem sido, ao longo dos tempos, objeto de estudo de vários
pesquisadores, dada a sua complexidade com a própria condição humana, uma
pessoa é capaz de viver a própria sexualidade e o modo pela qual a ela se
ajusta a partir de determinados traços de sua personalidade, interferindo
decisivamente no bom ou mau relacionamento com o seu semelhante. A sexualidade
não é necessariamente prazer sexual, mas uma grande parte da sexualidade diz
respeito às funções sexuais.
Desde
o nascimento o ser humano busca o prazer e essa busca o acompanha por toda a
vida, como exemplo tem a amamentação do recém-nascido que ao mamar está
começando a viver sua sexualidade, embora o ato de mamar não seja prazer
sexual.
Na
adolescência, também surge o prazer sexual, em virtude da produção de hormônios
sexuais, que leva o adolescente ao amadurecimento de determinados valores
morais, de independência e principalmente de escolha da profissão e de seus
parceiros. Tais mudanças são geralmente causas de conflitos entre pais e
filhos, professores e alunos, e é também comum a omissão dos mais velhos na
orientação sexual dos jovens neste momento.
É
nessa perspectiva de formação para uma prática social crítica, que a partir de
nossa experiência profissional como professoras da educação básica envolvida no
processo educativo, que pretendemos discutir e propor novos meios de se tratar
o tema sexualidade na escola.
A
criação do tema Transversal Orientação Sexual permite que a escola contribua
para o conhecimento e valorização dos direitos sexuais e reprodutivos de
futuros homens e mulheres, que tomem decisões sobre sua fertilidade, saúde
reprodutiva e criação de filhos, tendo acesso às informações e aos recursos
necessários para implementar suas decisões. Esse exercício depende da vigência
de políticas públicas que atendam a estes direitos.
A
partir da literatura existente, percebe-se que existe um número considerável de
trabalhos elaborados na perspectiva de subsidiar os educadores quanto a
abordagem da Orientação Sexual na escola. Contudo, observa-se que são poucas as
instituições de ensino que incluem em suas práticas pedagógicas a discussão de
um tema tão importante e necessário como é a sexualidade humana e, quando a
fazem, essa se resume a palestras a cargo de psicólogos e/ou médicos, como se
isso fosse suficiente para esclarecer as dúvidas relacionadas à sexualidade
humana e suas múltiplas expressões.
Estudos
científicos realizados nessa área demonstraram que o trabalho de Orientação
Sexual, ao contrário do que se propaga, não estimula a atividade sexual, não
antecipa a idade do primeiro contato sexual, nem tão pouco aumenta a incidência
de gravidez ou aborto entre os adolescentes. E, sim, as crianças/adolescentes,
que foram orientados sexualmente na escola, tornaram-se mais responsáveis e
conscientes.
A importância de se discutir a sexualidade na
escola cresce a cada dia em parte devido ao aumento do número dos abusos
sexuais, da gravidez precoce, da contaminação das DST/AIDS, principalmente
entre os adolescentes, dentre outras perdas para a vida das
crianças/adolescentes em geral.
O
constrangimento dos pais em tratar do assunto sexualidade aumenta a falta de
informação dos jovens e faz com que a escola torne-se o principal espaço de
orientação sexual.
Nesse
contexto, o presente estudo propõe-se a discutir os objetivos gerais do ensino
fundamental no município de São Luis, a construção do conceito de sexualidade
dentro da infância, os termos Sexo e Sexualidade, historicamente construídos, resgatar
o Histórico da Educação Sexual no Brasil e a importância da Orientação Sexual
no contexto educacional.
Utilizando-se
referencial teórico que concerne à Educação e Orientação Sexual na escola, como
os Parâmetros Curriculares Nacionais e outras fontes secundárias que possam
contribuir para este estudo monográfico.
Com
base nesses pressupostos, este trabalho foi desenvolvido em cinco capítulos: No
primeiro capítulo, faz-se uma análise sobre os objetivos gerais do ensino
fundamental da cidade de São Luis, norteando os direcionamentos às capacidades
e atitudes a serem desenvolvidas nessa etapa escolar. No segundo capítulo aborda-se
a construção do conceito de sexualidade dentro da infância, direcionando para o
estudo da criança enquanto sujeito de direito em direção à conquista de suas
autonomia e senso crítico e criativo.
No
terceiro capítulo discute-se a partir de uma revisão bibliográfica os conceitos
de sexo e sexualidade, educação sexual e orientação sexual.
No
quarto capítulo faz-se um breve histórico da Educação Sexual no Brasil,
mostrando os avanços e retrocessos pelos quais passou essa importante
abordagem, bem como, os caminhos que ela percorreu até ser incorporada como
conteúdo escolar.
No
quinto capítulo, aborda-se a visão dos Parâmetros Curriculares Nacionais sob a
ótica da Orientação Sexual na escola – Unidade Integrada Municipal Cidade
Olímpica, bem como as orientações advindas do Ministério da Educação quanto à postura
do educador frente a esse novo desafio, por fim, as considerações finais, nelas
serão enfocadas as questões que mais se destacaram em nosso estudo. Espera-se
que esta Monografia se constitua em um momento de aprendizado, e quiçá fomente
novos campos de pesquisa, pois, o estudo da sexualidade humana é inesgotável.
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